Só mesmo nascendo das flores…
Diário da Manhã
Publicado em 14 de janeiro de 2016 às 22:37 | Atualizado há 9 anos
Margareth era casada com Pedro Vilar e viviam felizes com o filhinho de três anos, de nome Paulo – o “Paulinho”, de ambos.
Só que Margareth apaixonou-se perdidamente por Carlos, um encanador solteiro que também a adorava.
Os encontros de ambos eram furtivos e tornaram-se habituais, sem que Pedro Vilar tomasse conhecimento disso.
É verdade que o pai de Paulinho chegava em casa e encontrava a esposa muito diferente de antes. Não era mais aquela companheira alegre e afetuosa.
Estava ríspida até mesmo com o filhinho.
Pedro não conseguia compreender a consorte e, por isso mesmo, passou a dedicar mais atenção ao filhinho querido.
Certa tarde, chegando em casa, deparou com um quadro estuporante!
Não sou de relatar quadros dessa natureza. Mas o farei desta vez com breves pinceladas para não conturbar muito o leitor…
Chegou em casa e encontrou o filhinho morto, estendido no leito, olhinhos abertos: fora envenenado pela mãe.
Não consigo definir o desespero que tomou de assalto o coração daquele pai.
Sobre uma pequena mesa estava um copo contendo, metade, de um líquido venenoso, e sob o copo, o seguinte bilhete a Vilar:
“Pedro:
Fite, atentamente, os olhos do seu filhinho.
Você será bastante homem para seguir o mesmo caminho que destinei ao nosso Paulinho?”
E sem o propósito de suicidar-se, mas acreditando poder realmente alcançar ainda a alma do filhinho tão querido – a sugestão de Margareth foi acolhida pelo marido então inconsciente pela grande dor.
Isto fizera a esposa para desvencilhar-se dos compromissos conjugais com Pedro Vilar, no sentido de encetar fuga com Carlos, o novo eleito do seu coração.
Cenas como esta ocorrem nas paragens dos homens.
Mas haverá de chegar o dia em que as crianças não serão vítimas de mais ninguém. Dia chegará em que as crianças terão paz digna delas.
Por enquanto, bem melhor seria se as criancinhas fossem filhas das flores que perfumam os campos e que são beijadas pelo aljôfar da noite e, de manhã, pelos raios de sol.
(Iron Junqueira, escritor)