Só uma greve geral pode socorrer o Brasil
Diário da Manhã
Publicado em 4 de agosto de 2018 às 23:06 | Atualizado há 7 anos
Estava no boteco tomando um cafezinho com os amigos, mas cafezinho daqueles, medrosos, que vêm acompanhados. Servidos com cubinhos de queijo, de pamonha frita, de presunto, torradinha, e muito blá-blá-blá. Danado de bom.
Como sou fã de piada, de zoação! E numa hora assim, é o que rola. Cá pra nós, tem coisa melhor do que uma conversa debochada entre amigos? Pois é, tendo jeito não perco uma, da mesma forma que ultimamente corro de um papo de terno e gravata (ao estilo resolvendo problema; que, aliás, de problema só quero a solução).
Agora, meu amigo, quem não está na roda do boteco e passar perto de uma, quando já estiver um pouco distante, pode esperar que as orelhas vão arder; e se passar mulher bonita ou homem requebrando, ai ai ai.
De volta ao que me trouxe neste cantinho hoje. As risadas corriam soltas durante o cafezinho, até que a pauta do bate-papo me colocou em foco. Um gaiato entendeu de dar solução ao que vem se tornando quase impossível por aqui.
– Então, -virando-se para o meu lado- de que jeito podem ser eliminados tantos desajustes na educação, na saúde, na previdência, nas condições gerais do povo, se nem com a presença da Lava Jato está adiantando?
É um gaiato mesmo -pensei com os meus botões. Se a cadeia não amedronta, logo eu achar a saída? Fiz silêncio por segundos, e me veio um “estalo de Vieira”.
– Muito simples -ataquei: só uma greve geral pode socorrer o Brasil.
– Tá louco, cara! Outro dia, os caminhoneiros pararam o país e deu foi um prejuizão danado e você propõe paralisação de novo.
– Calma! Tome um cafezinho. A minha ideia é a seguinte: com a situação de zero possibilidade de mudanças nos quadros políticos (não ocorrerá renovação alguma, além de eles mesmos terem consciência de que nada farão para melhorias), o único caminho será uma greve geral dos políticos em 2018, e nenhum deles se candidatar. Entreguem para o povo a sujeira que ele rapidinho faz a faxina.
Fui aplaudido de pé. Taí porque gosto de tomar cafezinho no boteco.
(Iram Saraiva, ministro emérito do Tribunal de Contas da União)