O prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha, acompanhado de parlamentares goianos. Foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro, sábado (19), no Palácio da Alvorada, mas nada ficou decidido sobre uma eventual filiação ao PL. Mendanha é pré-candidato ao governo de Goiás e está sem partido desde que deixou o MDB, em setembro passado.
Mendanha tentava encontro com Bolsonaro desde setembro do ano passado, mas ala mais radical, ligada ao presidente, tendo à frente o deputado federal Major Vitor Hugo, impedia a conversa do prefeito aparecidense com o líder do PL. Vitor Hugo resiste ao apoio a Mendanha sob a alegação de que o prefeito não é “leal” a Bolsonaro, pois abriga a esquerda em seu secretariado.
Gustavo Mendanha foi a Brasília acompanhado do senador Luiz do Carmo (sem partido), deputados federais Magda Mofatto (PL) e Professor Alcides (PP) e dos estaduais Paulo Cezar Martins (MDB), Cláudio Meirelles (PTC), Major Araújo (UB), Delegado Humberto Teófilo (UB), Paulo Trabalho (UB) e Zé Carapô (DC).
Gustavo Mendanha promete definir novo partido até 31 deste mês, mesma data que pretende renunciar ao cargo de prefeito de Aparecida de Goiânia. Vai assumir o cargo o vice Vilmar Mariano para cumprir o restante do mandato – dois anos e nove meses.
O prefeito aparecidense acertou até agora o apoio do Podemos, Patriota e PTC ao seu projeto de disputar o governo de Goiás nas eleições deste ano. Não prosperaram as conversas com o PSD, PL, Progressistas e Republicanos. Até o Avante e o Brasil 35 hesitam em anunciar apoio a Mendanha.
O PSDB só apoia a candidatura de Mendanha se o partido estiver na chapa majoritária, com o ex-governador Marconi Perillo na disputa para o Senado ou Lêda Borges como candidata a vice-governadora.
O Progresistas e o Republicaram já avisaram ao prefeito: só há chances de conversas se o ex-ministro Alexandre Baldy ou o deputado federal João Campos estiver na chapa como candidato ao Senado. Luiz do Carmo, que deve se filiar ao PSC, também sonha com a candidatura ao Senado na chapa de Mendanha.
Outra dificuldade enfrentada por Mendanha: formar chapas proporcionais (deputado federal e estadual). Isso tem prejudicado a sua pré-candidatura ao governo de Goiás.
Com Bolsonaro
Na conversa com Jair Bolsonaro, Gustavo Mendanha sinalizou que poderá estar no palanque do presidente em Goiás pela reeleição. Lembrou que a maioria dos seus aliados já integra o staff de campanha do presidente, casos dos deputados federais Magda Mofatto e Professor, além do senador Luiz do Carmo.
No Twitter, Mendanha publicou uma foto de mãos dadas com Bolsonaro. "Hoje os deputados e deputadas que estão conosco na construção de uma frente de oposição em Goiás participaram comigo de uma audiência com o presidente da República, Jair Bolsonaro. Estamos dialogando pelo desenvolvimento de Goiás", escreveu.
Os deputados estaduais que acompanham Gustavo Mendanha, como Paulo Cézar Martins, Cláudio Meirelles e Major Aráujo, cobram do prefeito uma definição sobre filiação partidária antes de 2 de abril. Alegam que precisam dar “satisfações” às bases municipais sobre mudanças de partidos.
No QG de Mendanha, esta semana será decisiva para o pré-candidato a governador definir o seu futuro partidário: as dúvidas serão dissipadas com a decisão do ex-ministro Henrique Meirelles de concorrer ao Senado. Sem Meirelles, acreditam os seguidores do prefeito, as conversas poderão avançar com o PSD.
Mesmo após a visita ao presidente, os gustavistas não são otimistas em relação a uma filiação do prefeito ao PL, diante das resistências do bolsonarismo, principalmente do deputado federal Major Vitor Hugo, que deve ingressar no partido dia 26 deste mês.
Canedo não acredita que será afastado do comando do PL
O presidente do Partido Liberal (PL) em Goiás, Flávio Canedo, é enfático ao dizer que o comando da sigla “continua como está, para a tristeza de alguns”.
Questionado sobre a chegada do deputado federal Major Vítor Hugo (União Brasil) como candidato ao governo pelo partido, Canedo afirma que “ele não se filiou pois tem a Comissão de Constituição e Justiça. Se ele fica no UB, ele fica com a CCJ”. Flávio ressalta também que o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que Vítor Hugo não será candidato ao governo e que é preciso “ter pés no chão”.
Canedo, que preside o PL-GO há mais de dez anos, disse ao Jornal Opção Online, que “não se preocupa com o que Vítor Hugo fala por aí”, pois o comando do partido segue nas mãos dele, juntamente com a liderança de Magda Mofatto (PL). Flávio pontua o fato de Vítor Hugo querer sair como candidato ao Senado Federal, mas pergunta “por qual partido? Hoje nós temos um senador que está bem mais adiantado aqui, que é o Luiz do Carmo (ex-MDB e atualmente sem partido). Ele é alinhado ao Bolsonaro, ao segmento evangélico e vota 100% com o presidente”.
Questionado se a possível chegada de Vitor Hugo representaria um racha no PL, visto que o partido já anunciou o apoio ao prefeito de Aparecida de Goiânia e pré-candidato ao Governo de Goiás, Gustavo Mendanha (sem partido), Flávio Canedo descarta essa ideia. “Vítor Hugo pode tentar a reeleição como deputado federal. Quando eleito, com a ajuda do deputado federal Delegado Waldir (UB), ele teve mais de 30 mil votos. Pode ser que consiga mais agora”.

Mariano confirma conversas entre Mendanha e Marconi para 2022
O vice-prefeito de Aparecida Vilmar Mariano, presidente estadual do Podemos, confirmou as conversas entre o prefeito de Aparecida e pré-candidato ao governo de Goiás, Gustavo Mendanha e o ex-governador do estado Marconi Perillo (PSDB) sobre alianças em 2022.
Vilmar descreveu Marconi como um grande líder do estado, mas reconheceu que a proximidade com o psdbista pode gerar desgastes para Mendanha. “Marconi tem quatro mandatos de governador, então há um desgaste natural. Agora, que ele é um grande quadro do Estado de Goiás, isso ninguém pode negar”, disse à rádio Sagres 730.
Com o anúncio da pré-candidatura de Gustavo Mendanha ao governo de Goiás, no último sábado (12), Vilmar Mariano assume o comando da cidade no próximo dia 31 de março, data marcada por Gustavo para renunciar ao cargo. questionado sobre as ações que pretende fazer como prefeito, Vilmar afirmou que quer dar continuidade à gestão de Mendanha. “Estou muito tranquilo, ansioso, confiante de que podemos dar prosseguimento ao mandato do Gustavo e fazer uma gestão de excelência como tem sido feita”.
José Nelto
Segundo Vilmar Mariano, o deputado federal José Nelto, ex-presidente do Podemos em Goiás, pode ficar no partido caso a sigla monte uma chapa proporcional forte. “Ele precisa de uma chapa consistente para federal e nós vamos construir essa chapa. E o José não vai perder força, porque aqueles municípios que já tem compromisso vai ficar sobre a tutela dele. Nós tivemos uma conversa muito boa e ele me garantiu que qualquer decisão a gente volta a falar, mas a intenção dele é ficar no partido”, explicou.
O vice-prefeito disse ainda que o Podemos fez o compromisso com a presidente nacional do partido, Renata Abreu, de eleger dois deputados federais e dois deputados estaduais nas eleições 2022.