Por que o Plano do PT para venezuelizar o Brasil pode dar certo
Diário da Manhã
Publicado em 12 de outubro de 2018 às 00:48 | Atualizado há 7 anos
Na época do impeachment de Dilma, a direção do PT fez circular um documento onde fazia um mea culpa mais ou menos assim: “para dominarmos o país teríamos de ter esquerdizado e aparelhado mais as Forças Armadas (nomeação de oficiais comprometidos com a “causa”) e o Judiciário”. Não é muito difícil dominar funcionários públicos (que dependem de salários e contra-cheques alimentados pelo Governo) para o esquerdismo. Não é difícil dominar empresários : é só nacionalizar empresas e os que não querem ser nacionalizados simplesmente saem do país. Empresário não tem idealismo, a não ser o dinheiro; o dinheiro minguou , eles caem fora. Não é difícil enfronhar-se ideologicamente dentro de uma tropa militar, os “movimentos tenentistas” já mostraram isso. Se alguns generais se contrapõem ao esquerdismo (já têm garantidos seus salários e posições), grande parte do escalão intermediário (“tenentismo” , sub-oficialato) não ganha tão bem, e não é tão contrário ao esquerdismo. Pelo contrário, a camada intermédia dos militares costuma ser bem esquerdista, pois nem é tão pobre que não pense (“praças”) e nem é tão rico que se acomode (alto oficialato). As “revoluções”, mostram os sociólogos-historiadores-cientistas políticos, sempre são feitas pelas “classes médias”, aquelas que não são tão pobres a ponto de não ter tempo para pensar e nem são tão ricas a ponto de não terem motivo de revolta. É bom lembrar que o Chavismo começou no “oficialato mediano” do Exército da Venezuela. Portanto, não seria problema para o PT, genial que é, explorar estas fraquezas. O mesmo se aplica ao mundo do Judiciário, Ministério Público,Delegados Policiais, Agentes Fazendários, etc, ou seja, todo “alto funcionalismo” cuja ideologia se pauta bem mais pelo preço do contra-cheque do que pela Bíblia. Sem o JudiciárioPromotores , Forças Armadas, de seu lado, a classe média brasileira, proverbial covarde, se acomodaria facilmente, pautando-se por uma vida sub-burguesa, como os venezuelanos.
Os maiores perigos contra-revolucionários provêm de uma classe que o Brasil não tem, a intelectualidade. Temos um punhado de “pseudointelectuais” de esquerda, professores estatais , cooptados pela máquina esquerdista. O intelectualismo de países sub-desenvolvidos é muito propenso ao esquerdismo, porque facilmente engodam a população com ilusões do tipo: “o Estado funciona, é só ser bem gerido”, “a saída é o Estado, o Coletivismo, a Auto-Gestão Operária, pois os patrões são sempre exploradores”. Como o país é subdesenvolvido, o povo não lê, aliás, como o povo não lê, o país é sub-desenvolvido. Sem leitura, não há como desmentir estes engodos, aliás, são engodos que atraem todos os inferiores e medianos, projetam sua incapacidade sobre a “truculência e oportunismo” dos superiores. Sendo também subdesenvolvido o país, nunca passou por “experimentos sociais” do tipo “coletivista”, que não deram certo em países já desenvolvidos. Sem exemplos e sem crítica, a massa mole facilmente cai no engodo os “intelectuais orgânicos do Estado” (Gramsci).
Também não temos aqui aquela intelectualidade “aguerrida”, orgulhosa das próprias conquistas e certezas racionais, ciente dos próprios princípios lógico-morais, “ideologizada” a ponto de colocar os princípios racionais acima da própria vidinha de amigos-e-família, tão cara aos subdesenvolvidos. Aqui entre nós, o “churrasco-na-laje” é bem mais apetitoso do que as “sete categorias do Entendimento em Kant”. Não temos, portanto, uma intelectualidade “real”, que luta , criticamente, contra a impossibilidade de Evolução que todo Estado totalitário lhe impõe. Intelectuais e artistas de verdade, estão dispostos a morrer pela liberdade de expressão e de pesquisa. O sufocamento da razão é maior do que o sufocamento dos pulmões, para a verdadeira intelctualidade, mas , repetindo, isso não existe no Brasil. Aqui, o “mês-aniversário da minha netinha me preenche totalmente”, não preciso aprofundar-me na metafísica de Hegel para sentir algum tipo de prazer criativo. A afetividade abaixo do Equador queima os neurônios cerebrais da Razão.
O próximo passo, facilmente franqueado pelo Lulo-Petismo-Esquerdismo é a milicia-lização das comunidades sub-burguesas, coisa que o próprio PT já tentou fazer no último governo Dilma, montando um tipo de “governo-dos-Soviets-paralelo-ao-Congresso”. Turbinados esses Soviets ( grupos “camponeses-operários”), armá-los – à la Chavismo – é apenas um detalhe. Armados, a Venezuelização se completa. Completada a Venezuelização, o futuro é completamente incerto, provavelmente com , no mínimo, décadas, século, de comunismo (vide Cuba, p.ex., onde tudo isto já se consolidou em estágio já bem avançado, inclusive com toda a completa cooptação intelectual que citei acima).
(Marcelo Caixeta, psiquiatra)