Opinião

Política e futebol estão irmanados em corrupção e impunidade

Diário da Manhã

Publicado em 21 de janeiro de 2018 às 00:00 | Atualizado há 7 anos

Mui­tas ce­nas e ocor­rên­cias do fu­te­bol bra­si­lei­ro são mos­tras e pro­vas do que têm si­do ou­tros fa­tos, fun­cio­na­men­to e de­ci­sões de ou­tras ins­ti­tu­i­ções pú­bli­cas e ór­gã­os de Es­ta­do de nos­so pa­ís. As­sim têm si­do os ex­pe­di­en­tes e ex­pe­di­ções dos po­de­res exe­cu­ti­vo, le­gis­la­ti­vo e ju­di­ci­á­rio nas três es­fe­ras de go­ver­no (mu­ni­cí­pios, es­ta­dos e uni­ão); as­sim têm fun­cio­na­do os  ór­gã­os e agên­cias re­gu­la­do­ras; as­sim têm si­do to­das as ins­ti­tu­i­ções que  di­tam  o que o ci­da­dão  po­de e não po­de fa­zer;  as­sim são os que edi­tam nor­mas de con­du­ta; os que le­gis­lam o que  de­ve ou não pa­gar o ci­da­dão,  de im­pos­tos, en­tre ou­tras obri­ga­ções e im­po­si­ções.

Den­tre es­sas ins­ti­tu­i­ções de Es­ta­do, os ór­gã­os do ju­di­ci­á­rio são por de­ver de ofí­cio e na­tu­re­za os pro­ta­go­nis­tas. A jus­ti­ça, co­mo da mai­o­ria sa­bi­do, é fis­cal e guar­diã das leis e da cons­ti­tu­i­ção. O re­fe­ren­do e a úl­ti­ma pa­la­vra quem os dá é o ju­di­ci­á­rio.

En­tre­tan­to, co­mo vi­ve­mos um sis­te­ma po­lí­ti­co on­de pre­va­le­ce o es­ta­do de­mo­crá­ti­co de di­rei­to, se tor­na de di­rei­to o ci­da­dão opi­nar. A so­ci­e­da­de tem es­sa sa­gra­da prer­ro­ga­ti­va de achar es­sa e aque­la de­li­be­ra­ção cer­ta ou er­ra­da, con­for­me re­fe­ri­da  de­ci­são, de qual­quer po­der, lhe trou­xer be­ne­fí­cio ou ma­le­fí­cio. Se­ja uma me­di­da do exe­cu­ti­vo, do le­gis­la­ti­vo ou do ju­di­ci­á­rio. Por is­so, es­tou aqui a opi­nar, o que me cons­ti­tui uma ga­ran­tia e um bem cons­ti­tu­ci­o­nal, li­ber­da­de de ex­pres­são e opi­ni­ão .

Fa­zen­do uma ana­lo­gia com a col­meia. Ain­da que uma par­tí­cu­la de néc­tar fa­ça bem ape­nas pa­ra uma abe­lha, es­ta abe­lha tem o di­rei­to de dis­cor­dar da re­jei­ção des­se néc­tar por to­da a col­meia. É o prin­cí­pio “nem tu­do que é bom pa­ra a abe­lha é bom pa­ra a col­meia”. Mas, se a cons­ti­tu­i­ção ou or­ga­ni­za­ção da “apis mel­lí­fe­ra, for de­mo­crá­ti­ca, é de di­rei­to de­la (abe­lha) sua dis­cór­dia de to­da a so­ci­e­da­de me­li­po­ní­dea( col­meia das abe­lhas).

Re­to­mo en­tão o te­ma cen­tral, o fu­te­bol bra­si­lei­ro co­mo um es­bo­ço ou re­fle­xo de mui­tos fa­tos, fei­tos e fun­cio­na­men­to de nos­sa po­lí­ti­ca, de nos­sas ins­ti­tu­i­ções pú­bli­cas, de nos­sos go­ver­nan­tes, de nos­sos che­fes de Es­ta­do, en­fim de to­dos aque­les que co­man­dam as coi­sas do pa­ís.

To­dos aque­les (as) afei­ço­a­dos e ad­mi­ra­do­res (tor­ce­do­res) do fu­te­bol sa­bem a que con­di­ção de de­gra­da­ção éti­ca e mo­ral che­gou o co­man­do má­xi­mo des­se es­por­te , o mais po­pu­lar , do Bra­sil e  do pla­ne­ta. Bas­ta lem­brar que os úl­ti­mos três pre­si­den­tes da con­fe­de­ra­ção bra­si­lei­ra de fu­te­bol (CBF) es­tão com gra­vís­si­mas ques­tões le­gais a re­sol­ver com a Jus­ti­ça Ame­ri­ca­na, com a Jus­ti­ça da Su­í­ça, com o FBI e com a pró­pria FI­FA.

Jo­sé Ma­ria Ma­rin, en­con­tra-se em pri­são do­mi­ci­li­ar nos EUA; Ri­car­do Tei­xei­ra en­con­tra-se fo­ra­gi­do do FBI e ho­mi­zi­a­do (es­con­di­do) aqui no Bra­sil. E por úl­ti­mo o atu­al che­fe/pre­si­den­te Mar­co Po­lo Del Ne­ro es­tá afas­ta­do de qual­quer ati­vi­da­de es­por­ti­va por 90 di­as, por de­ci­são da FI­FA. To­dos por cri­mes de cor­rup­ção e la­va­gem de di­nhei­ro. Eles são vi­gi­a­dos pe­la In­ter­pol.

Pa­ra­le­la­men­te ao es­ta­do de de­gra­da­ção do fu­te­bol, te­mos a cri­se vi­vi­da pe­lo Bra­sil, em to­dos, ou qua­se to­dos os ní­veis de go­ver­no. Ne­nhum ce­ná­rio ou es­fe­ra da ad­mi­nis­tra­ção pú­bli­ca pa­re­ce es­ca­par a tan­ta in­ge­rên­cia, a tan­to des­go­ver­no, a tan­to des­man­do e es­cân­da­los de cor­rup­ção, su­bor­no, pe­cu­la­to, trá­fi­co de in­flu­ên­cia e ou­tros des­vi­os de con­du­ta.

O pró­prio ju­di­ci­á­rio, nas pes­so­as dos mi­nis­tros do Su­pre­mo Tri­bu­nal Fe­de­ral (STF), tem si­do uma ilus­tra­ti­va amos­tra grá­tis des­sa dis­rup­ção éti­ca e mo­ral que aba­teu so­bre o pa­ís. A so­ci­e­da­de não vem acre­di­tan­do em nos­sa Jus­ti­ça, an­te mui­tas de­ci­sões , ha­be­as cor­pus e ou­tras re­ga­li­as  con­ce­di­das a cri­mi­no­sos en­gra­va­ta­dos, ri­cos e po­de­ro­sos.

Exis­te uma epi­de­mia de mi­sé­ria éti­ca e mo­ral que tei­ma, que se re­be­la em alas­trar mais e mais em to­dos os bra­ços e ór­gã­os pú­bli­cos da na­ção. Pa­ra on­de es­ta­mos in­do?

Os es­cân­da­los que nos ro­dei­am são mui­tos. As prá­ti­cas de cor­rup­ção e su­bor­no, os atos de la­va­gem de di­nhei­ro e ou­tras tra­fi­cân­cias dos car­to­las do fu­te­bol nun­ca fo­ram pu­ni­dos pe­la jus­ti­ça bra­si­lei­ra. Há co­mo que um con­luio en­tre Po­lí­ti­ca e Fu­te­bol. E nes­sa em­prei­ta­da en­tram in­clu­si­ve os pa­tro­ci­na­do­res. A Re­de Glo­bo de Te­le­vi­são, por exem­plo, úni­ca trans­mis­so­ra dos jo­gos do Bra­sil, tem si­do cha­mus­ca­da por de­nún­cias de de­la­ta­res lá nos tri­bu­nais dos EEUU, nos jul­ga­men­tos de mui­tos car­to­las pre­sos, en­tre eles o bra­si­lei­ro Ma­rin.

To­dos es­ses cri­mes fi­nan­cei­ros pra­ti­ca­dos na CBF ocor­rem há mais de du­as dé­ca­das. São inú­me­ras as de­nún­cias e pro­vas do­cu­men­tais. Tan­to mi­nis­té­rio pú­bli­co quan­to os tri­bu­nais su­pe­ri­o­res de jus­ti­ça( do Bra­sil) na­da fi­ze­ram pa­ra pu­nir os cul­pa­dos e ma­fio­sos do nos­so es­por­te mais po­pu­lar e vis­to no Bra­sil. Re­i­te­ra-se , de­nún­cias e pro­vas não fal­tam. CPIs que fo­ram en­ga­ve­ta­das e ne­nhu­ma pu­ni­ção aos la­drões e ma­fio­sos do fu­te­bol bra­si­lei­ro .

Mas, a jus­ti­ça Ame­ri­ca­na fez di­fe­ren­te. Ela tem mos­tra­do à nos­sa jus­ti­ça bra­si­lei­ra, o que de­ve ser fei­to. O FBI tem en­si­na­do ao Bra­sil co­mo se faz com os gang­sters do fu­te­bol. Pre­so es­tá lá nos USA  o ex CBF Jo­sé Ma­ria Ma­rin e no en­cal­ço es­tá do Sr. Tei­xei­ra e Del Ne­ro. Com um ob­stá­cu­lo a se fa­zer jus­ti­ça, o  Bra­sil não tem tra­ta­do de ex­tra­di­ção de cri­mi­no­so bra­si­lei­ro pa­ra os Es­ta­dos Uni­dos. Por is­so, es­ses dois pro­cu­ra­dos e fo­ra­gi­dos, Sr. Tei­xei­ra e Del Ne­ro, con­ti­nuam li­vres e se­gu­ros aqui no Bra­sil. Co­mo de res­to mui­tos ou­tros cri­mi­no­sos ri­cos e po­de­ro­sos que an­dam sen­do agra­ci­a­dos com o be­ne­fí­cio do “ha­be­as cor­pus” ou cum­prin­do as pe­nas nos do­ces re­fú­gios dos sun­tu­o­sos la­res. Ou me­lhor, nos sun­tu­o­sas pa­la­ce­tes e cas­te­los. Por­que são re­si­dên­cias que mais lem­bram es­sas cons­tru­ções ré­gi­as, de reis e im­pe­ra­do­res. E es­ses cri­mi­no­sos, são co­mo que ba­rões e im­pe­ra­do­res , em ter­mos de di­nhei­ro e pa­tri­mô­nio. Tu­do rou­ba­do de es­ta­tais bra­si­lei­ras, co­mo a Pe­tro­bras e El­tro­bras. Tu­do  rou­ba­do dos co­fres pú­bli­cos.

Tu­do de acor­do com o con­tex­to ge­ral de quem ho­je go­ver­na o pa­ís. Bem ir­ma­na­dos, po­lí­ti­ca e fu­te­bol, nun­ca es­ti­ve­ram tão em bai­xa, em es­ta­do de com­ple­to des­cré­di­to e sub­ver­são mo­ral e éti­ca.

 

(Jo­ão Jo­a­quim – mé­di­co – ar­ti­cu­lis­ta DM   fa­ce­bo­ok/ jo­ão jo­a­quim de oli­vei­ra  www.drjo­ao­jo­a­quim.blog­spot.com – What­sApp (62)98224-8810)

 

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias