Opinião

Será que a impunidade acaba?

Redação DM

Publicado em 28 de março de 2017 às 02:19 | Atualizado há 8 anos

Quando se deseja controlar a presença incômoda de alguns tipos de animal, roedores por exemplo, é preciso adotar medidas profiláticas, capazes de impedir a sua multiplicação. Higienizar o ambiente, cortar a cadeia alimentar são práticas fundamentais, sem as quais não se controla a população e a ação daninha dos animais. Esta ação profilática poderá, e se espera que seja, ser o grande resultado  das operações de combate à corrupção- Lava Jato a mais conhecida delas. Ao identificar, expor à sociedade a face dos corruptos e, mais do que isto, trancar  porta aos que  desejam fazer da atividade política não uma forma de servir à sociedade, mas um caminho mais curto para o enriquecimento a qualquer custo, promoverão uma mudanças radical na política brasileira. O afastamento destes aproveitadores será uma consequência natural do fim da impunidade e do fim de fontes tradicionais de ganhos, como os recursos de campanha e os apadrinhamentos para empregos futuros. É como modificar o ambiente em que vivem e proliferam os animais indesejados. Sem terem como se alimentar, eles morrem ou simplesmente mudam. Se conseguirmos afastar este tipo de gente da política, certamente que abriremos espaço para a volta dos realmente comprometidos com a boa prática política. Afastar esta gente, abrindo espaços para os aproveitadores, como resultado da alienação do povo, certamente foi o crime maior cometido pelo regime militar ao país. Afastar este grupo não é tarefa de um piscar de olhos. É preciso punir com rigor os que já praticaram os crimes e secar as fontes da atração. Servir, ser protagonista da construção da sociedade não é tarefa para quem busca bônus. Esta é uma missão com muitos ônus e os que se propõem a realizá-la devem estar consciente de que a recompensa pelo seu trabalho que, claro, deve ser justamente remunerado como qualquer outro, deve ser o reconhecimento de sua gente. Até porque a atividade pública não é para fazer milionários. Ou bilionários, como no Brasil.

 

(Paulo César de Oliveira, diretor-geral da revista Viver Brasil e do jornal Tudo)


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