Por que os espíritos se manifestam?
Diário da Manhã
Publicado em 13 de novembro de 2016 às 01:07 | Atualizado há 8 anosOcorre que pessoas durante o sono, ou mesmo despertas, sejam surpreendidas em seus aposentos ao perceberem movimentos de objetos em suas dependências, como sinal de estranha visitação. Às vezes são manifestações espontâneas dos espíritos, simulando pancadas ou ruídos estranhos, visando chamar a atenção de alguém com quem querem comunicar-se. Nada há a temer. Deve-se sempre atender ao chamado do espírito que certamente deseja manifestar-se no intuito de prestar algum benefício, independentemente de qualquer invocação. Os espíritos utilizam os médiuns como os músicos utilizam os instrumentos, de acordo com suas aptidões e preferências.
Manifestações espontâneas
Não é preciso ser vidente para ver ou sentir, por exemplo, um inusitado sacudir de cortinas, estalos periódicos, deslocamento de cobertores, travesseiros, ou mesmo a sensação de estar-se sendo sutilmente deslocado do leito. A ciência convencional não ousa compreender ainda as coisas invisíveis que não possam ser submetidas à experimentação. A certeza dita científica depende de resposta a certas variáveis preestabelecidas, na investigação apenas de elementos materiais submetidos a uma análise convencional. Os fatos medianímicos estão em plena analogia com os fenômenos da natureza, do tipo eletricidade ou magnetismo, tal como a concentração de fluidos especiais que está para a locomoção e a taticidade da matéria inerte.
Manifestações provocadas
O fenômeno do transporte, por exemplo, que é raro e difícil de acontecer por ação exclusiva do médium, depende, sobretudo, da disponibilidade do espírito que às vezes também se sente impedido em sua ação. Segundo o Espírito Erasto, citado por Kardec: “É que, para a produção destes fenômenos é preciso que as propriedades do Espírito sejam aumentadas de algumas do mediunizado; isso porque o fluido vital, indispensável para a produção de todos os fenômenos medianímicos, é apanágio exclusivo do encarnado e, por conseqüência, o Espírito operador está obrigado a dele se impregnar”.
Manifestações visuais
Segundo Kardec, os espíritos podem ser vistos, sobretudo durante o sono, quando também o espírito de quem dorme se desliga dos laços materiais. Invocados ou não, podem manifestar-se visualmente espíritos de qualquer classe, ou nível, independentemente de invocação. Mesmo que a intenção do espírito que se faz ver não seja aparentemente benfazeja, sua aparição resulta sempre útil no sentido de, primeiro, provar sua existência, segundo, reclamar algum tipo de assistência ou mesmo dar conselhos, provando que os espíritos estão sempre ao redor dos viventes. Certo é que a alma não perde sua individualidade depois da morte. Nem sempre os espíritos podem manifestar-se a quem deseja vê-los, por isso os viventes nem sempre podem rever as pessoas que mais amaram.
Animais têm mediunidade?
Animais não têm mediunidade, agem por condicionamento provocado, ou nas experiências de Pavlov. O envoltório fluídico do nosso perispírito (humano) não existe nos animais. Experiências feitas, por exemplo, com golfinhos e orangotangos provam que são dotados de perfeita memória no sentido de responder a estímulos aleatórios, como comprovação de memória visual, mas não são dotados de interpretação própria. Os animais chegam a compreender as atitudes e até os pensamentos humanos, mas não são capazes de interpretá-los e só agem por imitação. Portanto, não podem se prestar a atitudes medianímicas, porque lhes faltam fluidos similares aos do mecanismo psíquico do ser humano.
Espíritos se identificam?
Pode-se dizer que os espíritos agem como os humanos, por suas essências ou aparências. Às vezes ocultam sua identidade e não gostam de submeter-se a testes nem aceitam dúvidas a seu respeito, mas acabam sendo reconhecidos pela sua própria forma de manifestação. A identidade do espírito não é tão importante quanto a sua qualidade própria. Sua qualidade própria (e a da classe a que pertence) se revela até no seu nível de linguagem. Os bons espíritos não renegam objeções a sua identidade, porque são seguros de si. Os maus se irritam e se afastam quando questionados de algum modo.
Como os espíritos se revelam?
Segundo Kardec (O Livro dos médiuns, questão 267), podem se reconhecer os espíritos pelas qualidades de suas manifestações: resumindo, em dois blocos:
Bloco 1
Pelo bom senso. Pelo nível da linguagem e seus conselhos. Pela indução ao bem ou ao mal. Pela circunspecção ou trivialidade. Pelo sentido íntimo de sua fala. Pela coerência entre a forma e o conteúdo. Pelas afirmações gratuitas ou sérias. Pelas supostas predições do futuro. Pelas expressões claras ou sofisticadas. Espíritos bons não se impõem. Não lisonjeiam. Espíritos superiores têm idéias elevadas. Não usam nomes bizarros.
Bloco 2
Espíritos superiores não induzem a diligências indevidas. Espíritos bons não mistificam. Não fazem insinuações. Espíritos elevados só aconselham conforme a caridade evangélica. Espíritos bons não se afastam do bom senso e da racionalidade. Não agitam o médium. Apenas espíritos imperfeitos sugerem animosidade. Espíritos superiores não carregam as manias que tiveram na terra. Sinal de ostentação não reflete superioridade do espírito. A ciência terrena nem sempre é válida no mundo espiritual. Gracejos, mas não sátiras, refletem o bom caráter do espírito. Os espíritos se reconhecem também do ponto de vista moral. Enfim, para julgar os espíritos é preciso saber julgar a si mesmo.
(Emílio Vieira, professor universitário, advogado e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa. E-mail: [email protected])