Sejamos semeadores da paz
Redação DM
Publicado em 24 de janeiro de 2016 às 20:39 | Atualizado há 9 anos
“Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”. Evangelho de Mateus, 5:9
A humanidade atravessa um período de turbulências muito grandes em que a maldade causa inúmeras dores e sequelas, principalmente nos mais fracos e desvalidos. Nações guerreiam contra nações, irmãos se digladiam entre si, pais e filhos não se entendem de modo harmonioso e as crises se prolongam com suas mais nefastas consequências. Fome, doenças, miséria, corrupção desenfreada, confiança na impunidade gerando mais crimes. Tudo isto tem origem no desamor que permeia os sentimentos humanos e que impõem uma tomada de posição.
Em nosso País a realidade é um puro reflexo do que assistimos pelo mundo afora. Há tanta maldade grassando que muitos chegam a desacreditar na honra, na bondade dos homens e na possibilidade de melhora. E é precisamente em situações extremas assim que é preciso buscar a serenidade das ações para conseguirmos superar esse ciclo vicioso e apontarmos saídas viáveis para vencer a maldade e trazermos a paz para nosso meio.
Uma variante de uma filosofia milenar indica que a paz não é uma simples ausência de guerra, mas a presença perene de amor. E essa visão deve ser a luz a indicar o caminho que devemos seguir para vencer esses percalços, superando crises e vencermos as dificuldades. O filósofo holandês Baruch Spinosa ensinou que “a paz não é ausência de guerra; é uma virtude, um estado mental, uma disposição para a benevolência, confiança e justiça”.
Vamos nos debruçar sobre a reflexão sobre o quanto poderemos vencer crises se pudermos semear a paz entre nós. Em todos os sentidos e com todas as amplitudes que seja possível. Um dos santos católicos mais carismáticos, São Francisco de Assis, tinha por hábito inscrever sua benção nas cartas que enviava a seus confrades com uma frase de ímpar sabedoria grafada em latim: “Pax et Bonum”, simplesmente “Paz e Bem”.
Creio que o culto a essas duas virtudes possa nortear as ações dos homens e mulheres de boa intenção. O bem é a mais poderosa força para neutralizar o mal. O bem pulveriza o mal como uma ínfima fagulha de luz dissipa as trevas ao brilhar. Isso significa que não podemos alimentar o mal de modo algum. O princípio da pacificação começa por distribuirmos bondade em todos os sentidos, negando o prosseguimento do mal. Os homens livres e de bons costumes precisam ser constantemente semeadores de paz e de bondade em todos os lugares onde lhes seja possível agir para construir situações concretas em que esses valores vençam e superem a barreira do discurso, passando para a ação efetiva de construir um mundo mais justo e fraterno.
E isto precisa ser praticado em todos os atos que desempenharmos. Virtudes como tolerância, disciplina para vencer as vontades, exercício da fraternidade devem ser cultuadas a todo instante para não nos perdermos nas armadilhas que a maldade nos arma. Ter tolerância significa reconhecer que os que erram incorrem nesse equívoco por limitação e a grandeza de nosso espírito precisa ser provada ao indicarmos a quem erra o caminho correto, com bondade e vontade de chamar à pacificação.
Somos obrigados a conviver com situações extremas como assaltos com vítimas fatais, mesmo entre nossos queridos, devastações naturais que ceifam vidas e destroem plantações que mitigariam a fome, impunidade desenfreada que gera cada vez mais crimes, sensação de impotência diante das impiedades dos homens. Tudo isto são provações que somos sujeitos todos os dias, mas só poderemos vencer isto se pautarmos nossas ações pela busca da pacificação e que o bem sempre vença.
Superar as dores é o primeiro desafio para prosseguirmos tentando colocar paz e bondade em nossos caminhos. Significa acreditar sempre que poderemos construir um País melhor com justiça social e em que valores tão caros para nós, como a liberdade, a igualdade e a fraternidade imperem de modo efetivo.
Quero chamar a fraternidade maçônica para essa reflexão. Sempre que um de nós estiver no auge da raiva com alguma situação e antes de brandir palavras destruidoras sobre alguém ou sobre alguma ação qualquer façamos uma pequena prece para que o Grande Arquiteto Do Universo, em sua infinita bondade e sabedoria revele o caminho da justiça e da perfeição que devemos trilhar para construir o melhor dos conjuntos de vida para nós e nossos semelhantes.
Com serenidade e foco na pacificação e bondade haveremos de colaborar muito para que o Brasil supere as dificuldades contemporâneas e volte a ser a nação que sempre sonhamos em ter.
Adolfo Ribeiro Valadares é Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás