Opinião

Santillo e o Tocantins

Diário da Manhã

Publicado em 10 de março de 2017 às 01:58 | Atualizado há 8 anos

Goianyr Barbosa, ex-prefeito de Almas e da Associação Tocantinense de Municípios, convidou-me para importante evento a ser realizado em Palmas  no dia  15 desde mes (15/03/2017), em homenagem ao ex-governador de Goiás Henrique Santillo. Então,  será  descerrada a placa que, cumprindo lei aprovada pela Assembléia Legislativa, denomina  “Rodovia Governador Henrique Santillo”  a TO 050, que faz a ligação Porto Nacional-Arraias. Ressaltou a amizade e a importância de Henrique Santillo para a antiga região Norte de Goiás, hoje o Estado do Tocantins.

Trata-se de homenagem das mais justas, tendo em vista o apoio de Santillo à criação do novo Estado, coroando uma luta mais que centenária. Um dos pressupostos adotados  pela Constituinte de 88 para a criação de novas unidades federadas foi a da ausência de controvérsias no âmbito do Estado a ser dividido. Em Minas Gerais, campanhas antigas pela criação de novas unidades, a exemplo  da que pretendia o Estado do Triangulo, não obtiveram êxito. Houve forte resistência. Cada parlamentar constituinte foi contactado. Todos receberam kits  contendo produtos mineiros. Um deles continha os famosos queijos e uma faca, com os dizeres: “Corte o queijo, mas não corte Minas”. A Bahia  reagiu  aos esforços pela implantação do Estado de Santa Cruz:  “A Bahia não se divide”,  insistiu. Em Goiás, se o principal concorrente de Santillo, o ex-governador e então senador Mauro Borges tivesse vencido, tudo estaria como   antes. Mauro, até por amor a Goiás (creio ter sido este o seu sentimento), manifestou-se contrariamente. Já Santillo comprometeu-se com as lideranças tocantinenses pela divisão do  Estado  desde a campanha eleitoral de 1996, da qual sairia vitorioso, a mesma que elegeria a Constituinte encarregada de votar a atual Constituição. Empossado, designou-me na condição de secretário do Interior, para comparecer as reuniões mobilizadoras nas diversas cidades. Em dois pequenos aviões, um do Governo de Goiás e outro do Grupo Jaime Câmara, rumamos para Arraias, Cristalândia, Gurupi, Porto Nacional, Paraíso do Norte (hoje Paraíso do Tocantins), Tocantinópolis,  Paranã, Araguaína. Entre outros lideres pró-Tocantins, estavam João da Rocha Ribeiro Dias, então diretor do Grupo Jaime Câmara, mais tarde senador pelo Tocantins, hoje empresário;  Darcy Martins Coelho, magistrado federal aposentado, depois vice-governador e deputado federal pelo novo Estado; Adão Bonfim Bezerra, brilhante promotor público, que foi procurador geral de Justiça do Tocantins e de Goiás; economista  Célio Costa;  deputado Totó Cavalcante, nas pessoas dos quais gostaria de estar homenageando todos aqueles visionários idealistas que tanto lutaram pelo  Tocantins.  Em todas as oportunidades, reafirmei a palavra empenhada pelo governador Santillo de apoio ao projeto. Agora, com alegria, vemos que tudo deu certo:  Palmas,  idealizada e implantada  por José Wilson Siqueira Campos, o primeiro governador do Tocantins,  lá está, moderna,  futurista,  uma  Brasília em porte menor. Assim como JK e Ludovico, Siqueira tem garantida a imortalidade, sonho de muitos e glória de pouquíssimos.

Quanto ao acerto da implantação do Tocantins, creio que as evidências  são fartas e caudalosas como  o rio que lhe dá nome.  Antes, pouco antes, partindo de Gurupi  por estrada de chão em direção a Natividade (povoação de cerca de 300 anos, fruto da cobiça pelo ouro e pedras preciosas),  tinha-se que  atravessar em balsas os  rios Santa Tereza, Tocantins e Manoel Alves.  Agora, Natividade é servida por diversas vias asfaltadas que a ligam a todo o País.  O futuro chegou, enfim.

O evento em homenagem a Henrique Santillo  será prestigiado pelas presenças de, entre outros, seu irmão Ademar Santillo, que autografará, na Assembléia Legislativa, o livro “Da Colônia de Cocais aos Palácios”. que narra a saga da Família Santillo, capitaneada pelo patriarca Virgínio.  Família de luta, cultora de ideais, de cujos exemplos Henrique Santillo merece destaque.

 

(Valterli Guedes, jornalista, advogado, presidente da Associação Goiana de Imprensa – AGI)


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