“Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos”
Diário da Manhã
Publicado em 26 de junho de 2016 às 02:31 | Atualizado há 9 anosEntão regressaram os setenta e dois com alegria, dizendo: “Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome!”
Ele lhes disse: “Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago! Eis aí que eu vos dei o poder de pisar serpentes, escorpiões e todo o poder do inimigo, e nada vos causará dano.
Todavia, não vos alegreis porque os espíritos se vos submetem; alegrai-vos, antes, porque os vossos nomes estão inscritos nos céus”.
Naquela hora Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse:
“Eu te dou graças, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.
Todas as coisas me foram dadas por meu Pai. E ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
E, voltando-se para os discípulos, disse-lhes particularmente:
“Felizes os olhos que vêem o que vós vedes! Felizes são os vossos ouvidos, porque ouvem. Em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis e não ouviram.
Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Evangelhos de: Mateus, cap. 11, vv. 25 a 30 e cap. 13, vv. 16 e 17 – Lucas, cap. 10, vv. 17 a 24).
A missão exitosa dos setenta e dois emissários de Jesus foi o marco inicial de um trabalho de evangelização de grande alcance que se perpetuaria por milênios. O Mestre preparava os seus discípulos para o trabalho redentor de esclarecimento quanto ao verdadeiro sentido da vida. Depois de sua passagem por nosso orbe, o divino Messias deixou os legados da segurança e da coragem para que o trabalho da Boa Nova não recue diante das oposições implacáveis.
Os discípulos retornaram da viagem depois de percorrerem muitas cidades e lugares. A alegria do dever cumprido resplandecia nos semblantes dos emissários do Cristo. Eles comentaram a respeito dos poderes espirituais outorgados por Jesus, relatando que até impediram ações de espíritos impuros quando os repreendiam em seu nome.
Jesus revela que viu “Satanás cair do céu como um relâmpago!”, ou seja, testemunhou a ação de espíritos impuros sobre as cidades onde receberam os seus, como reprimenda das trevas contra o trabalho da luz. Diante dessa reação esperada da ignorância e do desamor, o divino Amigo outorgou poderes espirituais para que superassem todos os obstáculos sem que sofressem qualquer dano.
O Mestre ainda ensina que não se deve cultivar a alegria devido ao fato de submeter os espíritos impuros, mas “porque os vossos nomes estão inscritos nos céus”, ou seja, porque aqueles seus mensageiros eram dignos da confiança do Pai para a realização de Sua obra. Gozar da confiança do Alto para a consecução de trabalhos em prol do Bem é a felicidade maior que um espírito pode obter.
Depois de recepcionar os seus mensageiros, o divino Amigo orou a Deus, agradecendo ao Pai Santo e Misericordioso por ocultar certas verdades aos sábios e entendidos, mas orgulhosos, e as revelar a homens simples, porém, humildes e de boa vontade.
Depois de se dirigir a Deus, ainda em estado de oração, o meigo Rabi fez uma reflexão em alta voz, afirmando que todas as bênçãos são oferecidas por Deus, ou seja, nada possuímos de nós mesmos, nem mesmo a própria vida existencial. Tudo pertence a Deus.
Também para demonstrar a sua sintonia de amor com o Pai Eterno, o Messias Amado asseverou: “Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Conhecer Deus é conhecer o Seu Amor, conhecer o Seu Amor é senti-Lo, é desfrutar de uma Felicidade indescritível pela razão e indizível pela linguagem dos homens.
Jesus também enfatizou o sagrado momento histórico vivenciado por seus discípulos. Afinal, eles tiveram o privilégio de receber diretamente do Messias os ensinos sublimes das verdades eternas de Deus. Por isso, o Mestre afirmou que os seus emissários eram muito felizes por testemunharem, ou seja, por “verem e ouvirem” tantas bênçãos, as quais muitos profetas e justos desejaram vivenciar, mas não lograram desse privilégio. Realmente, um espírito poder participar da Seara do Pai, sob as orientações diretas do Cristo, é uma bênção de incomparável oportunidade.
O Mestre conclui a sua fala com o mais belo convite narrado nos Evangelhos: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
O divino Amigo sabe que a vida num mundo corpóreo semelhante ao nosso exige muito esforço e disciplina para superar o cansaço e o desânimo decorrente das injustiças da opressão. Por isso, ele nos convida ao supremo alívio do seu amor e de seus cuidados para o devido descanso restaurador. Também o Mestre nos recomenda que tomemos sobre nós o seu jugo, simbolizado por uma consciência reta, aprendendo ainda de sua sabedoria, por meio de sua humildade e de sua mansuetude.
Depois de longos séculos de erros e desilusões a alma cansada do mau uso do seu livre-arbítrio necessita do descanso recomendado por Jesus: o repouso dos que buscam a justiça e a generosidade. O fardo do Cristo é o sentimento do dever moral devidamente cumprido. Esse fardo é leve porque nos conduz à Suprema Felicidade, que é estar em sintonia com o Amor de Deus. Somente por meio dessa sintonia, é possível experimentar as mais belas sensações de beatitude espiritual, ou seja, a bem-aventurança dos eleitos do Senhor. Uma alegria somente experimentada por quem cumpre esse mandamento do Cristo: “Vai, e não peques mais”.
(Emídio Silva Falcão Brasileiro, autor das obras Um Dia em Jerusalém e A Caminho do Deserto, da AB Editora)