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União Brasil: nome de partido formado por DEM e PSL

As cúpulas do DEM e do PSL decidiram que vão chamar de União Brasil o partido que resultará da fusão das legendas. Também foi escolhido um novo número para representá-lo nas urnas: 44. Ambas as decisões foram tomadas a partir de pesquisas qualitativas feitas pelos partidos. Segundo o presidente do DEM, ACM Neto, União Brasil foi o que teve a melhor aceitação nos estudos e busca representar o fim da polarização.

"Os brasileiros querem união e pôr fim à polarização, aos antagonismos", disse. "A gente partiu do princípio de que, sendo um partido novo, o ideal era que tivesse um número novo, e este foi o que obteve a unanimidade entre as pessoas que discutiram a definição", explicou Neto sobre o número escolhido.

As executivas tanto do DEM como do PSL aprovaram dar continuidade ao processo de fusão e convocaram convenções nacionais para o dia 6 de outubro.

Os eventos ocorrerão de forma conjunta. Uma vez que a fusão for aprovada nas convenções, o processo será encaminhado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para dar que seja formalizada a criação do novo partido.

Uma vez consolidada a fusão, a tendência é que o PSL, que tem 53 congressistas na Câmara, perca cerca de metade da bancada, formada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O DEM também deverá perder apoiadores. A expectativa de ambas as siglas, porém, é que outros quadros migrem para a nova legenda.

A ideia dos dirigentes do provável novo partido é lançar candidato à Presidência ou apoiar formalmente um nome que não seja Bolsonaro.

Nesse movimento, o DEM trabalhará para manter na legenda o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que tem sido assediado pelo PSD. E tentará trazer nomes relevantes, como Geraldo Alckmin (PSDB-SP), ex-governador de São Paulo, e Romeu Zema (Novo-MG), governador de Minas Gerais. "Com essa sinalização, esperamos concluir a fusão e formar um partido que terá papel relevante em 2022", disse o vice-presidente do PSL, Antônio de Rueda.

Maior do Congresso
Com a união das siglas, o novo partido poderá ser o maior no Congresso.
A cúpula do DEM decidiu negociar a fusão para ter um "corpo que pudesse carregar seu conteúdo", como afirmaram caciques da legenda reservadamente, após a perda de filiados de destaque em 2021 e a rejeição a volta das coligações partidárias pelo Senado.

De um lado, o PSL deverá ter um dos maiores tempos de televisão em 2022, além de um robusto fundo eleitoral e partidário. Do outro, o DEM, um partido que já teve papel relevante no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas que hoje, com uma bancada de 28 deputados, não tem a importância que já teve um dia.

A fusão de ambas as siglas, na avaliação de dirigentes do DEM, além de uma questão de sobrevivência devido às mudanças nas regras eleitorais, tem por objetivo garantir a relevância dos dois partidos após as eleições de 2022. Isso porque o PSL foi nanico por cerca de 25 anos, desde a sua fundação, em 1994, até 2018, quando abrigou Bolsonaro na disputa pela Presidência da República.

A onda bolsonarista fez o partido eleger a segunda maior bancada da Câmara e, com isso, ter a segunda maior fatia da verba pública partidária e eleitoral a partir de 2019.​ Porém, sem Bolsonaro, que rompeu com a sigla ainda em 2019, o PSL dificilmente terá desempenho perto do que conseguiu em 2018, mesmo com os cofres de campanha cheios.

As eleições municipais de 2020 foram uma prévia. O partido elegeu 90 prefeitos,, nenhum deles em grandes cidades.

Já o DEM está longe dos áureos tempos dos anos 1980 e 1990, quando sob o nome de PFL (Partido da Frente Liberal) chegou a ter a maior bancada da Câmara e a presidir as duas Casas do Congresso, além de ter a vice-presidência da República.

Com a chegada do PT ao poder, o partido trilhou o caminho da oposição e acabou entrando em declínio.

Em 2007, na tentativa de se renovar, trocou o comando e mudou o nome para Democratas. Em 2014, chegou ao fundo do poço, tendo eleito apenas 21 deputados federais.

O partido ganhou um novo fôlego após o impeachment de Dilma Roussessf (PT), em 2016, e com a eleição de Rodrigo Maia (RJ) para a presidência da Câmara. Em 2019, venceu também o Senado com Dai Alcolumbre (AP).

Caiado e Delegado Waldir assumem o comando do partido em Goiás

Presidente Estadual do Democratas de Goias, governador Ronaldo Caiado (DEM), convocou lideranças da sigla para participarem da Convenção Nacional do Democratas, que irá deliberar sobre a fusão do partido com o PSL, nesta quarta-feira (6). Encontro ocorrerá no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, de nove horas da manhã à uma da tarde.

O deputado federal Delegado Waldir Soares, atual presidente do PSL, também mobilizou lideranças, de seu partido, do entorno do Distrito Federal, para estarem no evento que vai marcar a criação da nova legenda. Caiado vai assumir a presidência em Goiás e o Delegado Waldir a vice-presidência.

O edital de convocação foi publicado pelo presidente nacional do DEM, ACM Neto, na última segunda-feira, 27. Além da fusão dos dois partidos e da formação do União Brasil, a reunião irá tratar da aprovação de projetos comuns de estatutos partidários e da eleição da Comissão Executiva Nacional Instituidora – que é o órgão que irá promover o registro do novo partido junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O DEM em Goiás, além do governador, conta com os deputados federais Zacharias Calil e José Mário Schreiner e cinco estaduais: Álvaro Guimarães, Iso Moreira, Chico KGL, Dr. Antônio e Tião Caroço. O partido elegeu 62 prefeitos em 2020.

Já o PSL tem dois deputados federais no estado: Delegado Waldir Soares e Vitor Hugo e três estaduais: Delegado Humberto Teófilo, Paulo Trabalho e Major Araújo. Por divergências com o governo Ronaldo Caiado, os deputados Humberto Teófilo e Major Araújo devem deixar o novo partido. Vitor Hugo também não vai permanecer na legenda.

Força no interior
A fusão entre DEM e PSL formará um partido com 53,3 mil filiados em Goiás e com mais de 560 mandatários em municípios, entre prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, além de oito deputados estaduais e quatro federais.

O DEM foi o partido que mais elegeu prefeitos (62), vice-prefeitos (48) e vereadores (374) em Goiás nas eleições de 2020, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E aos 484 devem se somar os 79 eleitos pelo PSL (5 prefeitos, 4 vice-prefeitos e 70 vereadores).

Em uma comparação direta, o segundo partido com maior sucesso nas urnas no pleito de 2020 em solo goiano foi o PP, com 376. Os números democratas, porém, já são maiores. A sigla já ganhou mais prefeitos neste ano — pelo menos seis deles eram filiados ao PSDB e ao PL, derrotaram o DEM nas eleições de 2020, mas se aproximaram de Caiado, como mostrou o POPULAR em julho.

Ronaldo Caiado e Delegado Waldir: comando do novo partido

O presidente do PSL em Goiás, deputado federal Waldir Soares, disse que o resultado da fusão seria uma sigla com mais de 90 prefeitos no Estado. O número é maior do que o que o PSL conseguiu eleger em todo o País no ano passado.

Apesar da vantagem de membros com mandato, a nova legenda seria apenas a quarta em número de filiados, atrás de MDB (120,9 mil), PSDB (71,4 mil) e PP (54,2 mil), que têm a maior quantidade de membros em situação regular no Estado. O levantamento foi feito junto à base de dados do TSE e se refere a julho deste ano, último mês com atualização antes que as relações dos filiados a todos os partidos do País fossem retiradas do ar devido à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

O DEM já era a quarta maior legenda goiana em filiados regulares — 49,8 mil. Com os 3,4 mil membros do PSL, a nova sigla permanece atrás do PP, mas mais próximo. O novo partido também seria um dos sete em Goiás que têm filiados em todos os 246 municípios. Além de MDB, PSDB, PP e DEM, têm presença em todos os municípios: PT, PL e PTB.

As baixas em Goiás previstas até o momento ficam por conta dos três deputados estaduais do PSL, Major Araújo, Humberto Teófilo, que fazem oposição a Caiado, e Paulo Trabalho, que se considera “independente”. O federal Vitor Hugo deve se filiar ao mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro. No grupo dos cinco deputados estaduais do DEM, não há previsão de saída. O mesmo ocorre com os federais Zacharias Calil e José Mário Schreiner.

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