Plano B
Diário da Manhã
Publicado em 27 de janeiro de 2018 às 23:59 | Atualizado há 7 anos
Muitos questionam quanto à origem da Codificação do Espiritismo. Quem poderia fazer algo tão grandioso?
Uma personalidade reverenciada do século XIX, com sólida carreira no campo da educação, com considerável produção editorial para a cultura da língua francesa: o professor Hipollyte Leon Denizard Rivail, foi o escolhido.
Ao assumir a tarefa, para evitar qualquer influência de sua conhecida e respeitada produção autoral, recorreu ao pseudônimo Allan Kardec tornando-se o copilador da 3ª revelação.
Questionam mais: se Kardec falhasse na concretização da obra da espiritualidade superior, teríamos a Doutrina dos Espíritos?
Como se desenvolveria a programação e a profecia para o Consolador Prometido por Jesus?
A implantação da Doutrina dos Espíritos estava programada e definida, há séculos.
O lançamento de O livro dos Espíritos, em 1857 e o desdobramento de seus conceitos através de mais quatro obras consistentes, contou com plano estratégico bem estruturado. Se Kardec falhasse poderia haver um sucessor?
Em Obras Póstumas, o Codificador recebeu a seguinte comunicação do Espírito Verdade : “A missão dos reformadores está cheia de escolhos e de perigos e a tua é rude, disso te previno, porque é o mundo inteiro que se trata de agitar e de transformar.”
Comentou Kardec: “Escrevo esta nota no dia 1º de janeiro de 1867, dez anos e meio depois que esta comunicação me foi dada, e verifico que ela se realizou em todos os pontos, porque experimentei todas as vicissitudes que nela me foram anunciadas.(…) Entretanto, graças à proteção e à assistência dos bons Espíritos, que sem cessar me têm dado provas manifestas de sua solicitude, sou feliz em reconhecer que não tenho experimentado um único instante de desfalecimento nem de desânimo, e que tenho constantemente prosseguido na minha tarefa com o mesmo ardor, sem me preocupar com a malevolência de que era alvo. Segundo a comunicação do Espírito Verdade, eu devia contar com tudo isso, e tudo se verificou.”
Mesmo assim respaldado, caso algo não desse certo, haveria uma saída. Outra personalidade, também treinada nas tarefas das grandes responsabilidades espirituais, poderia tocar o projeto em frente: Léon Denis, considerado o continuador natural da obra de Allan Kardec.
Rápido paralelo sobre o histórico dos dois missionários mostra isso: Enquanto o Codificador exerceu suas atividades na própria capital francesa, Léon Denis desempenhou a sua dignificante tarefa na província.
Kardec se destacou como uma personalidade de formação universitária, que firmou seu nome nas letras e ciências, antes de se dedicar às pesquisas espíritas e codificar o Espiritismo.
Denis foi um autodidata que se preparou em silêncio e na pobreza material, para surgir subitamente no cenário intelectual e impor-se como conferencista e escritor de renome, tornando-se figura de destaque no campo da divulgação do Espiritismo.
Do trabalho coordenado por Kardec temos as cinco obras básicas da Codificação, dois opúsculos de divulgação da doutrina nascente, os dez volumes da Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos.
A bibliografia de Leon Denis também é vasta e composta de obras monumentais que enriquecem as bibliotecas espíritas, entre as quais destacamos: Depois da Morte, Cristianismo e Espiritismo, No Invisível, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Provas Experimentais da Sobrevivência, Joana D’Arc Médium, O Porquê da Vida, O Grande Enigma, entre outras.
Sua inusitada capacidade intelectual e percepção das coisas transcendentais fizeram com que o movimento espírita francês e mesmo mundial gravitasse em torno da cidade de Tours.
Após a desencarnação de Allan Kardec, essa cidade tornou-se o ponto de convergência de todos que desejassem tomar contato com a Doutrina Espírita, para receber as luzes do conhecimento.
A plêiade de Espíritos, que tinham por incumbência o êxito do processo de revelação do Espiritismo, levou a Léon Denis toda a sustentação necessária. Dessa forma, a nova doutrina poderia se consolidar de forma ampla e irrestrita.
A espiritualidade tem seus recursos e não costuma falhar em seus projetos estratégicos. Se Kardec falhasse, Denis poderia, sem dúvida, estar cotado como o “Plano B”.
(Elzi Nascimento – psicóloga clínica e escritora / Elzita Melo Quinta – pedagoga – especialista em Educação e escritora. São responsáveis pelo Blog Espírita: luzesdoconsolador.com. Elas escrevem no DM às sextas-feiras e aos domingos. E-mail: iopta@iopta.com.br (062) 3251 8867)