Sou a favor das terceirizações!
Redação DM
Publicado em 23 de abril de 2015 às 02:43 | Atualizado há 10 anosHá quase 11 anos o então deputado federal Sandro Mabel apresentou o Projeto de Lei nº4330, disciplinando e regulamentando as terceirizações para o mercado de trabalho. Entre idas e vindas, “gavetas e armários” da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha, resolve colocar este projeto em votação.
Li opiniões de diversos grupos empresariais e vários segmentos da sociedade civil. É um projeto que mexe com a vida profissional de todos os brasileiros. Muito se tem falado do “custo Brasil”, ou seja, a alta tributação, o excesso de leis anacrônicas e uma mão de obra, em grande parte, ineficiente. Isto faz do mercado de trabalho brasileiro um dos obstáculos para a modernização industrial. A criação da CLT – Consolidação das Leis de Trabalho, em 1943 “domesticou” a mão de obra. Os funcionários são induzidos, em achar que o Estado brasileiro tem que exercer a função de “pai” e “protetor”, conforme as atitudes do seu então presidente da República, Getúlio Vargas que a promulgou.
Mas, o que se vê em pleno século XXI são as grandes potências econômicas crescerem e se modernizarem. A mão de obra brasileira está cada vez mais cara e sem qualificação. Este tema inclusive, a falta de qualificação, nos remete à época da colonização portuguesa, aqui no Brasil. Escolas e universidades só foram construídas no início do século XIX, um atraso de quase 1000 anos em relação a países mais desenvolvidos.
A terceirização objeto deste artigo vai servir para organizar e implantar uma nova relação entre empregado e empregador. Em outros países, como Estados Unidos, a relação é B2B, ou seja, business to business. O que isso significa? Que os empresários não têm funcionários, mas sim parceiros comerciais. E estes se encontram no mesmo nível hierárquico, e que ambos têm que lutar para gerar resultados e lucro para a empresa na qual trabalham. Aqui no Brasil, pouquíssimos pensam desta maneira. Acham que patrão rico é sinônimo de explorador e mau-caráter.
Mas, por que não terceirizar toda a atividade da empresa? Hoje, o Brasil só pode terceirizar atividades-meio, como segurança, limpeza e assessorias. Aí entra os sindicatos, com medo de perder poder e dinheiro através das contribuições. Eles nunca pensaram na melhoria de vida dos seus representados. Há várias manifestações contra o projeto de lei ocorrendo no Brasil. Estes sindicatos usam palavras de ordem, gritam, falam mal, mas no fundo querem continuar nesta “zona de conforto” que constitui a relação trabalhista brasileira.
Um dos principais pontos de discórdia está na terceirização das atividades-fim da empresa. O Supremo Tribunal Federal (STF), guardiã da nossa Constituição Federal, julgou legal a aceitação das Organizações Sociais (OS) como entidades aptas a terceirizar atividades-fim de um Estado de Direito: Educação e Saúde. E aqui em Goiás, temos tido exemplos de sucesso neste tipo de parceria.
E a lei, se aprovada, beneficia também a geração Y. Jovens entre 18 a 25 anos que nasceram dentro de uma era totalmente tecnológica. A sua cabeça difere muito dos seus antecessores. Ficar na empresa durante toda a vida, não existe mais. E com a Lei aprovada, muitas oportunidades de empreendedorismo se abrirão para estes jovens. Possibilidades de abrirem os seus próprios negócios para atenderem determinado segmento empresarial.
Vejo mais benefícios do que problemas nesta Lei. Vivemos em um país democrático, e o exercício da liberdade de expressão serve para todos os brasileiros. Precisamos colocar o Brasil, de novo, na rota do crescimento mundial. E para isso precisa ter leis que respeitem e que se adaptem à nova realidade mundial. Muitas empresas até gostariam de se instalar aqui, porém a atual legislação trabalhista impede que a globalização realmente atinja todos os continentes, e todos os países. Marshall McLuhan na década de 60 levantou o conceito de aldeia global, e até hoje é debatida por especialistas onde todos estariam interligados, por meio da tecnologia. Talvez este conceito vire realidade aqui no Brasil!
(Juliano Silvestre, administrador de empresas com MBA em Marketing, coach e professor. E-mail: [email protected] – blog: [email protected])