Opinião

Projeto de Lei 3982/15: uma conquista dos produtores do Proálcool

Diário da Manhã

Publicado em 21 de dezembro de 2017 às 22:13 | Atualizado há 7 anos

É com sen­ti­men­to de de­ver cum­pri­do que des­ta­co uma im­por­tan­te vi­tó­ria dos pro­du­to­res ca­das­tra­dos no Pro­gra­ma Na­ci­o­nal do Ál­co­ol – PRO­ÁL­CO­OL. Nes­te mês de de­zem­bro ti­ve o hon­ro­so pa­pel de re­la­tar o Pro­je­to de Lei nº 3.982, de 2015, que tem co­mo fo­co a re­ne­go­ci­a­ção de dí­vi­das de ope­ra­ções de cré­di­to ru­ral ou agro­in­dus­tri­al con­tra­ta­das por pro­du­to­res e su­as co­o­pe­ra­ti­vas.

O PRO­ÁL­CO­OL é um pro­gra­ma re­vo­lu­ci­o­ná­rio, cri­a­do em me­a­dos dos anos 70, de­vi­do à cri­se mun­di­al do pe­tró­leo, e que ti­nha co­mo in­tui­to es­ti­mu­lar a pro­du­ção de eta­nol pa­ra su­prir os mer­ca­dos in­ter­no e ex­ter­no, as­sim co­mo aten­der à po­lí­ti­ca de com­bus­tí­veis au­to­mo­ti­vos. Po­rém, os pro­du­to­res que ade­ri­ram ao pro­gra­ma no iní­cio de sua vi­gên­cia se en­con­tram em sé­rias di­fi­cul­da­des fi­nan­cei­ras, ori­gi­na­das, prin­ci­pal­men­te, pe­la au­sên­cia de va­ri­e­da­des de ca­na-de-açú­car, em de­cor­rên­cia das lo­ca­li­da­des ina­pro­pria­das pa­ra o cul­ti­vo e a va­ri­a­ção no pre­ço.

O Pro­je­to de Lei nº 3.982, de 2015, é uma vi­tó­ria que não se res­trin­ge ape­nas aos pro­du­to­res do com­bus­tí­vel, mas que se es­ten­de co­mo uma con­quis­ta de to­da a so­ci­e­da­de bra­si­lei­ra. Afi­nal, além da re­du­ção dos im­pac­tos am­bien­tais, exis­tem pers­pec­ti­vas de ele­va­ção do con­su­mo do ál­co­ol mun­di­al­men­te, co­mo for­ma de so­lu­ci­o­nar o pro­ble­ma ener­gé­ti­co e de va­lo­ri­zar as fon­tes re­no­vá­veis de com­bus­tí­vel. Gra­ças ao nos­so po­ten­ci­al de pro­du­ção de de­ri­va­dos da ca­na-de-açú­car, o Pa­ís tam­bém é o mai­or ex­por­ta­dor mun­di­al de açú­car. Só no mês de no­vem­bro de 2017, ex­por­ta­mos 134,8 mi­lhões de li­tros de eta­nol, um au­men­to de 233,7% em re­la­ção ao mes­mo pe­rí­o­do do ano an­te­ri­or, se­gun­do da­dos di­vul­ga­dos pe­lo Mi­nis­té­rio da In­dús­tria, Co­mér­cio Ex­te­ri­or e Ser­vi­ços.

Mes­mo di­an­te da cri­se fi­nan­cei­ra ge­ne­ra­li­za­da que atra­ves­sa­mos nos úl­ti­mos anos, o Pa­ís es­tá em ple­na re­cu­pe­ra­ção eco­nô­mi­ca e o in­cen­ti­vo que au­xi­lia os pro­du­to­res des­sa im­por­tan­te fon­te de com­bus­tí­vel re­no­vá­vel de­ve re­to­mar o cres­ci­men­to do se­tor e re­cu­pe­rar as per­das so­fri­das nos úl­ti­mos anos. Se­gun­do a agên­cia in­ter­na­ci­o­nal de no­tí­cias Reu­ters, com a que­da na fa­bri­ca­ção de açú­car, as usi­nas do Cen­tro-Sul do Pa­ís de­vem des­ti­nar mai­or par­ce­la de ca­na-de-açú­car pa­ra a pro­du­ção do bi­o­com­bus­tí­vel na sa­fra 2018/2019, o que re­sul­ta­rá em um au­men­to de 5% na pro­du­ti­vi­da­de do eta­nol.

Es­sa re­ne­go­ci­a­ção bus­ca re­ver­ter o qua­dro de­sa­ni­ma­dor no se­tor su­cro­al­co­o­lei­ro, pois es­ta­be­le­ce con­di­ções pa­ra a re­cu­pe­ra­ção da ca­pa­ci­da­de de pa­ga­men­to dos pro­du­to­res, tor­nan­do vi­á­vel a li­qui­da­ção de dí­vi­das ho­je ti­das co­mo im­pa­gá­veis.

Com o pro­je­to, fi­cam es­ta­be­le­ci­das as se­guin­tes con­di­ções pa­ra re­ne­go­ci­a­ção: atu­a­li­za­ção do sal­do de­ve­dor a ser re­ne­go­ci­a­do, pe­los en­car­gos de nor­ma­li­da­de, com ex­tin­ção de mul­tas ou qua­is­quer en­car­gos por ina­dim­ple­men­to; re­ba­te na da­ta da re­ne­go­ci­a­ção de 50% so­bre os sal­dos de­ve­do­res atu­a­li­za­dos; pra­zo de pa­ga­men­to do va­lor ne­go­ci­a­do de até quin­ze anos, com até três anos de ca­rên­cia e en­car­gos fi­nan­cei­ros com ta­xa efe­ti­va de ju­ros de 3% ao ano. As­sim, ga­nham fô­le­go os pro­du­to­res e es­pe­ran­ça pa­ra a re­to­ma­da da eco­no­mia do se­tor su­cro­al­co­o­lei­ro na­ci­o­nal.

 

(Ro­ber­to Ba­les­tra é de­pu­ta­do fe­de­ral pe­lo Par­ti­do Pro­gres­sis­ta)

 


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