Vivendo sem máscaras
Redação DM
Publicado em 20 de janeiro de 2017 às 01:04 | Atualizado há 8 anos
Às vezes nosso cérebro trabalhando com seus bilhões de neurônios a todo vapor, ajuda-nos a elaborar e compor muitos senários. Vislumbrando coisas, calculando passos, atitudes e caminhadas inteiras, processando as mais diversas situações e possibilidades.
Imaginamos com o carro dos sonhos, com a garota dos sonhos, ou trabalho dos sonhos. Uma profissão desejada, um concurso público, um artista famoso, um senador ou um poderoso chefão…
Mas, fantasias podem tornar-se obscuras.
Fantasias podem confundir com a realidade.
Fantasias podem deformar a realidade.
Fantasias podem até sufocar e matar a realidade.
Fantasias podem se tornar nosso mundo real. Alterando toda uma vida equilibrada a um projeto desconecto de ilusões. Vivendo um verdadeiro malabarismo para manter exaustivamente o fantasioso cenário de uma vida montada sobre outra.
Começamos a crer em nossas fantasias e sucumbir à realidade. Podemos chegar ao ponto de viver uma vida que não nos pertence, em condições além de nossas possibilidades.
Começamos a ver monstros debaixo da cama ou forças malignas conspirando contra nós.
Começamos a delirar e acreditar em nossas próprias mentiras. Como quem vive em constante embriagues.
Todas estas fantasias boas e más decorrem de um processo evolutivo. Quando nossos cérebros estão explorando possibilidades que podem ajudar-nos a alcançar nossas metas ou evitar o perigo.
Se permitirmos que as fantasias apoderem-se de nossos pensamentos podemos perder a realidade que está a nossa frente. Perdendo a conexão e o bom senso da vida real dentro de nossas possibilidades.
Às vezes não chegamos à loucura de uma completa alienação mental. Mas, podemos chegar às margens de uma louca obstinação para manter as fantasias vivas e nunca acordar dos sonhos mesmos que ultrapassados.
Criamos máscaras, moldamos atitudes, adaptamos aos formalismos, compramos produtos, coisas e mais coisas… Tudo que possa maquiar quem realmente somos. De forma obstinada buscamos a qualquer custo manter a manutenção do status já projetado em nossas máscaras. De forma que aos olhos do grupo em que vivemos somos vistos conforme construíram nossos delírios.
E se a máscara cair?
Que não seja tarde demais, que seja em tempo hábil e oportuno, que ainda haja tempo pra reconstruir uma vida que seja realmente nossa. Com toda a dignidade de ser quem realmente somos, e que somos um projeto único, vivendo em diversidade de seres em distintas características.
E se a máscara cair?
Vamos sem ela!
Se cair que fique ao chão. Vamos viver, repaginar nossas vidas e seguir em frente vivendo simplesmente nossas próprias vidas.
Às vezes a realidade não é tão ruim. Melhor uma vida de individualidade autêntica que viver nas nuvens as margens de seu próprio EU.
(Marcelo Lopes, comendador, cientista social, escritor e empresário, membro da União Brasileira de Escritores (UBE/GO).)