Opinião

Por que o candidato do governo não decola

Diário da Manhã

Publicado em 27 de março de 2018 às 23:08 | Atualizado há 7 anos

Afo­ra a inép­cia do pré-can­di­da­to, ou­tros fa­to­res têm co­la­bo­ra­do lar­ga­men­te pe­la po­si­ção dé­bil da si­tu­a­ção nos di­ver­sos re­sul­ta­dos de pes­qui­sa. Um de­les, e o mais evi­den­te, é a cha­ma­da fa­di­ga de ma­te­ri­al. Se­gun­do o di­ci­o­ná­rio on­li­ne, es­ta fa­di­ga na­da mais é que o pro­ces­so pe­lo qual os ma­te­ri­ais per­dem su­as ca­rac­te­rís­ti­cas ini­ci­ais de­vi­do a es­for­ços re­pe­ti­ti­vos. Os es­for­ços do go­ver­no não de­ram o re­sul­ta­do es­pe­ra­do e, por is­to, rom­peu-se a con­fi­an­ça. Des­ca­rac­te­ri­zou-se. Mas is­to não veio do na­da. Fa­to­res iso­la­dos acon­te­ce­ram pa­ra pro­mo­ver o pro­ces­so. Ve­ja­mos:

  1. Os fi­a­do­res do tem­po no­vo, e fi­a­do­res so­mos to­dos nós que de­mos de um a um mi­lhão de vo­tos pa­ra ele, fo­ram em­ba­la­dos na on­da de que a ven­da de ca­cho­ei­ra dou­ra­da era um da­no ao Es­ta­do. Ago­ra, o tem­po no­vo tor­nou-se o ven­de­dor da Celg. É ver­da­de que mui­tos já nem são con­tra a es­tas ven­das. Mas o sen­ti­men­to de trai­ção e a fal­ta de res­pos­tas evi­den­cia a per­da de ca­rac­te­rís­ti­ca do tem­po no­vo. Di­zer que a Celg te­ve que ser ven­di­da por­que ven­de­ram pri­mei­ro Ca­cho­ei­ra dou­ra­da não jus­ti­fi­ca­rá ao elei­tor. Afi­nal, em­bo­ra ve­la­da, é co­nhe­ci­da a in­ti­ma par­ce­ria en­tre o mer­ca­dor da Celg, com o mer­ca­dor da Ca­cho­ei­ra Dou­ra­da. Per­da de ca­rac­te­rís­ti­ca, sem dú­vi­da;
  2. A pa­ne­li­nha exis­ten­te nos go­ver­nos pas­sa­dos, fez hu­mor e fez his­tó­ria. Quem não se lem­bra do Ner­so com a pa­ne­la na mão achin­ca­lhan­do quem ti­nha pa­ren­tes no go­ver­no? O Ner­so po­de­ria mui­to bem vol­tar a Go­i­ás ho­je e re­pe­tir o bor­dão con­tra o go­ver­no que de­fen­deu: es­tão mui­to bem ar­ru­ma­dos es­po­sas, pri­mos, cu­nha­dos e ex-só­ci­os. No trem da ale­gria, ca­bem to­dos. Só não ca­be re­cor­da­ção. Lem­brar do que fa­lou fe­re o que se fez. Ah! São só bo­a­tos? Bo­a­tos po­dem ser fa­tos, ou não. Ig­no­rar o que é um ou que se­ja ou­tro, faz a des­ca­rac­te­ri­za­ção e a fa­di­ga: Do ma­te­ri­al e do elei­tor;
  3. In­sis­tir no can­di­da­to que não de­co­la man­da um avi­so pa­ra a cla­que: a his­tó­ria vai se re­pe­tir. Que his­tó­ria? A que pôs Al­ci­des Ro­dri­gues no po­der. Al­ci­des foi, a meu ver, um dos me­lho­res go­ver­na­do­res, se não o me­lhor, pa­ra a po­lí­cia mi­li­tar. Po­de não ter si­do pa­ra o Es­ta­do ou pa­ra os de­mais ór­gã­os. Pa­ra a PM es­tá na eli­te. Mas foi boi de pi­ra­nha. As­su­miu um go­ver­no tam­pão, foi de­fe­nes­tra­do por seus pa­dri­nhos e caiu em des­gra­ça pe­la má fa­ma que lhe im­pu­ta­ram ao lhe atri­bu­ir a pe­cha de mal ges­tor. Di­zer que o Es­ta­do Es­ta­va que­bra­do, pou­co lhe ser­viu de de­fe­sa. O tem­po faz is­to: re­ve­la nos­sas ações, por nos­sas in­ten­ções. Mais do que faz nos­sas pa­la­vras. E is­to pro­vo­ca mais fa­di­ga de ma­te­ri­al.
  4. Dar au­men­to aos fun­cio­ná­rios no ano de elei­ção? Es­ta nós co­nhe­ce­mos des­de os mais ten­ros anos da car­rei­ra. De on­de vem o di­nhei­ro? Da Celg? Quem des­cas­ca­rá o aba­ca­xi e re­ce­be­rá a pe­cha de mal ges­tor? Is­to num ano em que até as pro­mo­ções fo­ram su­pri­mi­das. Mais des­gas­te do ma­te­ri­al que o tem­po não es­con­de.

A des­cren­ça es­tá em tu­do is­to e mui­to mais. Es­tá na­qui­lo que o tem­po no­vo de­nun­ciou e, no en­tan­to, tem se re­pe­ti­do pau­la­ti­na­men­te. Dia des­ses, ano elei­to­ral, re­pi­to, uma gran­de fes­ta inau­gu­rou o Co­lé­gio Mi­li­tar de Cal­das No­vas. De­ta­lhe sór­di­do: o Co­lé­gio já fun­cio­na des­de agos­to de 2016. O Mi­nis­té­rio Pú­bli­co não foi con­vi­da­do. Sem fa­lar em vi­a­tu­ras com cor do par­ti­do, IP­VA de car­ros com mais de 10 anos, etc. Des­gas­te e des­gas­te do ma­te­ri­al.

Nem mes­mo di­zer que ino­vou, co­mo é o ca­so da du­pli­ca­ção de ro­do­vi­as tem va­li­do a pe­na. Pri­mei­ro por­que não se du­pli­ca ro­do­via que não exis­tia. Se­gun­do, por­que pai­ra, co­mo uma som­bra anun­ci­a­da pe­lo go­ver­no, o ris­co de pa­gar pe­dá­gio nes­tas mes­mas ro­do­vi­as que fo­ram du­pli­ca­das com nos­so di­nhei­ro. A ver­da­de é que o tem­po no­vo fi­cou ve­lho, fa­zen­do o que sem­pre se fez. Lo­go, o bom mes­mo é po­der mu­dar. Mu­dar ago­ra, mu­dar ama­nhã, mu­dar sem­pre. 2018 é ano de mu­dar.

 

(Ave­lar Lo­pes de Vi­vei­ros, cel RR PMGO, pres­bí­te­ro da Igre­ja Ba­tis­ta Re­nas­cer, mem­bro da As­so­cia­ção dos Ofi­ci­ais PMBM da re­ser­va-AOF­MIL)

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