Parábola da figueira e o advento do filho do homem
Redação DM
Publicado em 25 de fevereiro de 2018 às 01:10 | Atualizado há 7 anosE disse-lhes uma parábola: “Da figueira aprendei esta parábola: Vede a figueira e todas as árvores. Quando já os seus ramos se tornam tenros e as sua folhas começam a brotar, olhando-as, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós, quando virdes acontecer todas essas coisas, sabei que o Reino de Deus está próximo e que ele (o Filho do Homem) está próximo, às portas.
Em verdade vos digo que esta geração não passará até que tudo isso aconteça. O céu e a terra passarão, mas não passarão as minhas palavras.
Quanto ao dia e a hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, somente o Pai.
Como nos dias de Noé, será a Vinda do Filho do Homem. Pois como naqueles dias que precederam o dilúvio, estavam os homens comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também a Vinda do Filho do Homem.
Então, estando dois no campo, um será levado e o outro deixado. Estando duas moendo no moinho, uma será levada e a outra deixada.
Vigiai, portanto, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Estai atentos a vós mesmos, para que vossos corações não fiquem pesados pela devassidão, pelos excessos do comer e do beber, pelas preocupações da vida, e assim venha repentinamente sobre vós aquele Dia. Porque virá como um laço sobre todos os habitantes da face de toda a terra. Portanto, vigiai e orai em todo tempo, para serdes dignos de escapar de tudo o que deve acontecer e de ficar de pé diante do Filho do Homem.
Estai atentos, vigiai e orai, porque não sabeis quando será esse tempo. Será como um homem que, partindo para uma longa viagem, deixa a sua casa, dá autoridade a seus servos, designando a cada um o seu trabalho e ao porteiro ordenou que vigiasse.
Vigiai, portanto, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo de repente, não vos encontre dormindo.
Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que sua casa fosse arrombada. Por isso, também vós, ficai preparados, porque numa hora em que não pensais, virá o Filho do Homem. O que vos digo, digo a todos: vigiai!”
(Evangelhos de: Mateus, cap. 24, vv. 32 a 44 – Marcos, cap. 13, vv. 28 a 37 – Lucas, cap. 21, vv. 29 a 36).
Jesus prossegue com o seu Sermão Profético. Ele compara os acontecimentos futuros com alguns sinais da figueira e de outras árvores. Do mesmo modo que os ramos e as folhas dessas árvores anunciam a proximidade do verão, assim também os acontecimentos anunciados indicam que o Reino de Deus está próximo.
O Mestre no ensina que a Lei Divina tem o seu momento de cobrança para cada um de nós. Ciclos evolutivos individuais e coletivos se abrem e se fecham para que todas as coisas sejam restabelecidas. Não se pode fugir do momento espiritual do retorno à Casa do Pai. Por isso, torna-se necessário e urgente a vigilância moral porque não se sabe quando ocorrerá esse momento de cobrança da Lei. Será o tempo inevitável da colheita.
A vigilância recomendada por Jesus consiste em não praticar o mal, causando danos morais ou materiais ao próximo. A oração, além de buscar e de permanecer em sintonia com Deus, é a promoção da prática do bem com todas as possibilidades, aproveitando todas as oportunidades de servir em prol da felicidade alheia.
Esses ensinos de Jesus lembra um dos princípios da Física Quântica estabelecido por Werner Heisnberg em 1926/27: o Princípio da Incerteza, segundo o qual não é possível prever a posição exata que um elétron ocupa na eletrosfera de um átomo.
Em nossa obra “O Direito Natural e a Justiça Quântica” publicada pela Universidade Federal de Goiás, em 2017, também comentamos:
“Ao se considerar que a Mecânica Clássica é positiva e previsível em seus postulados, verifica-se o contrário com a Mecânica Quântica, a qual trabalha com probabilidades e incertezas. Quando se estuda os movimentos das partículas atômicas verifica-se, por exemplo, a incerteza da localização exata do elétron em volta do núcleo do átomo. Também não se conhece o destino do elétron durante o tempo do salto quântico. Ele desaparece até alcançar a próxima camada que o abrigará, o que deixa os físicos perplexos, sem respostas.”
Para Deus, no entanto, nada é Quântico. Tudo para Ele é previsível porquanto conhece o princípio, o meio e o destino de todas as coisas. Segundo o Mestre, “nem os anjos dos céus, nem o Filho, somente o Pai” sabe o dia e a hora da vinda do Filho do Homem e da chegada do Reino de Deus.
O momento exato da vinda do Filho do Homem, ou seja, do estágio final para a perfeição do Espírito, segundo os parâmetros terrenos, não se sabe. No entanto, é possível perceber quando será essa vinda ao se observar os sinais mencionados por Jesus, o que igualmente se aplica em relação ao nosso encontro com o divino Messias.
O Mestre ainda menciona Noé, que construiu uma arca para se abrigar do dilúvio com a sua família e para quem desejasse, mas não sabia os momentos exatos do início e do término desse acontecimento que perdurou por um ano. (Gênesis, 5-10). Ao relatar esse episódio, o Mestre asseverou: “Como nos dias de Noé, será a vinda do Filho do Homem”. O Messias lembra que os contemporâneos de Noé, por desprezarem os seus avisos acerca do dilúvio, sucumbiram diante do cataclismo.
Do mesmo modo, evitemos os cataclismos provenientes da seleção inevitável do joio e do trigo, conforme essa advertência do Cristo:
“Estai atentos a vós mesmos, para que vossos corações não fiquem pesados pela devassidão, pelos excessos do comer e do beber, pelas preocupações da vida, e assim venha repentinamente sobre vós aquele Dia”.
Essas palavras do Mestre ainda corroboram com a interpretação que ele fez com a Parábola do Semeador quando se referiu à parte das sementes que caiu entre espinhos e não germinaram porque foram consumidas devido ao “peso dos cuidados do mundo, da sedução da riqueza, das ambições de outras coisas e dos prazeres da vida”. (Mateus, 13:18-23).
Jesus deseja evitar que sucumbamos ao peso da cruz do estacionamento evolutivo, sempre doloroso e desnecessário à ascensão espiritual. Ele almeja impedir os desastres morais que nos separam de entes queridos e nos distanciam de mundos venturosos ou melhores do que a Terra: “estando dois no campo, um será levado e o outro deixado. Estando duas moendo, uma será levada e a outra deixada”.
Estejamos atentos diante dos singelos sinais de transformações ou de transições, precursores dos grandes acontecimentos que advirão.
As verdades divulgadas por Jesus transcendem o tempo e o espaço porquanto são de origem divina. Cumpramos os deveres que nos competem sem procrastinar, lembrando no dia a dia, a cada manhã, dessa orientação do divino Messias: “O que vos digo, digo a todos: vigiai!”
(Emídio Silva Falcão Brasileiro é educador, escritor e jurista. Membro da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, da Academia Goianiense de Letras e da Academia Aparecidense de Letras)