Se depender do Movimento Sem Terra (MST), o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) terá apoio da entidade em seus projetos políticos, desde que coloque o "boné" do MST.
Em entrevista ao site "Diário de Goiás", João Pedro Stédile, líder do movimento, disse que aguarda Marconi "colocar o boné". "Colocar o boné do MST significa que está apoiando a reforma agrária e os direitos dos sem terra", disse o líder do MST.
Nos bastidores, aumentou a especulação de que PT e Marconi estão próximos de fechar acordo para que o tucano seja o palanque de Lula em Goiás. Ao lado da CUT, o MST é o principal movimento alinhado ao PT.
Marconi e Lula foram desafetos políticos no passado recente, durante o episódio do mensalão - escândalo do PT cuja condenação de dirigentes transitou em julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo reportagens do "Estadão" da época, em 2005, Marconi teria dito para a Polícia Federal que Lula sabia do mensalão - fato que incriminaria o ex-presidente.
Como resposta, o PT incluiu Marconi Perillo na CPI do Cachoeira, quando foi inquirido pelo deputado federal Odair Cunha (PT-MG), relator da investigação que ainda impulsionou a cassação do mandato do ex-senador Demóstenes Torres, aliado de Marconi.
Devido aos tempos de "perseguição", Marconi Perillo ingressou com uma ação de indenização no valor de R$ 100 mil contra Lula, para que ele reconhecesse que o perseguia.
Ainda hoje existe ambiente desagradável dentre petistas e Perillo. Na edição de terça-feira, 19, no DM, o vereador Mauro Rubem, liderança regional do PT, disse que Marconi é "inimigo".
Mas nos últimos meses, o PT se aproximou de tucanos de origem, como Geraldo Alckmin, que migrou para o PSB na disposição de ser vice de Lula. Em Goiás, ocorreu movimento semelhante: aliado de Marconi, José Eliton saiu do PSDB em direção ao PSB para pavimentar uma aliança com o PT.
Movimento controverso
O MST é um movimento controverso. De um lado é acusado por produtores rurais de incentivar invasões de terra, de outro é considerado entidade que defende trabalhadores rurais em seus direitos de acesso à terra.
Comunidades indígenas já chegaram a denunciar o movimento por invadir suas terras. Em 2016, reportagem da Folha revelou que a entidade, mesmo ao receber há mais de dez anos a doação de uma propriedade do cantor Gilberto Gil, permaneceu sem realizar assentamentos no local.
Por outro lado, o MST é visto como entidade progressista, cuja pauta é a realização da reforma agrária e invasão apenas de latifúndios.