Opinião

Um monumento póstumo a Rosarita

Redação

Publicado em 13 de junho de 2015 às 02:34 | Atualizado há 10 anos

A Kelps, essa notável Editora do Centro-Oeste, acaba de dar a lume uma obra de extrema importância para a bibliografia destes páramos: Rosarita Fleury, Minha Mãe, de Maria Elizabeth Fleury Teixeira, 428 págs., Capa e Ilustrações de Adriana Almeida.

No Prefácio, Hélio Moreira assinala: “Dona Rosarita, na linguagem singela que lhe valeu a premiação concedida pela Academia Brasileira de Letras por seu livro Elos da Mesma Corrente, deixou registrado neste seu caderno, dentre outras coisas, relatos históricos a respeito dos costumes dos habitantes da antiga Cidade de Goiás, que não são facilmente encontrados nos livros de nossa história” (pág. 160).

Já na Apresentação, Elizabeth registra, com a mais rigorosa propriedade: “O manuscrito deixado foi seu primeiro registro de lembranças mais profundas. Penso que, numa revisão posterior, ela própria acrescentaria os fatos que, facilmente, brotavam de sua privilegiada memória. Estas eu as sinto com fidelidade e muita saudade, sem nenhuma pretensão de minha parte, senão completar suas memórias, ao tentar montar, como num quebra-cabeças, o filme imaginário de sua vida, tão vibrante, tão real e feliz, como um exemplo à posteridade, como um legado de vida às novas gerações do porvir” (pág. 22).

E finaliza, a apresentadora privilegiada: “Ao recompor seus escritos, e ao recosturar  suas memórias, sinto-me integrada a ela novamente pelo milagre da saudade, na tessitura das letras, estamos juntas, unidas, como passamos toda a vida; no agradecimento comovido a Deus por ter-me proporcionado vir a este mundo pelos laços espirituais com essa mulher admirável e inesquecível que foi Rosarita Fleury, que me orgulho de dizer: Minha mãe !” (pág. 22)

Para se ter singela ideia da estrutura e do arcabouço dessa obra portentosa, basta que se delineiem alguns tópicos que iluminam seus contornos.

Exempli gratia.

  1. Era uma noite de luar em Villa Boa, em que os seresteiros derramavam melodias; 2. As perseguições políticas e o nascimento da segunda filha. A casa do Largo do Coreto, a Loja Maçônica, e as Assombrações; 3. Passeio no Antigo Engenho de Santa Tereza; 4. O Parecer de Clóvis Bevilacque; 5. As brincadeiras com os primos, comparações com as primas, e os beliscões; 6. Os presentes das Tias, o primo Jerônimo (de Corumbá), e o triste fim de uma Amizade; 7. Natal sem presentes, e uma sessão de cinema no Largo do Chafariz; 8. A Primeira Comunhão, e a Formatura de Heitor Fleury; 9. Os primeiros livros de leitura; As sessões do Júri e a desobediência; A Passagem da Coluna Prestes; Uma Romaria à Trindade; Passeio à Fazenda de Chico Honório, e as estripulias com o cavalo; As pedradas, o capador, e a Vida de Menino; O ‘Canto do Perdão’, e a chegada do Bispo Dom Emanuel, em 1901, ano de sua Ordenação; Muchu e a Queima dos Livros; Meu Pai e o Bispo Dom Emanuel; A Informação Goyana “O Democrata” e os sonhos de escrever em jornal; A Casa do Desembargador Maurílio e o sonhado piano; 19. A Estante (de Livros) do Coronel Rainero; 20. Os Jornais, as Notícias, e as Contendas das Tias; 21. A Formatura no Colégio Santana; 22. Saraus e Serenatas; 23. Mudanças na Política, os Carnavais Villa boenses; 24.  Uma Audiência com o Interventor; 25. Nos Tempos do Colégio Santa Clara (de Campinas); 26. Notícias da Mudança da Capital e as Viagens para a Campininha das Flores; 27. O Lançamento da Pedra Fundamental, e o nome da nova Capital; 28. Mudança para Goiânia, e as Primeiras Dificuldades; 29. Um Talento Literário; 30. O Primeiro Piano e a Casa da Rua 3;  31. A Biblioteca de Goiânia, as Bicicletas, os Passeios, e Devaneios;  32. O Nascimento da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia; 33. A Tristeza do Primeiro Natal de Goiânia, e a História de sua Primeira Desilusão; 34. A Tareca, o Passeio a Corumbá, e a Romaria de Abadiânia; 35.  O Natal em Villa Boa, a Velha Casa da Rua Rosa Gomes; 36. Novos Caminhos, Novos Trabalhos, a Mudança para a Avenida Tocantins;  37. Carnavais, Cinemas, Leituras, e o Noivado; 38. No Tempo da Guerra, Amizades e Poemas; 39. O Primeiro Concurso Literário; 40. O Batismo Cultural de Goiânia; 41. O Casamento, e a Caminhada pelas Ruas enlameadas de Goiânia; 42. A Viagem da Lua de Mel; 43. Presságios e Perigos no Tempo da Guerra; 44. O Fim da Guerra, a Mudança para Araguari, e as Rotinas no novo Ambiente; 45. Culinária, e Vida Social; 46. Viagem de meu Pai, o Kaiser Verde Oliva, e o Piano de minha Mãe; 47. A Árvore de Natal e o Automotriz; 48. Vida Cultural, Eventos, e ‘Os Democratas do Samba’; 49. O Estranho Sonho, a Macumba, e os Presságios da Antiga Araguari; 50. Mauro Borges e um Natal Diferente; 51. Mudança da Sede da Estrada de Ferro Goiás para Goiânia, e a Saga do Romance “Elos da Mesma Corrente”; 52. Os Tempos do Instituto de Educação de Goiás; 53. O Lançamento de ‘Elos da Mesma Corrente’, e a Saga de sua Publicação; 54. O Prêmio ‘Júlia Lopes de Almeida’ da ABL – Academia Brasileira de Letras; 55. A Construção de Brasília; 56. Mulher não era admitida na Academia de Letras; 57. A Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás: Do Sonho à Realidade; 58. Concretização da Aflag, com a Posse das Acadêmicas; 59. Atividades da Academia nos seus Primeiros Anos; 60. Viagem a Mato Grosso: Nasce um Romance Histórico, e Posse no Instituto Histórico e Geográfico de Goiás; 61. Posse na Academia Goiana de Letras; 62. Uma Tragédia Familiar: Início de Muitas Tristezas; 63. Solidão, Saudades e Lançamento de ‘Sombras em Marcha’; 64. Na Rede, o Balançar da Vida e dos Últimos Sonhos; 65. Reuniões da Aflag na Casa Colemar Natal e Silva; 66. O Último Ano de Rosarita na Aflag; 67. Minha Mãe, Pintora das Paisagens Villaboenses; 68. A Saudade de seus Amigos Acadêmicos. 69. Minha Contribuição à Bibliografia de Rosarita: O Lançamento de ‘Sombras em Marcha’, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da UFG, por minha iniciativa, durante o meu mandato como Diretor da Centenária Faculdade de Direito da UFG. Esse evento está documentado às fls. 371 usque 374 da monumental obra sob comento. Vide foto à pág. 372.

Essa biografia eterniza a vida e a obra de Rosarita.

Salve Rosarita e sua luminosa descendência!

 

(Licínio Barbosa, advogado criminalista, professor emérito da UFG, Professor titular da PUC-Goiás, Membro titular do IAB-Instituto dos Advogados Brasileiros-Rio/RJ, e do IHGG-Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, membro efetivo da Academia Goiana de Letras, Cadeira 35 – E-mail [email protected])

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