Uma orientação para os indecisos no segundo turno
Redação DM
Publicado em 15 de outubro de 2018 às 23:19 | Atualizado há 7 anos
Definido que haverá segundo turno para Presidente da República, conforme previsto restaram dois candidatos que podem não representar o ideal para muitos. Os que não são de esquerda nem de direita podem ficar na situação de não terem opção, isto porque não gostariam de votar em um dos dois. A primeira análise a ser feita, e consequente decisão, é que o eleitor deve votar. Votar no menos pior, mas votar. Votar em branco, anular o voto ou não comparecer significa que deixou de exercer o direito/dever de cidadania, o que implicará em não ter legitimidade para qualquer crítica futura. Quem já definiu seu voto conscientemente deve exercê-lo e a sua opção respeitada. Quem não tem definição entre Bolsonaro e Haddad deve votar no menos pior.
Para os que têm dificuldades de fazer opção pelo menos pior, analise diferentes circunstancias: corrupção, operação Lava Jato, mentiras ditas somente para ganhar votos, coerência nos pontos de vista externados pelos candidatos, saúde, economia, educação, segurança, direitos humanos, igualdade social, política externa, conchavos políticos, ideologias, independência na administração, infra-estrutura, distribuição de cargos, relacionamento com outros poderes da República etc. De todos esses problemas, quatro se destacam: corrupção, saúde, educação e segurança.
Os quatros maiores problemas estão interligados, porquanto têm relação direta com dinheiro. A corrupção está enraizada no comportamento do brasileiro e somente a educação pode vencê-la, não sendo possível ao Presidente da República exterminá-la. Educação somente se consegue a longo prazo e depende de muito investimento. Também saúde exige alto investimento assim como segurança. De nada adianta querer realizar alguma coisa, se não tiver dinheiro em caixa. Faltando dinheiro de nada adianta boas intenções. No radar daquilo que pode realizar está o combate à corrupção. Todos conhecem a síndrome do “cobertor curto”: se cobrir o pés descobre ombros; se cobrir os ombros descobre os pés. O mesmo acontece com o caixa do governo: se atender um setor o outro ficará sem verba. O Presidente da República pode muito mas não pode tudo. Se não pode acabar com a corrupção, pelo menor poderá diminuí-la.
Para diminuir a corrupção é necessário começar. E o exemplo deve ser cima para baixo. Didaticamente pode ser explicado o combate à corrupção usando a “síndrome da caixa d’água”. Imaginemos uma caixa d’água sem defeitos que receba normalmente a água fornecida. Se essa caixa não tiver furos ou rachaduras que vazam água ela encherá normalmente, permitindo a distribuição para as torneiras da cozinha, banheiros e outras dependências da casa. O mesmo acontece com o caixa do governo, abastecido pelos impostos: se não tiver defeitos, saindo dinheiro por vários buracos da corrupção, haverá recursos para a saúde, educação e segurança. O Presidente da República poderá evitar corrupção no primeiro escalão (Ministérios), o que representa um primeiro passo.
Conclusão: Fernando Haddad não terá condições de acabar com a corrupção envolvendo ministros, porquanto os ministérios serão sorteados entre partidos indicados por Lula para obter apoio. Jair Bolsonaro terá condições de impedir corrupção no primeiro escalão da administração, pois terá liberdade para escolha dos ministros que, segundo ele, serão técnicos competentes.
Esta poderá ser uma orientação para os indecisos no segundo turno.
(Ismar Estulano Garcia, advogado, ex-presdente da OAB-GO, professor universitário, escritor)