Reforma das instituições
Diário da Manhã
Publicado em 13 de março de 2018 às 22:59 | Atualizado há 7 anos
Tem razão o ministro Gilmar Mendes quando adverte para a necessidade de reformas de nossas instituições. Sua análise é, porém incompleta pois, na sua visão, há uma hipertrofia de algumas instituição pelo excesso de poder e autonomia financeira e administrativa concedidos a elas, propiciando, não raramente, a prática de abuso de poder, até mesmo diante de outras instituições. Fossem apenas estes os problemas de nossas instituições, até que não seria muito difícil corrigi-los. A questão, no entanto, parece-me estar na competência e seriedade de seus gestores e membros. A ação ou omissão dos que têm a obrigação de gerir o país, sejam eles políticos ou servidores profissionais, levou à total desmoralização do Estado brasileiro. A consequência disto? O surgimento de um Estado paralelo, comandado com mão de ferro pelo crime organizado, que aterroriza e faz refém cidades inteiras, mas, em especial, a população mais pobre. Que faz ameaças veladas ao Estado, como a que enfrenta agora o ministro da Segurança Pública, Raul Jugmann, que tem seus passos seguidos. Além das ações do crime organizado, há as do crime em outro nível, o do colarinho branco, que não usa a força física, mas a capacidade de corromper as instituições através da corrupção. Corrupção que, registre-se, é arma também da marginalidade. São problemas que, se agravam com o silêncio cúmplice da população que a tudo assiste de forma pacífica, ou amedrontada e, para justificar-se, iguala a todos, com o argumento pobre de que bandidos e governantes são a mesma coisa. Pode ser. Se esquecem, porém, criminosos são todos nós que agimos como cúmplices silenciosos, vendo nossos direitos serem desrespeitado por todos os tipos de malandros que infestam o país. Esta cumplicidade ainda vai custar muito mais caro ao país e, quando quisermos reagir, já não teremos como.
(Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil e jornal Tudo BH)