Uma decisão difícil
Diário da Manhã
Publicado em 10 de fevereiro de 2018 às 23:25 | Atualizado há 7 anos
Certa vez sondei se eu teria condições de participar do processo eleitoral vindouro, qual não foi minha surpresa, quando fui convidado para concorrer a uma vaga de Deputado Estadual por uma sigla importante no Brasil e em Goiânia. Em princípio declinei do honroso convite do presidente do diretório regional e dentre algumas justificativas lhe disse que não tenho um chamado “curral eleitoral”, tipo, não sou sindicalista, representante de bairro ou de associações, muito menos de qualquer região do Estado de Goiás; Que não tenho recursos financeiros que imagino ser suficientes para participar de uma árdua campanha eleitoral; Que ainda tenho metas a cumprir no atual cargo que ocupo e tenho compromisso com minha equipe; Que as únicas coisas a oferecer seriam minhas opiniões e convicções em busca de uma política mais verdadeira e a busca pela melhoria da gestão na administração pública, pois entendo que a maioria dos problemas nas três esferas de governo e em todos os poderes da República, quando existem, são de gestão. Fiquei mais lisonjeado ao ver a resposta do Presidente do Diretório que lamentou minha decisão, mas reiterou que acreditava na gente. Me comprometi em ajudá-lo de outra forma. Foi uma decisão difícil, mas foi o melhor para o meu momento.
Então!? Um viaduto não cai à toa. As Unidades de Infraestrutura tem os diagnósticos, só não combate o problema o gestor que não quer, devido a “outras prioridades”; Remédios não perdem a validade sem culpa de quem tem a guarda e por negligência de alguma autoridade; Um posto de saúde só tem problemas no atendimento por falta de atuação de quem de direito; Um aeroporto, trechos de metrô, BRTs, VLTs, não podem ficar por anos às vezes até mais de 20 anos em construção, isso é por falta da boa gestão e capacidade técnica; A corrupção é fomentada em razão da conivência e a mal gestores escolhidos. Porque não se adota a meritocracia na CEF, BB, PETROBRÁS e em todos os cargos chaves (ordenadores de despesas) da Administração Direta e Indireta onde só poderiam ocupá-los quem demonstrar capacidade e for da carreira ou do ramo de conhecimento, assim os aventureiros e pau mandados seriam extintos, ou pelo menos reduziriam a quase nada.
É Por isso tudo que eu lutaria e não iria para qualquer palanque ou mídia para dizer: “Votem em mim, por mais postos de saúde, mais policiais, mais médicos etc etc” Isso não é possível da noite para o dia e não é só isso que resolveria o problema. Quando se pensa num posto de saúde é feito um levantamento de materiais e equipamentos, mas muito cedo tudo é sucateado pela falta de preparo dos gestores que conduzem os postos, e vou mais além, de quem os supre de recursos no âmbito das Secretarias Municipais ou Estaduais. Aí quando dá uma merda, fica um empurrando para o outro e não sabem nem ao certo do que está acontecendo devido à falta de um planejamento conjunto.
Portanto, se eu aceitasse concorrer e lá chegasse iria combater todos esses desmazelos no âmbito da administração pública, lutaria pela meritocracia em todos os postos chaves e defenderia a Legalidade, porém atrelada a verdade e a justiça. Vejo políticos que somente por serem líderes do governo, para salvar seu alto posto, defendem o indefensável e o fazem com tal veemência que para os incautos tudo parece ser a única verdade. Tolinhos!!!
Se lá estivesse eu não votaria somente pelo partido e sim pela minha consciência e, muitas das vezes embora o que o partido apoie não seja ilegal, pode ser contrário a tudo aquilo que eu penso, então geraria sérios problemas. E se eu for contrário às ideias do governo estadual, caso o partido o apoie, como eu ficaria politicamente? Isolado. Assim como muitos políticos de bem são considerados sardinhas em meios aos tubarões.
Apoio a renovação na política e tenho certeza que este é o momento mais adequado para aqueles que tenham este intento, mas tenham a certeza que muitas das vezes deverão passar por cima de tudo aquilo que acreditam. Mas a política é assim e tão cedo não mudará. Só espero que os novos que surgirem briguem por uma política mais transparente e sem decisões tomadas nos porões. Sem mentiras que queiram transformar em verdades. Sem apoios a membros ou partidos completamente dispares da sua ideologia partidária, etc etc. Utopia!!!??? Pode ser!!!!
Não há mais espaço para aumento da carga de tributária, os governos só pensam em aumentar receitas por puro abuso e/ou por incompetência e cortar os gastos de um orçamento que já está no osso. O que tem de melhorar de verdade é a melhoria dos gastos. E como isso vai acontecer? Com a melhoria da capacidade dos gestores públicos. O que é menos impactante? A perda de milhões, quiçá bilhões de reais em medicamentos que perdem a validade? Ou um gasto com um sistema igual existe nas grandes redes de farmácia de controle de estoque e de validade? É difícil isso? Pode ser que sim, pela visão tacanha de alguns que só pensam no gasto imediato, mas não pensam no retorno futuro de se evitar as perdas tão constantes como ocorrem. Há assunto para mais de metro, mas fico por aqui. Que Deus ilumine a decisão dos eleitores em outubro de 2018. TFA.
(Carlos Roberto Neri Matos – Prof. Especialista em Dir. Administrativo e Adm. Pública e Sup. de Administração do MF em GO e TO)