Vale do São Patrício impulsionado pela Marcha para o Oeste
Diário da Manhã
Publicado em 9 de agosto de 2016 às 02:49 | Atualizado há 9 anosA região do Vale do São Patrício é constituída de 23 municípios. A região teve sua ocupação e desenvolvimento impulsionados pela criação da Colônia Agrícola Nacional de Goiás em 1941, graças à Marcha para o Oeste. Este fato provocou a procura de colonos de vários estados brasileiros e também de outros países. O desenvolvimento regional foi consolidado graças aos esforços do administrador da Colônia, hoje considerado um verdadeiro mito no desbravamento do interior brasileiro.
Eis esse gigante: Bernardo Sayão, natural do Rio de Janeiro e formado em 1923 na Escola Superior de Agronomia e Medicina Veterinária de Belo Horizonte, teve como principal projeto o desenvolvimento da região central do Brasil. Fundou a Colônia Agrícola Nacional de Goiás, na Marcha para o Oeste de Getúlio Vargas, que deu origem à cidade de Ceres.
Em razão do bem-sucedido trabalho lá realizado, em 1954, foi eleito vice-governador de Goiás na chapa liderada por José Ludovico de Almeida, chegando a governar o Estado interinamente por três meses, de 31 de janeiro a 12 de março de 1955.
Em setembro de 1956, tornou-se um dos diretores da Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), sendo Israel Pinheiro o presidente, além de Ernesto Silva e Íris Meinberg. Nesta condição contribuiu significativamente, com sua liderança e carisma, para a credibilidade e início das obras de construção de Brasília.
Um sonhador e realizador e também responsável pela construção da BR 153, a Rodovia Belém-Brasília. Na sua construção Sayão foi vitimado por uma árvore que caiu sobre si, em Açailândia (PA) em 15 de janeiro de 1959.
O senador Wilder Morais (PP-GO) tem contribuído no Congresso Nacional com os projetos de lei que visem o desenvolvimento social e econômico dos municípios goianos. E o Vale do São Patrício chama a sua atenção pelos empreendedores de pequeno a grande porte na região. Ênfase para o setor agrícola e pecuária.
A Colônia Agrícola de Ceres em plena Marcha para o Oeste foi responsável pelo verdadeiro desbravamento regional e implantação de pequenas propriedades. “Tudo o que se fizer por esse povo, sem dúvida, ainda é pouco”, ressalta o parlamentar goiano, nascido também numa pequena comunidade como Taquaral.
E a história de Bernardo Sayão, que viveu e morreu em combate pelo progresso do interior do Brasil, o comove. E com um detalhe pequeno, mas para ele relevante, porque tem como profissão a função de engenheiro. Ou seja, construir.
Por sua importância sócio-econômica, enumero os municípios que compõem o Vale do São Patrício:
Ceres – Sua população foi estimada em 2012 pelo IBGE em 232.079 habitantes. Possui uma área total de 13.163,014 km². Ceres teve sua origem na Colônia Agrícola. Suas principais atividades econômicas são a agricultura (milho, soja e arroz) e a pecuária leiteira e de corte, destacando-se também no ramo de saúde.
Barro Alto – A economia de Barro Alto gira em torno da mineração de níquel. Instalada no município desde 2012, a mineradora sul-africana Anglo American tem investido bilhões para aumentar sua capacidade de produção e tem obtido bons resultados. A empresa já planeja ultrapassar as 40 mil toneladas do minério extraídas no local até 2016. A exploração dos recursos minerais, mais especificamente do Níquel, tem elevado significativamente o PIB e a renda per capita do município.
Carmo do Rio Verde – A ONU em recente pesquisa apresentou o novo Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios brasileiros. Na pesquisa anterior, divulgada no ano de 1.998, Carmo do Rio Verde apresentava índice 0.608, saltando para 0.818 na pesquisa apresentada em 2.004, verificando-se assim, um salto considerável.
Os setores que mais geram emprego e renda no município são os da industrialização da cana-de-açúcar e do algodão.
Goianésia – A cidade se destaca como um importante pólo de produção sucroalcooleira, tanto no cenário regional como no cenário nacional. Há três importantes usinas de álcool e açúcar. PIB municipal (2008); R$ 483,080 milhões. PIB per capita (2008): R$ 8.600,47. Composição do PIB (2008). Valor adicionado bruto da agropecuária: R$ 55,890 milhões. Valor adicionado bruto da indústria: R$ 111,732 milhões.Valor adicionado bruto dos serviços: R$ 262,752 milhões.Impostos sobre produtos líquidos de subsídios: R$ 52,706 milhões. O engenheiro Otávio Lage de Siqueira foi prefeito do Município e governador do Estado.
Guaraíta – Município de cerca de três mil habitantes. Sua principal atividade econômica é a agropecuária.
Guarinos – Devido sua localização, entre as Serras da Figura e a do Pilar, Guarinos dispõe de vários pontos turísticos (cachoeiras, cavernas,trilhas, entre outros).
Hidrolina – A economia hidrolinense é representada basicamente pela pecuária, no meio rural, e pelo pólo têxtil de confecções da cidade.
Ipiranga de Goiás – População estimada em 2009, segundo o IBGE era de 2 906 habitantes. A cana de açúcar é a sua principal riqueza econômica.
Itapaci – Sua população segundo estimativa do IBGE em 2014 era de 20.557 habitantes. Seu ponto turístico é o Lago Azul. Voltado para o agro, produz tomate, cana-de açúcar e melancia. Mas, o avanço industrial promove desenvolvimento rápido do município. Atualmente destaca-se no seu desenvolvimento o primeiro Pólo Universitário da cidade.
Itapuranga – População, segundo estimativas do IBGE, era de 26 635 habitantes em 2015, sendo o 41º mais populoso de Goiás.
Morro Agudo de Goiás – Morro Agudo foi dado por referencia ao morro se encontra na região, com cerca de 1000 metros de altura. Sua população estimada pelo IBGE em 2009 era de 2.379 habitantes e em 2010 de 2.356.
Nova América – De acordo com as estimativas do IBGE (2009) possui 2.254 habitantes. Teve como primeiro habitante o senhor Jeremias José do Couto que em 1952 dividiu parte de suas terras em lotes e distribuiu a colonos da região.
Nova Glória – Segundo estimativa do IBGE em 2009, sua população era de 8.632 habitantes.
Pilar de Goiás – Sua população segundo Censo do IBGE em 2010 era de 2.733 habitantes. No fundo de um vale, Pilar de Goiás nasceu em 1736 através da iniciativa de um reduto de escravos foragidos que encontraram um abrigo, e também uma grande fonte de ouro. Localizada a 263 quilômetros de Goiânia pela BR-153, Pilar tem como principais atrações turísticas a Festa de Nossa Senhora do Pilar e as Cavalhadas. Na cidade encontra-se o sino maior, de 900 quilos e em cuja liga foi gasta uma arroba de ouro.
Rialma – População estimada pelo IBGE em 2010 era de 10.523 habitantes. Fato relevante: em 7 de novembro de 2012, um morador de Rialma venceu sozinho o prêmio principal no concurso 1.440 da Megasena. Ganhou o valor de R$ 24.405.605,10. Este valor é equivalente a 23% do PIB do município. A economia é baseada em micro-empresas e na agricultura familiar.
Rianápolis – População de 5 mil habitantes. A principal fonte de economia da cidade é a Empresa Lacel – Laticínios Ceres Ltda. Outra fonte de recursos é a lavoura, onde se destaca a criação de gado, plantação de melancia, e a avicultura.
Rubiataba – Segundo estimativa do IBGE em 2014, 19.747 habitantes. Varias indústrias de moveis, além de uma importante “cooperativa agrícola” (Cooper-Rubi), na produção de álcool, movimenta a economia do município, que conta ainda com criação de gado, produção de leite e produtos lácteos. Na produção agrícola, sobressaem milho, arroz, feijão, mandioca, citros, banana, tomate, cana-de-açúcar e hortaliças. Chama ainda a atenção a Feira Livre e Feira do Produtor rural.
Santa Isabel – Sua população é de 3 686 habitantes, de acordo com estimativas do IBGE. Sua principal atividade econômica é a pecuária.
Santa Rita do Novo Destino – Sua população estimada em 2007 pelo IBGE era de 3.377 habitantes. A agricultura responde pelo lado econômico.
São Luiz do Norte – População estimada em 2007 pelo IBGE era de 4.266 habitantes. A atividade agropecuária familiar tem relevante função econômica e social no município.
São Patrício – População estimada em 2007 era de 2.051 habitantes. Sua principal atividade econômica é a pequena produção rural.
Uruana – Sua população recenseada em 2010 pelo IBGE era de 13.826 habitantes. Está localizada na margem direita do Rio Uru, afluente da bacia do Rio Tocantins. A cidade é muito conhecida, regional e nacionalmente, como a “Capital da Melancia”. Em virtude de sua economia ser baseada na agropecuária, sobretudo no cultivo de melancia, é realizada anualmente sempre em setembro, uma festa popular pela ocasião do fim da colheita da fruta.
(Wandell Seixas, jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agrícola pela Histradut,Tel Aviv, Israel, e autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste)