O veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) à indicação de Alexandre Baldy, ex-deputado federal e ex-ministro de Cidades do governo Michel Temer. para a vaga de articulador político do Ministério da Economia criou rusgas com integrantes do PP.
Membros do partido ficaram irritados com a quebra de um acordo que estava sendo costurado pelo ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) e pelo presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). O episódio mostrou a influência que antigos aliados de Bolsonaro ainda exercem nas decisões do Palácio do Planalto.
Baldy foi barrado pelo presidente diante do cenário eleitoral em Goiás. O ex-deputado estuda concorrer a uma vaga no Senado alinhado à chapa do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), o que desagradou o líder do PSL na Câmara, Major Vitor Hugo (GO) —um dos parlamentares mais próximos de Bolsonaro. Vitor Hugo quer concorrer ao governo do estado.
Uma ala do PP defende que Ciro insista na articulação para nomear Baldy para o posto de articulador político do ministro Paulo Guedes (Economia). Mas há pouca chance de isso avançar. Além da resistência de Bolsonaro, Baldy informou a aliados que prefere focar na estratégia eleitoral para a eleição ao Senado em 2022.
Ex-ministro das Cidades durante o governo Michel Temer, Baldy foi secretário estadual dos Transportes Metropolitanos de São Paulo até outubro no governo João Doria (PSDB), o que é apontado como outro fator contrário à sua indicação. O tucano é desafeto de Bolsonaro.
Com o veto a Baldy, há um impasse em relação à vaga de articulador das pautas prioritárias da equipe econômica no Congresso.
O ministro da Economia sinalizou a aliados que a ideia de mexer na articulação política da pasta perdeu força, mas a ala política ainda quer avançar na costura para escolher um novo chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais do ministério.
Membros do PP avaliam que Guedes está enfraquecido e veem uma oportunidade para introduzir um nome de confiança da legenda dentro do Ministério da Economia, uma pasta geralmente preenchida por técnicos, justamente no momento em que se negocia o Orçamento de 2022.
Aval de Guedes
O ministro da Economia chegou a dar aval à sugestão de nomear Baldy —mas o plano foi vetado por influência de bolsonaristas. A decisão do presidente ocorre às vésperas de uma semana decisiva para o Ministério da Economia, que quer concluir a votação da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios.
A PEC é hoje o principal item da pauta econômica no Congresso, pois libera um aumento de cerca de R$ 106 bilhões no próximo ano e viabiliza a promessa de Bolsonaro para pagar um valor de R$ 400 aos beneficiários do Auxílio Brasil.
Apesar do veto a uma indicação de Ciro, o PP mantém o plano de se alinhar a Bolsonaro na campanha de reeleição ao Palácio do Planalto, mas líderes do partido passaram a ver com ressalvas o poder que tem no governo –ou que teria em um novo mandato de Bolsonaro.
Presidente volta a citar Vitor
Hugo como postulante ao governo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar no nome do deputado federal Vitor Hugo (PSL) como potencial candidato ao governo estadual. No entanto, ele ponderou que é preciso “saber como ele está” antes de lança-lo como postulante ao Palácio das Esmeraldas. A conversa surgiu no “cercadinho” do Palácio da Alvorada enquanto o presidente conversava com uma apoiadora goiana.
Bolsonaro disse que Vitor Hugo é o candidato, mas ainda é preciso se viabilizar. Mesmo tendo demonstrado mais cautela em relação ao nome, o presidente afirmou que Vitor é um postulante que tem tudo para dar certo. “Em Goiás, quem que é o candidato é o Vitor Hugo, você conhece?”, questiona o presidente, que recebe uma resposta positiva da eleitora goiana.
O liberal, porém, acrescenta que não basta ela saber. Segundo ele, o pré-candidato, que também deve seguir Bolsonaro no PL, precisa se viabilizar no Estado. “Não basta você saber, a gente tem que saber como que ele está lá [suas articulações para o governo], não sei como que ele está [politicamente]”, acrescenta o presidente da República.
Esta foi a segunda vez que Bolsonaro citou o deputado como postulante ao governo publicamente. A primeira vez foi no ato de filiação do presidente ao PL, quando o liberal foi citado como um dos políticos que estavam ganhando espaço e surge como uma “esperança” no Estado. Ele é pré-candidato ao governo pelo PL junto com o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido).
Apesar da situação ainda não estar definida, o presidente disse que o deputado é competente e lembrou o histórico dele na política. “Tem tudo para dar certo na política”, acrescentou o presidente.
