Opinião

Terminal vida

Redação DM

Publicado em 16 de maio de 2017 às 02:46 | Atualizado há 8 anos

A vida lembra um grande terminal aéreo de embarque e desembarque, tem sempre gente chegando; tem sempre gente partindo.

A única diferença é que a gente que vem e vai não traz nem leva bagagem. Quer dizer que saímos daquí e entramos aquí pobres como Jó.

Evitam-se assim o extravio de bagagens, as dores de cabeça associadas aos trâmites burocráticos do seu difícil resgate, mesmo porque não as há. Nem as deverá haver.

Não se iluda todavia o viajante com essa flagrante comodidade. Se não levamos malas além, levamos daqui as nossas atitudes. Aquilo que realizamos de bom ou mal em vida. Isto há de certamente pesar lá, ecoar lá, no fiel da balança, uma vez despachado com a gente, onde deverá necessariamente ser julgado por um Excelso Tribunal de Anjos, sob a presidência da Suma Potestade.

Se o passageiro não corre o risco de perder as malas, mesmo porque não existem, naturalmente não corre o risco de ter de pagar pelo seu embarque.

Há de pagar todavia, sem a menor dúvida, pelos seus atos, lá na outra margem.

Recordamo-nos que o protagonista do filme Gladiador, Máximus Décimus Meridius, interpretado pelo ator Russell Crowe, diz, em uma das cenas mais vertiginosas de batalha, “o que fazemos na vida ecoa na Eternidade.”

Máximus refere-se naturalmente às nossas atitudes. Só elas, por pertencerem ou interessarem visceralmente à esferal espiritual, é que ecoam na Eternidade. Como de fato hão de ecoar e ser sopesadas no excelso Tribunal da Verdade.

Já nossos bens, ou as nossas coisas, por pertencerem ou interessarem ao mundo físico, hão de certamente continuar ou ecoar no mundo físico. Por serem matéria.

Tudo é uma questão de pertencer ou interessar aos mundos espiritual e material.

E ponto final.

 

(Pedro Nolasco de Araujo, escritor)

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