Opinião

Pois não? Meu nome é comerciário

Redação DM

Publicado em 16 de março de 2018 às 01:05 | Atualizado há 7 anos

Ao che­gar no es­ta­be­le­ci­men­to co­mer­cial há sem­pre aque­la pes­soa pa­ra nos ser­vir e que mui­tas ve­zes pas­sa qua­se des­per­ce­bi­do aos nos­sos olhos.  É um exér­ci­to que so­men­te em Go­i­ás re­pre­sen­ta cer­ca de 150 mil pes­so­as. São os co­mer­ci­á­rios. A ca­te­go­ria abra­ça os mais va­ri­a­dos car­gos que vai  des­de o mais co­nhe­ci­do ven­de­dor, pas­san­do pe­lo es­to­quis­ta,  ad­mi­nis­tra­ti­vo, cai­xa e até mes­mo as pes­so­as que atuam na área de ser­vi­ços ge­ra­is da lo­ja, açou­gue, far­má­cia, su­per­mer­ca­do e etc.

O re­co­nhe­ci­men­to pro­fis­si­o­nal acon­te­ceu, por de­cre­to de lei com nú­me­ro 12.790 de 14 de mar­ço de 2013. A  da­ta sig­ni­fi­ca a vi­tó­ria al­can­ça­da di­an­te da his­tó­ria de lu­ta des­tes tra­ba­lha­do­res por me­lho­res con­di­ções de la­bo­ro.

Pro­fis­si­o­nal in­can­sá­vel com ca­rac­te­rís­ti­cas mui­to pe­cu­li­a­res pa­ra ser efi­ci­en­te di­an­te do olhar agu­ça­do dos de­se­jos de um con­su­mi­dor ca­da vez mais exi­gen­te e cri­te­rio­so na ho­ra da com­pra.

As pri­mí­cias des­se pro­mo­tor do co­mér­cio, co­me­çou ain­da por vol­ta de 1900. Nes­te pe­rí­o­do não exis­ti­am re­gras de tra­ba­lho, o que tor­na­va a fun­ção al­vo fá­cil de ex­plo­ra­ção. Os tra­ba­lha­do­res fa­zi­am jor­na­das de 12 ho­ras por dia, sem fe­ri­a­dos ou mes­mo fol­gas aos do­min­gos.

Os “cai­xei­ros”, co­mo eram co­nhe­ci­dos nes­te pe­rí­o­do, eram ame­a­ça­dos cons­tan­te­men­te o que os le­va­va a um sis­te­ma de qua­se es­cra­vi­dão. Foi en­tão que co­me­ça­ram a cri­ar pe­que­nos gru­pos e as­so­cia­ções de apoio, que aca­ba­ri­am por se tor­nar os atu­ais Sin­di­ca­tos de Tra­ba­lha­do­res no Co­mér­cio. O ob­je­ti­vo era o for­ta­le­ci­men­to.

As ma­ni­fes­ta­ções e as­so­cia­ções co­me­ça­ram a se es­pa­lhar por to­do o Pa­ís. Após 32 anos do iní­cio do sé­cu­lo XX, mais pre­ci­sa­men­te no dia 29 de ou­tu­bro, a ca­te­go­ria con­se­gue avan­çar em su­as rei­vin­di­ca­ções com mais de 5 mil co­mer­ci­á­rios em fren­te o Pa­lá­cio do Ca­te­te, no Rio de Ja­nei­ro.

A in­ten­ção era de se­rem re­ce­bi­dos pe­lo en­tão pre­si­den­te da Re­pú­bli­ca Ge­tú­lio Var­gas. Sen­si­bi­li­za­do, o che­fe do Exe­cu­ti­vo acei­tou as rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­do­res e as­si­nou o De­cre­to de Lei nº 4.042, de 29 de ou­tu­bro de 1932, de­ter­mi­nan­do a jor­na­da de tra­ba­lho pa­ra 8 ho­ras por dia e o re­pou­so re­mu­ne­ra­do aos do­min­gos pa­ra to­dos que li­da­vam de for­ma di­re­ta ou in­di­re­ta com as ven­das.

A Lei foi pu­bli­ca­da no Di­á­rio Ofi­ci­al da Uni­ão no dia 30 de ou­tu­bro de 1932. Fo­ram 81 anos pa­ra que mais uma vez o Es­ta­do bra­si­lei­ro in­ter­vis­se pa­ra re­co­nhe­cer es­ta da­ta co­mo o Dia Ofi­ci­al do Co­mer­ci­á­rio e oi­to dé­ca­das de­pois co­mo pro­fis­são re­gu­la­men­ta­da.

Na atu­a­li­da­de a  ca­te­go­ria pas­sa por no­vos de­sa­fi­os com as no­vas leis que re­gem a Jus­ti­ça Tra­ba­lhis­ta. Em mui­tos as­pec­tos ela se mos­tra dú­bia e até, cla­ra­men­te, abu­si­va. São os no­vos em­ba­tes que sur­gem nes­te sé­cu­lo XXI. Um sé­cu­lo cos­tu­ra­do pa­rao des­mo­ro­na­men­to da dig­ni­da­de do ope­rá­rio de ven­das des­se Bra­sil.

 

(Eduar­do Amo­rim, pre­si­den­te da Fe­de­ra­ção dos Tra­ba­lha­do­res no Co­mér­cio nos Es­ta­dos de Go­i­ás e To­can­tins (Fetracom GO/TO), Sin­di­ca­to dos Em­pre­ga­dos no Co­mér­cio no Es­ta­do de Go­i­ás e Co­mis­são Sin­di­cal da OAB/GO)


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias