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POLÍTICA

A Assembleia dos Ratos

Conta uma fábula que um gato estava dando muitos prejuízos para os ratos de uma casa velha. Sem coragem para saírem das tocas, eles estavam quase morrendo de fome.

A situação ficou séria. Então, os ratos resolveram se reunir em assembleia para resolverem o problema.

Aguardaram para isso certa noite em que o gato andava pelos telhados.

Um dos ratos disse:

- Penso, que o melhor meio de nos defendermos deste gato é amarrar um guizo no pescoço dele. Assim, quando ele se aproximar, o barulho do guizo vai nos ajudar a fugir a tempo.

Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia.

E o projeto foi aprovado por unanimidade. Só votou contra um rato bastante experiente, que pediu a palavra e disse:

- Está tudo muito certo. Mas quem vai amarrar o guizo ao pescoço do Gato?

O silêncio foi geral. E começaram as justificativas.

Um dos ratos desculpou-se por não saber dar nós.

Outro, porque não era tolo.

Todos, porque não tinham coragem.

E a assembleia terminou para decepção de todos.

Assim é o PMDB.

A Convenção do partido, que consagrou Daniel Vilela como presidente do Diretório Estadual do PMDB, não trouxe nada de novo. Aliás, a composição da comissão executiva repete todos os nomes, como uma ou duas exceções.

Os membros são exatamente os mesmos que compunham a última comissão executiva do partido: 1º vice – José  Nelto; 2º vice - Pedro Chaves; 3º vice - Ernesto Roller; Secretário Geral: Paulo Cezar Martins; Tesoureiro: Adib Elias; 2 º Tesoureiro – Nélio Fortunato, Vogais: Cleuza Assunção, Onofrinho, José Essado, Waguinho Siqueira; Suplentes: Paulo do Valle, Orlando Nazionzeno, Luis Juvêncio e Antônio Só.

Eu não consigo enxergar nenhum tipo de renovação aí. Você consegue, leitor?

Porque os membros da comissão executiva são exatamente os mesmos.

Na verdade, o que há é uma grande falácia institucional, que pretende vender ao eleitor uma capa de novidade, quando esta não há.

Ademais, a convenção aconteceu de modo truculento, onde  57 diretórios participaram da eleição de forma irregular, o que se realmente fosse apurado, daria a Nailton de Oliveira o direito de indicar alguns nomes para a executiva, em razão da proporcionalidade. Nada foi questionado, o que nos remete àquela notória frase: se colar, colou. E não é que colou?

Iris Rezende ainda é o grande nome da política goiana, queiram ou não. É fato. E provo.

O PMDB é o maior partido do Brasil, o maior de Goiás.

A sua história não o deixa mentir. A maioria dos políticos goianos passaram por ele. Vale a pena relembrar?

Marconi Perillo, Lúcia Vânia, Antônio Faleiros, Vanderlan Cardoso, Henrique Meirelles, Thiago Peixoto, Francisco Júnior, Anselmo Pereira, Nion Albernaz, Onaide e Ademar Santillo, Frederico Jayme e Santana Pires.

O que os faz vitoriosos é o fato de ainda possuírem identidade como o PMDB no interior, fazendo-os arrancarem votos do partido, porque para o cidadão comum, estão juntos e misturados.

Nesta aula de nostalgia, que tem como definição ser uma melancolia, tristeza causada pela saudade de sua terra ou de sua pátria, lembramos, igualmente não houve nenhuma construção de nenhum novo nome na política goiana. O que houve foi mudança de partido. Os nomes são os mesmos.

O PMDB prega renovação, mas não o faz. E vem com um discurso antigo, porque na política, talvez as velhas táticas sejam mesmo as vencedoras.

Até porque a infraestrutura urbana é premissa do desenvolvimento. Não há indústrias se a rede elétrica não alcança as cidades do interior, onde se almeja plantar um projeto de desenvolvimento. Igualmente, sem água e tratamento de esgoto não há que se falar em desenvolvimento. Asfalto nas estradas para escoamento das riquezas, ou seja – o básico.

Houve um tempo em que o discurso vencedor na política goiana foi falar em renovação, semelhantemente ao discurso do próprio PMDB, que elegeu Daniel Vilela presidente do Diretório Estadual.

Atitudes de rebaldia fascinam o ser humano. Quando o superior é provocado, atrai a atenção de todos, que veem o rebelde como um herói, que provoca mudanças através do seu desafio. No fim, todo rebelde é um desobediente piorado, pois tem consciência dos seus atos, e não quer mudança.

O rebelde critica o líder, para assumir a liderança, influenciando os liderados a acreditarem que ele seria um melhor líder.

Quando Steve Jobs foi afastado da Apple por sua diretoria, ele amargou onze anos de reclusão, por ter sido afastado da companhia que amava e era fundador. Este lhe foi um grande golpe. Ao retornar à companhia em 1996, desabafou: “eu nunca perdi a Apple. Eu fui roubado”. A compra da Next pela Apple em 1996, levou Jobs de volta à companhia que ele fundara, sendo então CEO – Chefe executivo - de 1997 a 2011. Morreu em 5 de outubro de 2011.

Termino o artigo para dizer que Iris Rezende foi e sempre será. Não tem graça fazer graça em cima do Zezinho ou do Joãozinho. A piada política só repercute em cima de quem tem nome e poder. E Iris Rezende os têm, representados pelo seu quociente eleitoral.

Se o PMDB acha que tem peito para por o ‘guizo’ no pescoço de Iris Rezende, digo que não tem. Precisam dele na Prefeitura de Goiânia, e vão vir ‘pianinho’. Vão sugerir, estrebuchar, mas Iris fará o que quiser. Não se submeterá à pressão de quem quer que seja.

Quem viver, verá.

Silvana Marta de Paula Silva – advogada e escritora.

Twitter:@silvanamarta15

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