Tolerância zero às irregularidades
Redação DM
Publicado em 5 de abril de 2017 às 02:51 | Atualizado há 8 anosA descoberta de atos de corrupção entre os responsáveis pelo controle sanitário da carne, divulgada de forma inadequada, causa vultosos prejuízos econômicos ao país e aos produtores dessa cadeia de alimentos. Escancara-se a fragilidade brasileira no controle de seus serviços, especialmente no sensível mercado de alimentos. Mais significativa do que as perdas econômicas imediatas e de médio prazo é a derrocada da nossa credibilidade no mercado. Não é exagerado concluir que o remédio administrado debilitou o paciente, fazendo-o descer muitos degraus na escala da confiança do consumidor nacional e estrangeiro.
O governo luta para minimizar os efeitos dessa derrocada. Executa grande auditoria no setor, pune irregularidades encontradas e noticia o ocorrido, destacando as soluções exigidas e o baixo número de estabelecimentos problemáticos (menos de 30) num universo de quase 5 mil. O ministro da Agricultura anuncia medidas duras contra os que registrarem problemas por três vezes seguidas, o que, na opinião geral, é um prazo demasiado grande para a solução. Todos os frigoríficos e titulares de serviços diretamente ligados aos alimentos e à saúde da população deveriam operar no sistema de tolerância zero. Ter suas portas lacradas e a atividade encerrada exatamente no momento em que se contata a irregularidade. Afinal, são serviços licenciados e de acompanhamento permanente das autoridades sanitárias públicas. Basta uma irregularidade para que a segurança do consumidor e a imagem do negócio estejam em risco. E, sendo assim, há que parar.
Desafortunadamente, vivemos numa sociedade leniente. Os que descumprem as leis, em todos os setores, contam com incontável gama de recursos que os livram de arcar com suas responsabilidades pelos crimes que cometem. Isso tem levado a nossa democracia cantada em prosa e verso à se parecer mais com anarquia, onde cada qual faz o que quer e ninguém tem garantias. Recentemente, os tribunais passaram a encarcerar os condenados em segunda instância que antes recorriam soltos até conseguirem a prescrição de seus crimes. A Lava Jato força por novos paradigmas na administração pública e na via política nacional. É preciso acabar com todas as escapatórias que servem aos delinqüentes de colarinho branco. É preciso recuperar a moral pública brasileira.
Administrador ou servidor público, políticos, empresários, profissionais, fornecedores e todos os que agirem de forma a prejudicar a saúde e colocar em risco a vida da população têm de receber punição imediata, começando pelo fechamento do seu negócio e sua responsabilização econômica pelos danos. Quem não tem competência e responsabilidade não deve se estabelecer e, da mesma forma, os que não têm disposição de cumprir as leis não podem se eleger ou ocupar cargos públicos. Questão de segurança nacional. Tolerância zero…
Dirceu Cardoso Gonçalves, tenente e dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo