Rombo na OAB Goiás é superior a 23,1 milhões
Diário da Manhã
Publicado em 20 de março de 2018 às 22:37 | Atualizado há 7 anos
No final do ano em curso serão realizadas eleições para administração da Seccional Goiana da Ordem dos Advogados, no triênio 2019/2021, abrangendo Conselheiros Seccionais, Conselheiros Federais, Diretorias do Conselho, da Caixa de Assistência, da Escola de Advocacia e de todas as Subseções do Estado.
O voto é obrigatório para todos advogados quites com a Tesouraria da instituição. Continua em vigor o famigerado sistema de “Chapa Única”, segundo a qual o advogado vota em uma chapa com mais de 80 nomes. De tal forma, o eleitor vota em quem não quer e deixa de votar em quem gostaria porquanto, certamente, deverá constar candidatos de sua preferência nas diferentes chapas. Ninguém gosta da Chapa Única mas nada muda, por enquanto. Como consequência, acontecem muitos votos em branco ou nulos, além das abstenções.
Tudo indica que existirão apenas duas chapas, embora haja movimento no sentido de uma terceira em que disputaria a Presidência uma mulher. Duas chapas já estão definidas. A oposição capitaneada por Pedro Paulo Medeiros, formada por um conglomerado de grupos oposicionistas, destacando-se a OAB Forte que desmandou os destinos da OAB Goiás mais de 20 anos. A situação, provavelmente, continuará com o atual Presidente Lúcio Flavio Siqueira na cabeça, procurando a reeleição.
Enquanto a oposição tenta ganhar espaço na mídia e na propaganda corpo a corpo, neste primeiro semestre, a situação se nega a discutir eleições, preferindo administrar, deixando para comentar processo eleitoral no segundo semestre. A estratégia parece ser correta, pois deixa os contrários falando sozinhos.
A atual situação foi esvaziada em razão de alguns Conselheiros passarem para a oposição, ou seja: foram oposição anos e anos seguidos; vitoriosos, ficaram pouco tempo na situação, voltando a ser oposição. Certamente que muitas justificativas existem, mas a preponderante refere-se a interesses contrariados.
O discurso dos opositores é bastante fraco. Os dissidentes alegam que o atual Presidente é autoritário e não cumpriu várias promessas de campanha. Os verdadeiros opositores, o que sobrou da falecida OAB Forte, que mandou e desmandou na OAB Goiás mais de duas décadas, não têm muito o que falar. Assim, o foco principal gira em torno do saldo de caixa quando a atual administração recebeu a OAB Goiás, em 1º janeiro de 2016.
Os vigentes administradores afirmam que duas auditorias contábeis, uma realizada pelo Conselho Federal da OAB e outra executada por uma empresa particular, apontaram um saldo negativo de mais de 23 milhões de reais, ou mais precisamente 23,1 milhões, na Seccional Goiana, dos quais já foram pagos 2/3 em dois anos. O grupo OAB Forte argumenta que não há déficit e sim investimentos, porquanto aumentaram o patrimônio material da instituição. Ora, OAB não é uma empresa particular que deve investir, sacrificando a categoria dos advogados, cobrando anuidades escorchantes. Seu objetivo principal é a fiscalização ética da profissão. Mas ai falhou de forma inescrupulosa, pois além de não defender o exercício ético da advocacia, a “banda podre” da OAB Forte falsificou Processo Ético (Processo n. 2.714/99) com asquerosos objetivos de manter-se no poder.
Deixando o lado ética, esquecendo o falsificação de processo e atendo exclusivamente ao aspecto financeiro relativo ao saldo de caixa, o desequilíbrio foi bem maior do que os 23,1 milhões de reais, isto porque o Grupo OAB Forte recebeu a instituição, de minhas mãos, em 02-02-1995, com saldo de caixa superior a 1,8 milhão de reais. O Processo de Prestação contas do último ano de minha administração desapareceu (Processo n. 14/95). O saldo de caixa igualmente desapareceu. Ou seja, evaporou. Não entrou na contabilidade da Seccional nos anos de administração da OAB Forte. Não há como saber o que aconteceu, pois inexiste qualquer registro. Aliás, em matéria de transparência a OAB Forte merece nota “0”.
Em um raciocínio simples, os 1,8 milhão de reais corrigidos até 31 de dezembro de 2016, quanto entregou a OAB Goiás para a atual administração, totaliza mais de 7,9 milhões de reais. Os 7,9 milhões que a OAB Forte recebeu no final de minha administração mais os 23,1 milhões de déficit deixados quando entregou a Seccional para a atual administração somam 32 milhões. Conclusão: o rombo na OAB Goiás é superior a 23,1 milhões de reais.
(Ismar Estulano Garcia, escritor)