Tremenda injustiça
Diário da Manhã
Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 21:50 | Atualizado há 7 anos
Na Holanda, um réu de 72 anos, após ouvir a sentença que o condenava perpetuamente(4 lustros de cárcere para um ancião é perpetuidade) por crime de guerra, ergueu-se para protestar por não admitir a culpa, e a seguir ingeriu a morte.
Não há maior testemunho de inocência do que o suicídio para fugir da condenação por crime não praticado. Há pouco, no Brasil, um jovem reitor se matou por não suportar o linchamento moral que lhe impuseram agentes da ditadura do judiciário brotada no inconformismo de 4 derrotas eleitorais seguidas e concretizada para para vender o país, para tirar direitos do trabalhador, para furtar o sonho da aposentadoria, para mais concentrar a renda e empobrecer a Nação.
Lutero teria dito que o homem é adorador nato. Esse pensamento me parece óbvio. É a humanidade constituída por idólatras e politeístas. O principal deus é um só em duas pessoas: dinheiro e poder. A ele toda dedicação, a ele todo sacrifício, a ele total obediência. A ele se queima incenso de sangue e lágrimas de gente. O egoísmo e o consumismo são deuses menores, mas muito adorados.
O homem é linchador nato. Para a sociedade, toda absolvição é injusta, somente a condenação lhe satisfaz. No passado não distante, escola “boa” era a rigorosa na disciplina. O Serviço Militar era adjetivado de salutar porque severo o tratamento. Juízes se aprazem em punir; promotores, em denunciar, em pedir penalidades mais pesadas. As torturas, os maus tratos nos presídios, as eliminações sumárias, a pena de morte descendem dessa idolatria, desse politeísmo, desse apreço ao linchamento. A maioria dos juízes e promotores deixam extravasar esses negativos sentimentos. Não acredito que haja julgamento verdadeiro, ou seja, marcado pela isenção. Criminosos de guerra conduzidos aos tribunais pertencem aos exércitos derrotados. Dentre os brasileiros que ajudaram a massacrar o Paraguai houve algum réu? Seria Caxias, mas o elegeram herói, assim como fizeram com Anhanguera, exterminador de índios. Só a graça divina nos faz amar e praticar a justiça. Fora disso é arrogância, hipocrisia e maldade.
Há réus que deveriam ser juízes, há juízes que deveriam ser réus. Há réus que deveriam acusar e há promotores que deveriam ser acusados pelos réus. Enfim, o justiça humana, notadamente a brasileira, é uma tremenda injustiça. Que Deus nos proteja das suas garras.
(Filadelfo Borges de Lima. filadelfoborgesdeli[email protected])