Em entrevista exclusiva ao Diário da Manhã, ex-prefeito Maguito Vilela (PMDB) avaliou o quadro político estadual e nacional. Para ele, a reforma política é a mãe de todas as reformas, e a reeleição, o câncer que precisa ser extirpado da política, pois nasceu de um processo de corrupção e alimenta desmandos e desvios no poder.
Questionado se será candidato ao governo do Estado, após a divulgação pelo DM do levantamento do instituto Paraná Pesquisas, onde aparece em segundo lugar, próximo ao senador Ronaldo Caiado, o ex-governador garante que o PMDB está fechando em torno do deputado federal Daniel Vilela. “No encontro do PMDB hoje ficou demonstrado que 90% do partido está com Daniel”, garante.
Para Maguito o ciclo do grupo político que governa Goiás há 20 anos está se esgotando. Ele acredita que o eleitor quer alternância no poder, e por isto defende que toda a oposição esteja unida neste objetivo. Ele reconhece que é difícil ter o PT e o DEM no mesmo palanque ao lado do PMDB, mas lembra que o segundo turno existe para isto, ou seja, criar possibilidades de entendimento entre forças contrárias.
Foi perguntado se o PMDB, que busca apoio de partidos da base situacionista ao seu projeto político, poderia também conversar com o próprio PSDB. Segundo Maguito, “se o PMDB for cabeça de chapa, topa conversar com o PSDB”.
Ex-governador, ex-senador, ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela exibe aos 68 anos a experiência e maturidade dos grandes nomes da política. Para ele, Goiás precisa voltar a investir em infraestrutura. Ele enfatiza que o projeto do PMDB para um novo governo é apoiar o agronegócio, na extensão rural aos produtores familiares e no investimento em recuperação e duplicação de rodovias, investimentos em energia elétrica e aeroportos para atender toda a cadeia produtiva do agronegócio. Maguito também afirma que é preciso duplicar o contingente das forças policiais no Estado e repensar investimentos na área de saúde.
Ex-vice-presidente do Banco do Brasil durante os governos do presidente Lula (PT), ele ressalta que a sua liderança nas pesquisas reflete a esperança que o povo brasileiro deposita no petista. “Durante o seu governo as pessoas adquiriram uma moto, o carro, a casa própria e havia emprego. É esta esperança que as pessoas depositam em Lula”, reflete. Apesar do bom desempenho nas pesquisas, Maguito garante que não será candidato em 2018.
Confira a íntegra da entrevista abaixo e veja toda ela no DMTV
DM – Com os escândalos de corrupção no meio político, é um momento de se pensar e falar em política? Qual seria a saída?
Maguito Vilela – É um momento importante falar em política, embora, muitos acreditem que a saída não é política. Mas acredito que a saída que existe para um estado, um país e para própria humanidade é a política, não é através da ditadura, nem da guerra, da violência ou terrorismo que vamos encontrar um caminho melhor para humanidade. A saída tem que ser e sempre é política.
DM – No Diário da Manhã de ontem, a pesquisa Paraná mostra seu nome aparecendo com surpresa logo atrás do preferido das pesquisas, que é o Ronaldo Caiado (DEM). Como o senhor avalia seu nome ser lembrado nas pesquisas?
Maguito Vilela – A lembrança do meu nome na pesquisa, fico extremamente honrado e gratificado, mas meu nome está fora de qualquer cogitação. Não me candidatarei para nenhum cargo político, sou um homem que tenho palavra e posição. Quando quis ser candidato eu fui, disputei todas as eleições que quis disputar. Agora, não quero ser candidato, quero ajudar na reoxigenação e renovação da política, não só em Goiás como no Brasil. Penso que o povo cansou dessa política mais antiga, dessa política mais conservadora e o povo quer um político mais audacioso e que vá promover as mudanças que precisam ser feitas. Muitas vezes, o político mais jovem que não tenha disputado eleições tem muito mais condições de promover as mudanças, de usar as ferramentas tecnológicas em seu governo e promover as mudanças necessárias.
DM – O senhor foi chamado para fazer essa mediação entre PMDB e o DEM, o senhor mesmo já chegou a dizer que o PMDB sozinho não vence e uma das possibilidades é a união entre o PMDB e os Democratas. O senhor foi convocado e sua missão é de promover essa união, isso é possível?
Maguito Vilela – É possível, em política tudo é possível. Desde que haja bom seja e a gente converse com os interlocutores gabaritados e credenciados, tudo é possível. Acredito que há condições, sim, das oposições se unirem. Mas não só PMDB e DEM, tem outros partidos de oposição, inclusive, o PT que acredito que faz parte, e muito bem, das oposições em Goiás e sem dúvida nenhuma tem bons nomes. Anápolis tem um PT muito bom, Aparecida tem um PT muito bom, em Goiânia tem o Pedro Wilson e muitos nomes de políticos sérios, políticos que têm folha de serviços prestados, em Anápolis tem o [Antônio] Gomide, o Rubens Otoni. Acredito que deve ser unir as oposições, não só PMDB e DEM, são todas as oposições goianas.
DM – O senhor não tem como projeto ser candidato, mas a vida às vezes toma outros rumos. O prefeito Iris Rezende, no ano passado, disse que não seria candidato e saiu da cena política, mas no final foi convocado pelo PMDB e hoje é prefeito. Essa pode ser uma situação que venha acontecer com o senhor também?
Maguito Vilela – Não, de forma alguma. O Iris se esforçou muito e pediu para não ser candidato. Pediu para vereadores do PMDB de Goiânia, deputados do partido para que fosse candidatos, inclusive o Daniel [Vilela], mas ninguém topou. Por isso, para não deixar o partido acéfalo ele aceitou disputar. Como eu e ele também disputamos muitas eleições sem aquela vontade de disputar, querendo uma renovação, mas não tínhamos um nome novo que fosse corajoso, audacioso que enfrentasse. Agora, nós temos.
DM – Essa sua decisão, Maguito, está ligada ao fato de Daniel ser seu filho?
Maguito Vilela – Também, mas tenho que ser honesto comigo e com o povo goiano. O Daniel, hoje, está mais preparado para ser governador que eu. Ele fez curso superior, já fez MBA, ele trabalha muito bem com as novas ferramentas tecnológicas e mídias sociais. O Daniel é corajoso, ele enfrentou e disputou a presidência do partido, ganhou e naturalmente está com seu nome, praticamente, consolidado dentro do PMDB. Honestamente, e vou dizer com a maior sinceridade, ele está mais bem preparado do que eu para ser governador de Goiás. Então, que seja ele, que é novo e também significa reoxigenação da política no nosso estado.
O PMDB sabe que o forte do nosso Estado é o agronegócio. O Brasil inteiro e o mundo sabem disso. Agora, como é que fortalece o agronegócio, como vai impulsionar as exportações: é com infraestrutura. As estradas devem estar em perfeitas condições de uso, duplicadas aquelas que são extremamente movimentadas” Convocado pelo prefeito Iris Rezende para promover a união entre PMDB e DEM, Maguito Vilela acredita ser uma missão difícil, mas não impossível. Ex-governador e ex-prefeito de Aparecida ressalta que se aposenta da política e não vai disputar cargo eletivo e que seu filho, Daniel Vilela, está mais preparado e representa a renovação na política
DM – Ronaldo Caiado já afirmou que não abre mão de ser candidato a governador do Estado. Nessa sua tarefa de fazer a provável união entre democratas e o PMDB, o nome em foco é o deputado federal Daniel Vilela. Neste caso, seria possível que o Daniel fosse o vice na chapa com Ronaldo Caiado?
Maguito Vilela – Essa é uma missão difícil para se convencer um candidato como Caiado a ser vice, um candidato como José Eliton a ser vice e um candidato como o Daniel a ser vice, porque eles são titulares da campanha nos seus partidos. O Ronaldo é o titular do DEM, o Daniel é o titular do PMDB e o José Eliton é o titular do PSDB. Como vamos convencê-los de ser vice? Essa missão é difícil, mas vamos tentar conversar com todos eles, com o DEM, com o PT, com os partidos de oposição para ver se há essa possibilidade. Mas estou muito tranquilo nessa missão que me foi atribuída pelo grande líder Iris e por outros companheiros, porque se não der certo vai também ser uma premissa que sempre defendi que é: todo partido que se preza tem que ter candidato a governador, a prefeito, porque se não nem é partido, se não vai ficar fazendo negócios. O partido tem que mostrar sua cara, tem que contribuir com a democracia e apresentar candidatos. Criaram segundo turno para uma união das forças políticas em torno dos dois partidos que, naturalmente, passarem para o segundo turno.
DM – O senhor também tem feito uma discussão não excluindo nenhum partido para uma aliança com o PMDB. Hoje, o governo tem uma dificuldade para alavancar a sua candidatura, isso não é uma questão do candidato que está posto, mas 20 anos de um ciclo se cria dificuldades. O senhor acredita ser possível o PMDB ter como possibilidade uma discussão com o próprio PSDB?
Maguito Vilela – Volto a resposta que dei anteriormente, é difícil. Eles [PSDB] têm um candidato colocado, que é um bom cidadão, uma pessoa de bem, o vice-governador é uma pessoa de bem. Agora, se o PSDB propuser uma aliança com o PMDB na cabeça de chapa, aí vejo que há uma possibilidade.
DM – O senhor tem conversado com os partidos da base aliada do governo sobre isso?
MaguitoVilela – Conversocomos partidos da base do governo, como PTB, PSD, PP, PR. Tenho conversado com todos eles, sou amigo pessoal do senador Wilder, da Magda Mofatto, do Jovair Arantes, do Vilmar Rocha e de tantos outros que foram meus colegas na Assembleia, na Câmara Federal. Não tenho dificuldade nenhuma e estamos conversando, é bom que todos saibam que estamos conversando. Não é conversa de madrugada, são conversas transparentes e o próprio governador sabe disso, que estamos conversando. O governador é um bom político, temos que respeitar as vitórias que ele teve ao longo de 20 anos, porque tem qualidade política. Discute-se a gestão, mas politicamente é um grande político.
DM – Há muito, se fala em Goiás de unir as oposições, mas o pressuposto dessas uniões é unir em torno de um nome, geralmente, as vaidades acabam prevalecendo. Como fazer uma união que não seja em torno de nomes? O correto não seria primeiro unir em torno de uma plataforma, um programa?
Maguito Vilela – Vocês vão, rapidamente, tomar conhecimento do programa do plano de governo do PMDB, o partido técnicos muito importantes para fazer um estudo e apresentar, realmente, um projeto de governo muito confiável e muito pé no chão.
DM – O sr. não acha que ao invés de contratar técnicos, marqueteiros, o PMDB não deveria colocar os políticos do PMDB para elaborar estes projetos? Será que os políticos do PMDB não conseguem elaborar uma plataforma de propostas para o Estado?
Maguito Vilela – Todos nós que conhecemos o Estado sabemos o que Goiás precisa. Todos os políticos sabem do que o Brasil precisa, e nós aqui em Goiás sabemos o que o Estado precisa. E muitas vezes os políticos não executam o que é a obrigação deles, para melhorar a situação do Estado.
DM – Hoje teve o encontro do PMDB e o sr. estava falando da grande adesão da militância peemedebista a este encontro. Se porventura na hora do “vamos ver”, a maioria do partido entender que o sr. é o melhor nome para disputar o governo do Estado, o sr., mesmo assim, não voltaria atrás em ser o candidato do partido?
Maguito Vilela – Não, de forma nenhuma, até porque hoje nós testemunhamos que o Daniel (Vilela) tem 90% do partido muito firme com ele. A gente pode ver pelos pronunciamentos dos prefeitos de Goiânia, de Rio Verde, de Aparecida de Goiânia, de Quirinópolis e de outros. Nós vimos claramente que ele detém o apoio de 90% do partido. É lógico que tem um ou outro que simpatizam com outra candidatura, mas a esmagadora maioria do partido está com ele.
DM – O ex-deputado federal Vilmar Rocha (PSD) advoga a ideia de que as eleições presidenciais terão impacto nas eleições estaduais. Ele é articulador da campanha presidencial do governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). O sr. avalia que isto vai ocorrer? Vale lembrar que o DM publicou na edição de ontem a amostra do Paraná Pesquisas que mostra o ex-presidente Lula na liderança em Goiás. O sr. sempre teve uma boa relação com o ex-presidente, é possível um entendimento do PMDB com Lula, ou com Alckmin?
Maguito Vilela – Acho que as eleições presidenciais não interferem nada nos Estados. Nas eleições municipais os governadores não interferem nada. Os municípios elegem os seus prefeitos sem ouvir os líderes maiores e os governantes do Estado. Nenhum presidente da República e nenhum candidato à presidência vai chegar aqui e vai ajudar a eleger o governador. Isto é totalmente descartado.
DM – Na opinião do sr. valem os arranjos locais?
Maguito Vilela – Sim. Não existe esta possibilidade. São arranjos locais. Lembro quando era governador, tentei eleger prefeitos na minha região Sudoeste e não consegui. Já vi o Marconi tentando eleger prefeitos aqui na capital e em outras cidades e não consegue. E é assim também com os presidentes. Vocês se lembram do Lula vir aqui, pedir votos para nossa campanha, bater no peito e dizer: “é o Maguito, é o 15”, e ele (Lula) ganhou disparado e eu fiquei. Então, não tem interferência.
DM – A pesquisa mostra um fato inédito: Lula nunca ganhou eleição em Goiás. Mas nesta pesquisa e em outras, ele aparece na frente. Antes além de não ganhar, também não liderava. Como o sr. explica isto? O que mudou em relação à visão dos goianos em relação ao ex-presidente?
Maguito Vilela – Quem elege quer saber se ele vai continuar tendo emprego, se vai ter a casa para morar, quer saber se a rua dele vai ter energia elétrica, água e rede de esgoto. O eleitor mais simples raciocina assim. Isto explica a liderança do Lula, porque com o Lula teve muitas oportunidades de emprego, o índice(de desemprego) era muito baixo. O povo teve a oportunidade de comprar uma moto, de comprar um carro, de comprar uma casa, de alimentar-se melhor. Depois disso piorou o emprego, a violência é alarmente, a saúde piorou, e não é culpa só do presidente, do governador e do prefeito, não há dinheiro do mundo que chegue para saúde. Vocês sabem o que é manter hospitais, médicos, remédios dia e noite gratuitamente. É este o motivo pelo qual Lula lidera em todo o país: as camadas mais sofridas, mais pobres, os desempregados esperam alguém que olhe por eles, e o Lula tem acenado com esta política.
DM – Toda eleição tem um mote: Lula remete à esperança de dias melhores, e o PMDB, o que vai apresentar ao eleitor? O sr. quando foi candidato lançou o mote da solidariedade humana e fez um governo de distribuição de renda. Agora, nos dias atuais, qual será a proposta do PMDB para a população de Goiás?
Maguito Vilela – O PMDB sabe que o forte do nosso estado é o agronegócio. O Brasil inteiro e o mundo sabem disso. Agora, como é que fortalece o agronegócio, como vai impulsionar as exportações: é com infra-estrutura. As estradas devem estar em perfeitas condições de uso, duplicadas aqueles que são extremamente movimentadas. O escoamento da produção tem que ser muito mais ágil, tem que haver melhoria na infraestrutura dos aeroportos também. Nós temos estragulados neste setor. Temos que pegar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste) para dobrar a produção agrícola. Dá para dobrar a produção sem derrubar uma árvore, somente calcareando melhor, adubando melhor e apoiando o agricultor, desde aquele da agricultura familiar até o grande produtor. Se o tiro de canhão é o agronegócio,você tem que blindar, motivar este pessoal para que produzam cada vez mais. Vejo também que é necessário induzir investimentos na infraestrutura energética, cobrando de quem comprou a Celg para que invistam para que todos os empresários que queiram implantar indústrias no Estado tenham energia. É preciso fazer com que a Saneago cumpra o papel dela.
DM – Qual é o problema que o sr. vê na Saneago?
MaguitoVilela – A Saneago não está cumprindo o papel dela infelizmente. Mesmo que o governador queira, mas ela não consegue. Prestem atenção no que eu vou falar: há doze anos que (a Saneago) vem fazendo a Barragem do João Leite, há quanto tempo tem uma sobra imensa de água lá e não deram conta de trazer um cano até Aparecida de Goiânia para levar água para 80 bairros que passam sede todo ano? Como é que não deram conta de trazer uma adutora para Goiânia para que a capital não tivesse mais problemas de água? Falar que a Saneago está cumprindo o seu papel é querer enganar o povo. Não está cumprindo o seu papel. Quando era governador eu investia todo mês R$ 7 milhões limpinhos em água tratada e em esgoto, e depois disto? Nunca mais investiram. Então é preciso melhorar a Sanego, exigir que a Celg cumpra o seu papel, melhorar as estradas, fazendo com que a infraestrutura do Estado de Goiás permita que as grandes indústrias como a Perdigão, como as indústrias do açúcar e do álcool, os grandes laticínios, possam escoar os seus produtos com facilidade.
DM – E na área de segurança? O que o PMDB propõe?
Maguito Vilela – É preciso dobrar o contingente da segurança, que hoje é menor do que na época em que eu fui governador. A população cresceu demais e com este contingente policial a violência só vai aumentar. Tem que dobrar o número de policiais nas ruas e fazer com que o povo tenha segurança.
DM – Quais são as propostas na área da saúde?
Maguito Vilela – Tem que melhorar, fazer com que as pessoas sejam bem atendidas. Agora,tem que discutir isto melhor, pois saúde para todos de graça não é fácil. E se o país não der conta, tem que encontrar um mecanismo de quem pode pagar um pouquinho,para quem não pode não pagar nada, e ter um serviço de graça e de qualidade a qualquer momento.
DM – O que fazer para termos uma melhora no cenário político e na classe política, tendo em vista o turbilhão de acontecimentos que tomou conta do País a partir da Lava Jato. Qual é o cenário que o sr.faz para as próximas eleições, e o que tem de ser mudado para que a população volte a ter confiança na política e nos políticos?
Maguito Vilela – A reforma política é a mãe de todas as reformas. É a reforma que mais precisa ser feita no Brasil. A reforma da previdência é importante, a trabalhista e a tributária também, mas a reforma política é a mais importante de todas as reformas que precisa ser feita no Brasil. E sabe qual é o grande câncer da política brasileira? Reeleição. Este é o grande mal da política brasileira.
DM – Por que o sr. é contra a reeleição?
Maguito Vilela – Eu combati a reeleição, votei contra, lutei e não quis ser candidato a reeleição a governador. Eu propus como deputado constituinte que os mandatos fossem de cinco anos sem reeleição. Os mandatos todos, inclusive de senador, que eu era (e tinha mandato de oito anos), que todos tivessem mandato de cinco anos, sem reeleição. Desde que foi criada a reeleição no Brasil, começou a corrupção mais violenta que este país já experimentou na sua história. Inclusive para começar a reeleição, foi feita uma corrupção muito grande para implantar a reeleição. Com a reeleição o sujeito se acomoda, pois tem oito anos de mandato, não dá o tratamento que as pessoas merecem, quando é no ultimo ano, ele joga tudo e se reelege. Isto tem sido uma desgraça para o Brasil, e não é só para a política não: condeno também a reeleição para clubes de futebol, federações, confederações, sindicatos. A reeleição é danosa para tudo neste país. Então vamos fazer a reforma política acabando com a reeleição, estabelecendo o mandato de cinco anos sem a possibilidade de se reeleger.
DM – O deputado federal Luiz Claudio, do Paraná, apresentou projeto em que propõe que Estados e municípios sejam impedidos de ter legislação tributária própria. Ele defende a substituição do ICMS pelo IVA (Imposto sobre Valor Agregado). Esta seria uma proposta para acabar com a guerra fiscal entre os Estados, como o sr. avalia?
Maguito Vilela – Ele está certo em reduzir o número de imposto e em diminuir a carga tributária, porém tirar dos Estados e municípios a competência de legislar sobre impostos próprios não pode vingar. Penso que é preciso um estudo aprofundado da Reforma Tributária, mas mantendo a autonomia dos entes federados. O que ocorreu no Brasil nos últimos tempos é que foram criadas taxas de contribuição e não impostos, e os Estados e municípios ficaram foram, pois estas contribuições foram para o governo federal. Os Estados e municípios estão á míngua e o governo federal com dinheiro para distribuir para todo mundo, e por isto que tem que ser feita a reforma tributária. Confio na política, na inteligência e do diálogo para fazer o melhor para o País.
A reforma política é a mãe de todas as reformas. É a reforma que mais precisa ser feita no Brasil e a reeleição é o câncer da política” Quem elege quer saber se ele vai continuar tendo emprego, se vai ter a casa para morar, quer saber se a rua dele vai ter energia elétrica, água e rede de esgoto. O eleitor mais simples raciocina assim. Isto explica a liderança do Lula, porque com o Lula teve muitas oportunidades de emprego, o índice (de desemprego) era muito baixo” Converso com os partidos da base do governo, como PTB, PSD, PP, PR. Não tenho dificuldade nenhuma e estamos conversando, é bom que todos saibam. São conversas transparentes”