Opinião ou agressão?
Redação DM
Publicado em 10 de maio de 2016 às 21:34 | Atualizado há 9 anos
São indiscutíveis os benefícios trazidos pela internet na última década para nossa sociedade. Sabe aquela tia que mora do outro lado do mundo e de quem sentimos muita falta? Com o surgimento das redes sociais, nós podemos nos comunicar instantaneamente com qualquer pessoa do planeta, inclusive com ela! Também conseguimos compartilhar nossos pensamentos à vontade. Contudo, vejo, com tristeza, que essa facilidade e “liberdade de expressão” exacerbadas, tão vangloriadas por nós, brasileiros, estão perdendo seu objetivo genuíno inicial e dão cada vez mais espaço para o culto on-line ao ódio e à intolerância.
Algo que me incomoda bastante é a maneira como, utilizando como escudo o discurso da liberdade de expressão, muitos indivíduos divulgam suas opiniões de forma grosseira e intolerante, por vezes ferindo os Direitos Humanos e discriminando parcelas da população. Eles não reparam que é nesse contexto que aparecem o xenofobismo, homofobismo, racismo e tantos outros tipos de preconceitos contra as minorias. O que essas pessoas, infelizmente, não percebem é que, para difundir seus pensamentos, é preciso ter limites e respeitar as diferenças, ou a “opinião”, como são chamados, se torna uma verdadeira agressão moral.
Outro fator que vejo, claramente, agravar a situação é o anonimato das redes. Aqueles que se acham protegidos e incapazes de serem descobertos compartilham, sem escrúpulos, ideias ligadas à cultura do ódio. Quando encontrados, se defendem com o argumento equivocadíssimo de que “a internet é um espaço democrático”. Desse modo, observo que, além de a ética na rede ter sido totalmente desrespeitada, o conceito de “democracia” é mal interpretado. Afinal, um ambiente democrático é um local de debate pacífico de opiniões a respeito de temas polêmicos, não um campo de guerra onde as pessoas se agridem incessantemente de forma cruel para defender ideias mesquinhas.
A meu ver, o papel social das chamadas redes “sociais” está sendo deturpado pelos crescentes, como chama o escritor e filósofo italiano Umberto Eco, “idiotas de aldeia”, e a liberdade de expressão, confundida com a “liberdade de grosseria”. Se eu estivesse elaborando uma redação estilo ENEM neste exato minuto, diria que, para reverter esse quadro, é necessário que o poder público implemente nas escolas aulas voltadas para a educação virtual e cidadania, além de promover campanhas, difundidas pela mídia, que buscam o esclarecimento do que é realmente a liberdade de expressão e a sua forte relação com os Direitos Humanos. Afinal, os pequenos cidadãos brasileiros têm o direito e dever de crescer com a plena consciência dos limites na internet, e os adultos precisam conseguir, o mais rápido e urgente possível, discernir a agressão da opinião.
(Carolina Soares, estudante, 16 anos, nasceu em Goiânia, em dezembro de 1999. Gosta bastante de ler e escrever, já foi repórter mirim de O Popular e, aos 11 anos, ganhou o 3° lugar de um concurso de poesias feito na escola onde estudava. Atualmente está envolvida em um projeto literário que será publicado em breve, e escreve artigos a respeito de suas visões sobre os recentes acontecimentos do país)