Opinião

Otávio Lage, justa homenagem póstuma

Redação

Publicado em 10 de julho de 2015 às 23:12 | Atualizado há 10 anos

Considerada sua mais relevante obra no setor da saúde pública, o governador Marconi Perillo, com discurso de abertura, inaugurou dia 6 último, nesta Capital, região Noroeste (saída para Inhumas), a 1ª fase do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), com investimento do Tesouro Estadual no montante de R$ 263.603.790,44, ficando o valor total em R$ 168.255.381,42 e equipamentos em R$  95.348.409,02, segundo informações  divulgadas  pela imprensa. Com especialidades em  Traumatologia, Pediatria, Buco Maxilo, Cirurgia Geral e Vascular, Urologia, Ortopedia, Cardiologia, Neurologia e Medicina Intensiva, o Hospital recém-inaugurado com a presença de autoridades federais, estaduais, religiosas, o filho do reverenciado,  Jalles  Fontoura de Siqueira, prefeito de Goianésia, além de segmentos da população, constitui a principal unidade de saúde pública de urgências das regiões Centro-Oeste e Norte do País com projeção nacional. Contando com  apoio financeiro inicial do governo central e promessas de repasses periódicos, segundo o ministro da Saúde, senhor  Arthur Chioro,  presente à cerimônia de entrega da obra, o Hugol será a marca registrada da administração Marconi Perillo na área da saúde estadual, qualificando-o perante a sociedade, como dirigente público de primeira grandeza na constelação dos governantes federativos. Em seu histórico político, Marconi foi deputado estadual, federal, senador e cumpre  seu 4º mandato, o que prova o apoio dos goianos e não goianos à sua gestão  pública.

O preâmbulo vem a propósito da justa homenagem póstuma que o governador Marconi Perillo prestou ao saudoso, realizador e honrado  ex-governador Otávio Lage de Siqueira, outorgando seu nome ao monumental empreendimento da saúde pública na capital de seu eminente fundador Pedro Ludovico Teixeira. Tivemos a honra de ser amigo de Otávio Lage de Siqueira, que  governou o  Estado de Goiás no período de  5 anos, ou melhor, de  31 de janeiro de 1966 a 15 de março de 1971, deixando um relevante legado de obras nos diversos setores da atividade pública. Fazendo um governo municipalista, ou seja, da “periferia para o centro”, como ele  fazia questão de proclamar, as prioridades administrativas do operoso  chefe do Executivo goiano foram a saúde pública: o atual Centro Materno-Infantil de Goiânia foi iniciado em sua gestão; a construção de educandários como os colégios Dom Abel, Bandeirante, Castelo  Branco, Chateaubriand, José Carlos de Almeida (antigo Brasil Central), pavimentação de rodovias, saneamento básico, campo  energético com  a conclusão da 2ª etapa de Cachoeira Dourada e extensão da rede distribuidora para um sem-número de municípios goianos, além de fomentar a agropecuária em Goiânia e demais municípios.

Ainda sobre a saúde pública, o então governador Otávio Lage reformou os hospitais de Araguaína e Miracema do Norte, além de promover inovações em  escolas de Porto Nacional, as três cidades integrando atualmente o Estado do Tocantins. A convite do então chefe do Executivo goiano, fizemos parte de sua comitiva em julho de 1968, compondo-a também o ex-secretário estadual da Saúde e  ex-prefeito de Goiânia, médico Hélio Seixo de Brito; médico Dione Costa, então dirigente da Organização de Saúde do Estado de Goiás (Osego); professor de Direito Penal da UFG, Romeu Pires de Campos Barros; e o colega Hélio Couto, dos quadros da Folha de Goiaz. No decorrer da viagem e na cidade de Porto Nacional, o governador Otávio Lage, ao inaugurar as obras de ampliação do Grupo Escolar D. Pedro II, nos convidou para desatar a fita de acesso ao educandário sob as vistas dos ilustres componentes da comitiva e também de olhares de menores-alunos do referido Grupo Escolar reaberto. No decorrer da viagem, o governador (não raro ele viajava, pilotando o avião) inaugurou as reformas dos hospitais de Araguaína e Miracema do Norte, atual Estado do Tocantins, cuja criação o então presidente da República em exercício, José Sarney (adesista de todos os governos), chegou a vetar, mas sua população reagiu com a “Carta do Tocantins”, conforme registramos a 7/4/1985, no livro Memórias de Artigos, coletânea de 1970 a 2012. O então presidente Sarney, dono do Maranhão e autoritário, tinha a pretensão de criar o Estado do Carajás.

O governador e engenheiro Otávio Lage, goiano de Buriti Alegre, residiu  por vários anos em Goianésia, onde foi  prefeito. Seu filho, Jalles  Fontoura de Siqueira, é o atual mandatário do município e também se revela eficiente gestor público, seguindo o exemplo do pai e do avô paterno, engenheiro Jalles Machado de Siqueira, mineiro que veio para Goiás em 1920 e se radicou em Buriti Alegre. Ele também prestou inestimáveis serviços a Goiás: foi deputado federal por três legislaturas, pioneiro do projeto da rodovia Anápolis-Belém, que se transformou  posteriormente na Belém-Brasília, tendo no comando das obras o nome memorável do engenheiro Bernardo  Sayão, o qual foi vítima de acidente fatal em determinada fase da construção da Belém-Brasília: uma grande árvore caiu sobre ele. A histórica rodovia foi concluída no governo do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. O então deputado federal  Jalles Machado teve destacada participação pró-interiorização da capital da República no Planalto Central como integrante da Comissão de Estudos sobre a mudança, enquanto o então deputado Israel Pinheiro, posteriormente  presidente da  Novacap, queria  mudar a nova capital do País para o Triângulo Mineiro.

Voltando ao ex-governador Otávio Lage de Siqueira, o escritor e jornalista Hélio Rocha, em seu apreciado livro Os inquilinos da Casa Verde-Governos de Goiás de Pedro Ludovico  à volta de Marconi Perillo (Nova Edição, revista e ampliada), insere ampla  entrevista que fez com Otávio em  fevereiro de 1998 (páginas 158 a 167). Ao ser questionado sobre o abandono da região norte, o então governador, entre outras considerações, respondeu: “Quando  nós fizemos a campanha, uma das coisas era a preocupação  com o norte e o interior. Essa foi a mensagem. Eu achava que o pessoal do norte, depois, tinha uma história também que eu  estava preso a ela, que era a Belém-Brasília, que era um projeto de meu pai, que fez a integração realmente do Estado. A gente tinha uma obrigação com o norte.” Em outro trecho da entrevista, ao ser indagado se sua “maior satisfação” foi  ter inaugurado Cachoeira Dourada, Otávio Lage declarou: “Não, para mim eu acho que o governo todo foi uma satisfação plena. Você sabe, aqui, por exemplo, em Goiânia, quantas escolas havia? Você tinha o Instituto de Educação, o Pedro Gomes e o Liceu, só, o resto nós fizemos: Castelo Branco, Costa e Silva, Chateaubriand, Dom Abel, Bandeirante, Brasil Central, todas escolas que precisavam ser construídas e estavam atrasadas.” Ele ressaltou também seu empenho nos setores energético (o término da 2ª etapa de Cachoeira Dourada), estradas, saneamento básico, saúde, medicina curativa e preventiva, da maior valia à população desassistida.

Eis por que diante disso e depois disso, como diria o mestre e jurisconsulto Rui Barbosa, que se notabilizou internacionalmente como a “Águia de Haia” (Holanda), quando representou o Brasil na Segunda Conferência Mundial de Paz, o govenador Marconi  Perillo, com seu sentimento de justiça, denominou o magno Hospital de Urgências recém-inaugurado em Goiânia, de Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), prestando  justa e meritória homenagem póstuma a quem impulsionou o desenvolvimento goiano em suas diversas áreas de gestão pública, fazendo do Estado um canteiro de obras. Uma homenagem ad  immortalitatem, que fica para a imortalidade do ex-governador Otávio Lage de Siqueira.

 

(Armando Acioli, jornalista e formado em Direito pela UFG)

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