Os impostos e os preços
Redação DM
Publicado em 5 de dezembro de 2017 às 21:59 | Atualizado há 7 anos
Estive em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, neste último novembro e, como muitos fazem, aproveitei para abastecer a camionete na vizinha Pedro Juan Caballero, Paraguai, com diesel S-10 a R$ 2,68. Ou seja, um preço inferior aos praticados no Brasil em cerca de um real o litro. O Paraguai não produz petróleo nem dispõe de refinarias. Tem mais: adquire no Brasil, inclusive no polo distribuidor localizado em Senador Canedo, vizinhança de Goiânia, boa parte dos combustíveis comercializados em seus postos. Como isso é possível?
O governo brasileiro, através da Petrobras, justifica os frequentes aumentos dos preços, inclusive do gás de cozinha, produto mais que essencial a todos, como decorrentes de sua nova política de acompanhar as oscilações no mercado internacional. Para a família que vive de salário mínimo, com reajuste anual que neste ano, depois de anunciado sofreu uma redução, este novo aumento de 8% no preço do gás é verdadeiro ato terrorista.
Tem pouco significado o acompanhamento dos preços internacionais se não internacionalizarmos os impostos nacionais. Os brasileiros pagam os mais altos tributos do mundo, se levadas em conta as contrapartidas disponibilizadas pelos governos federal, estaduais e municipais. Se não dispomos de segurança, saúde e educação de qualidade, pagamos, na prática, impostos duplos, na medida em que, os que podem, ainda que com extremo sacrifício, são obrigados a recorrer à segurança, à saúde e à educação privadas.
Então, ao invés de estar cogitando de aumentar ainda mais os impostos, o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, deveria se debruçar num esforço em sentido contrário. Para tanto, convocando a sociedade organizada, os políticos, toda a população para a elaboração de um amplo projeto de corte de gastos. Temos uma máquina pública caríssima. É preciso enxuga-la, simplifica-la, torna-la eficiente.
Só assim será possível reduzir tributos. Não tanto quanto são reduzidos no Paraguai. Basta que sejam diminuidos ao ponto de não precisarmos atravessar a fronteira, indo gerar empregos e lucros na outra rua, ali, a pouquíssimos metros de distância.
(Valterli Guedes, jornalista)