Um grande pacto pela Educação
Diário da Manhã
Publicado em 13 de março de 2018 às 22:10 | Atualizado há 7 anosNo dia Internacional da Mulher fui agraciada com a medalha da Ordem Nacional do Mérito, uma das maiores honrarias a que as pessoas devotadas à causa da Educação podem aspirar. É para mim o reconhecimento de minha luta para que a Educação ocupe, na agenda pública, o papel de destaque que merece ter.
A homenagem me faz refletir sobre o passado, o presente e o futuro da Educação no Brasil e, olhando para frente, vejo nitidamente a necessidade de nos unirmos em torno da construção de uma agenda nacional, de um novo pacto federativo para a Educação.
De um pacto que garanta, em primeiro lugar, a assistência integral à primeira infância, a esse intervalo ímpar no desenvolvimento do ser humano, e de que depende todo o seu futuro. Precisamos voltar os olhos para a Educação Infantil, retomar o programa de obras iniciado em 2014, e fazer desses pequenos cidadãos a prioridade absoluta deste País. É preciso resguardá-los, é preciso protegê-los, é preciso colocá-los no caminho da plena realização de suas potencialidades físicas e intelectuais.
Precisamos de um pacto que assegure, também, uma completa reestruturação da Educação Básica. Que permita a essa escola e, principalmente, à escola pública, resgatar os valores que nos fazem tanta falta: o respeito à vida, o respeito à diversidade, o respeito ao próprio esforço e ao conhecimento.
Não conseguiremos, no entanto, atrair e manter os jovens na escola se não formos capazes de investir na infraestrutura escolar, de conceber novos instrumentos e métodos de aprendizagem, de usar as novas tecnologias a nosso favor. E nada disso será possível se não formos capazes de repensar, também, a carreira do magistério: de qualificar e apoiar os que estão em sala de aula hoje, e trazer, para a escola pública, os melhores profissionais, os cérebros mais inovadores, as mentes mais criativas.
Precisamos, enfim, de um pacto que garanta, a todas as crianças e jovens brasileiros, o acesso a uma educação pública de qualidade, que seja tão boa quanto a praticada pelas melhores escolas particulares, e que ofereça, a todos os brasileiros, principalmente aos de baixa renda, uma perspectiva real de inserção em um mercado que é hoje dominado pelo conhecimento. Precisamos nos esforçar para promover um sistema educacional inclusivo, que reduza a característica indesejável de perpetuador de mecanismos de desigualdade na nossa sociedade.
Acredito em nossa capacidade de fazer essa mudança. O que nos falta é o sentimento de urgência, que vem sendo desviado pelas muitas crises que, aqui e ali, nos impedem de olhar para a Educação com os olhos do pai e da mãe que, para manter os filhos em uma boa escola, sacrificam tudo o mais. Em tempos de crise, é preciso que nos voltemos para o futuro: que pensemos em nossas crianças e nossos jovens, que invistamos em sua formação, que os tomemos como a razão mesma de nossa prática política.
O meu chamamento é para que percebamos a educação – e a educação de qualidade – não apenas como um adereço social; não é algo contingente, de que se possa prescindir; é a condição sem a qual não subsistirá a própria sociedade, sem a qual nossos esforços não valerão a pena, sem a qual não conseguiremos reduzir as desigualdades neste País.
(Lúcia Vânia, senadora da República, presidente da Comissão de Educação do Senado e jornalista)