Brasil

Vícios ou virtudes trazidos das fábricas

Redação DM

Publicado em 30 de junho de 2022 às 14:31 | Atualizado há 3 anos

Bem comparado, o funcionamento de não poucas pessoas se dá à semelhança de outras máquinas artificiais, sistemas e dispositivos. E para começar já se pode deduzir que muitos aparelhos, utensílios e produtos trazem certos vícios, avarias, desarranjos e defeitos de fábrica. São os chamados vícios ou imperfeiçoes originárias, a exemplo de um pecado original (leia Santo Agostinho). No caso dos humanos, a maioria são criados à imagem e tal e qual o criador e pais genitores, seguem a regra dos peixinhos.

Em continuidade a esses paralelos podem ser feitos indicativos, listas das causas ou origens desses vícios ou defeitos. De começo basta ter em consideração a matéria prima na fabricação do produto. Conforme os qualificativos, as propriedades fisicoquímicas das substâncias empregadas. O produto ou resultado concebido traz alguma chance de imperfeição. Entram como exemplos a meia vida (duração média das substâncias), sua resistência às intempéries e à oxidação, às chamadas ações do tempo.

Nesse comparativo e compilação já se pode haver muita semelhança com os limites biológicos de um organismo vivo. E nesta abrangência tem sentido esse mistério, esse enigma: por que muitos animais, os mamíferos por exemplo, possuem expectativa de vida desigual. Por que um cão vive 20 anos em média, o burro idem, e um elefante 70 anos? Isto, tendo os órgãos como o coração e sistema nervoso e músculos tão parecidos! Apesar de que nem tudo que parece é o que parece. Mistérios e prodígios da natureza, não se está aqui para questionar a Criação, nem tão pouco o Criador.

Em uma 2ª fase comparativa, basta lembrar, sem muitas delongas, do criador ou autor daquele sistema ou máquina, utensílio qualquer. Na concepção da invenção há a possibilidade de um vício ou ideia original. Isto já havia pensado o filósofo Platão com a sua chamada teoria das ideias. Nem sempre o final se equipara à ideia primitiva. O modelo de perfeição está nas ideias.

Na fase seguinte tem-se o fabricante que pode ser dividido em equipamentos industriais (a indústria, enfim) e as pessoas envolvidas, os funcionários e operadores daquela fábrica em produzir os componentes e montagem do sistema, do objeto, da máquina final ou utensilio, seja o doméstico, o pessoal, ou de uso geral. Tomem-se os modelos de um automóvel ou aparelho de celular.

Muitos são os carros ou os smartphones que chegam ao consumidor com mínimos, com leves defeitos e vícios de fábrica, os que o portador e consumidor nem se importam, porque não impede a função do dispositivo. Já existem alguns defeitos que não têm solução. De duas uma opção: corrige-se o dano ou troca-se o produto. Vai depender do convívio e tolerância do cliente e usuário.

Por fim, chegamos ao comparativo maior, o dos homens, dos humanos. Na origem, toda concepção (ideia). Se bem quantas não são as produções sem essa etapa. Eh, sabe como é né. Eu não esperava, e aconteceu (engravidei sem querer)! Mas, vamos a  a esse paralelo. Concepção, planejamento e fabricação (gestação do sujeito), à semelhança de sistemas, dispositivos e máquinas. Em todo o processo existem pontos em comum, interseções e cruzamentos.

Em se tratando de matéria prima, a produção ou geração humana se dá pela genética. Neste particular, a fórmula básica serão os cromossomas dos pais como genitores (fabricantes). A fábrica, os pais. E principalmente a mãe que terá uma gestação de 9 meses. E essa fabricante na mesma semelhança de um equipamento industrial (fábrica) poderá apresentar defeitos de matéria prima, defeitos na função de geratriz, até esse feto e nascituro ser colocado no mundo ( à luz) para o acabamento, o esmero em todos os quesitos a que faz jus e merecimento esse produto, e que produto! a pessoa humana. Um pai e mãe, se bem pensado, e cada um de per si, se refletisse, todos os dias, deveria se sentir meio Deus, meio Criador Divino.

Nesse acabamento exterior, tendo nascido a criança saudável, os fundamentos nesse resultado criativo serão a formação ética, a humana, a educativa, a civilista, a intelectual e moral do indivíduo. Quantos não são os indivíduos, os filhos e filhas apenas criados, como se bichos fossem.

Aqui, neste comparativo, com outro equipamento, máquina ou dispositivo, existe em definitivo, uma grande diferença com os produtos industriais. Das razões? Uma vez malcriado, adulto o produto (pessoa), com vícios, avarias sociais e morais, este produto ou sujeito não pode ser trocado ou corrigido (dificilmente o será!). muitos são os fabricantes (mulheres e homens ) que não sequer reúnem aptidões nem para a manutenção (reparos) de si mesmos. Então por que pais?

Na sua produção e formação foram introjetados em sua mente, em seus neurônios e sistema moral os modelos de vida, com aqueles vícios e defeitos pelos fabricantes (pais, sociedade). E para esses indivíduos, ou melhor produtos humanos, esses são os ditames, as regras, o funcionamento da vida. Nada os demoverá do certo, do ético, do correto. Vícios e defeitos geracionais indeléveis. Porque esses valores e modelos desviantes, erráticos, tortos, viciados, feios foram gravados como os a ser praticados nas relações humanas.

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