Opinião

Se as filas falassem

Redação DM

Publicado em 25 de agosto de 2015 às 22:57 | Atualizado há 10 anos

A Lei Municipal nº 7.867, a chamada lei das filas bancárias, surgiu com o objetivo de oferecer aos clientes atendimento em tempo razoável nas agências bancárias de Goiânia. É coisa de primeiro mundo. Porém, o legislador não levou em conta que os bancos atendem seus próprios clientes e, ainda, os usuários da Celg, da Saneago, do INSS, das operadoras de telefonia fixa e móvel, e também os contribuintes do governo federal, estadual e municipal. O estranho é que as agências lotéricas não estão sujeitas ao cumprimento da referida lei. Deveriam estar, pois, nas lotéricas formam-se longas e demoradas filas, muitas vezes até pela calçada afora. As lotéricas equiparam-se a agências bancárias, vez que executam todos os serviços bancários: depósitos, saques, retiradas, fornecimento de saldo de contas correntes, transferências financeiras, recebimento de contas (água, luz, telefone, tributos governamentais) e boletos dos mais diversos.

O pior de tudo é que o legislador esqueceu que as filas nos centros e postos de saúde são intermináveis, e que os cidadãos esperam anos por uma consulta médica ou uma cirurgia nos hospitais públicos. O legislador esqueceu que muitos pacientes morrem antes de conseguirem uma vaga num hospital público ou em UTI, pelo SUS. O legislador não levou em consideração que os usuários do transporte coletivo ficam durante mais de uma hora nos pontos de ônibus, sob o sol ou a chuva. O legislador não levou em conta as longas e demoradas filas que se formam no Detran, etc. etc. É óbvio, antes de exigir, o governo deveria dar o exemplo.

Resido perto de uma agência bancária. Todos os dias, a partir das 8h30min, formam-se filas na porta da agência, na calçada. Os clientes esperam até abertura das portas para atendimento ao público, às 10 horas. É lógico, os primeiros da fila esperam por mais de uma hora e meia. Uma vez dentro da agência, esses mesmos clientes, se não forem atendidos em 20 minutos, reclamam aos órgãos de fiscalização. Entenda quem puder.

 

(Tannous Hanna Ajouz, associado da AGI)

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