Na disputa a cargos majoritários, para senador, governador e vice-governador, apenas 25% das candidaturas são de mulheres, em Goiás. Elas são sete, em um total de 28 concorrentes no pleito de 2022. Em abril, o Congresso aprovou Emenda Constitucional que determina repasse mínimo de 30% do fundo partidário e do eleitoral para candidaturas de mulheres.

Segundo site oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Goiás tem duas candidatas ao governo de Goiás – Cíntia Dias (PSOL) e Helga Martins (PCB); três candidatas a vice-governadora – Luciana Amorim (UP), Maria Letícia (PCO) e Pastora Keila Borges (PL); além de duas candidatas ao Senado – Denise Carvalho (PCdoB) e Manu Jacob (PSOL).
Em eleições passadas, as mulheres foram protagonistas nas disputas majoritárias (governadora e senadora), no entanto, sem êxito nas urnas. Lúcia Vânia (PSDB) e Marina Sant’Anna (PT) disputaram o governo de Goiás. Dalísia Doles (PSB) concorreu ao Senado. Lúcia Vània quebrou paradigma, ao vencer duas disputas para o Senado da República em Goiás.
Governo de Goiás

Cíntia Aparecida Dias é candidata pela federação Psol-Rede, tem 45 anos, nasceu em Goiânia, vem de família indígena e cigana e se declarou parda, no registro do TSE. Seu candidato a vice-governador é o advogado Edson Braz (Rede). Cíntia Dias é graduada em Ciências Sociais, mestranda em Sociologia na Universidade Federal de Goiás (UFG) e ativista das causas femininas. Em 2004, participou da fundação do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) em Goiás, do qual hoje é presidente. Foi candidata a deputada estadual em 2010, concorreu como vice-governadora na chapa do professor Weslei Garcia de Paulo (Psol) em 2014 e disputou cargo de vereadora de Goiânia em 2020. Nas eleições de 2022, declarou junto ao TSE um patrimônio de R$ 561 mil.

Helga Maria Martins de Paula, de 41 anos, é candidata pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). O agente de saúde e sanitarista Lindomar Santos (PCB) ocupa o lugar de vice na chapa. Natural de Ribeirão Preto (SP), se declarou como mulher branca no registro do TSE. Helga é professora de Direito na Universidade Federal de Jataí (UFJ). A candidata também faz parte dos comitês Regional e Central do PCB, além de integrar a Coordenação Estadual do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro e a Corrente Sindical Unidade Classista. Esta é a primeira vez em que concorre a uma eleição. Ao TSE, declarou ter R$ 188,1 mil em bens.
Vice-governadoria
Luciana de Deus Amorim, de 50 anos, é candidata a vice-governadora pelo Unidade Popular (UP), na chapa do candidato a governador Professor Pantaleão (UP). Natural de Anápolis, se declarou como mulher branca no TSE. Tem ensino superior completo e atua como servidora pública federal. Esta é a primeira vez em que concorre a uma eleição. Declarou patrimônio de R$ 1,5 milhão.
Maria Letícia (PCO), de 62 anos, é candidata a vice-governadora na chapa do historiador Vinícius Paixão (PCO). Se declarou como mulher branca no TSE. Nasceu em Itumbiara, trabalha como psicóloga e concorre em sua primeira eleição. Declarou possuir R$ 198,8 mil de patrimônio.
Keila Gomes de Carvalho Borges, de 47 anos, é candidata a vice-governadora do deputado federal Major Vitor Hugo (PL), pelo Partido Liberal. Keila seria candidata a deputada federal antes de compor chapa na corrida ao governo de Goiás. A candidata a vice é pastora batista em Águas Lindas de Goiás, entorno do Distrito Federal. Se declarou como mulher branca ao TSE. Esta é sua primeira eleição. No site do Tribunal, ainda não foram declarados seus bens.
Senado Federal
Denise Aparecida Carvalho, de 59 anos, é candidata pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Se declara como mulher branca e é natural de São Paulo. Já concorreu a vice-prefeita de Goiânia, em 2012, foi vereadora de Goiânia e deputada estadual por três mandatos, de 1971 a 2003. Foi titular das secretarias estaduais de Ciência e Tecnologia e de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial. Declarou patrimônio de R$ 771,7 mil.
Manu Jacob, de 36 anos, disputa uma cadeira no Senado pela federação Rede-Psol. É natural de Ceres, professora, mestre em Educação e se declarou ao TSE como uma mulher preta. Disputou o cargo de prefeita nas eleições de 2020, sendo a primeira candidata negra a concorrer à prefeitura da capital. Manu é a atual presidente do Psol em Goiânia. Declarou ao TSE o patrimônio de R$ 198,6 mil.
Igualdade política ainda está distante
As mulheres representam a maioria dos eleitores do Brasil: 52,50% nas eleições de 2020, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas ainda não é possível falar em igualdade política enquanto apenas 15% dos parlamentares no Congresso Nacional são mulheres.
No restante do continente, essa taxa – também baixa - é de 31%. De acordo com dados de uma organização que reúne os parlamentos dos países ligados à ONU, o Brasil ocupa a posição 142 no ranking de mulheres no Congresso Nacional. Países onde as mulheres, historicamente, têm os direitos limitados, como Arábia Saudita, já ocupam posições melhores que Brasil na representatividade feminina na política.
Em Goiás
Entre os representantes de Goiás a discrepância é notável. Os três senadores atuais são homens. Dos 17 deputados federais, apenas duas são mulheres: Flávia Morais (PDT) e Magda Mofatto (PL). E, entre os 41 deputados estaduais, apenas duas são mulheres: Adriana Accorsi (PT) e Lêda Borges (PSDB).
Vale enfatizar que, ao todo, o parlamento goiano chegou a ter apenas oito deputadas, na legislatura entre 2007 e 2010 (Onaide Santillo, Vanuza Valadares, Dária Alves, Laudeni Lemes, Sônia Chaves, Nelci Spadoni, Rose Cruvinel, Cleusita de Assis).
E quando o assunto são cidades goianas, a situação continua desigual: dos 246 municípios, apenas 33 elegeram mulheres como prefeitas em 2020.
Dos 35 vereadores de Goiânia, apenas cinco são mulheres: Luciula do Recanto (PSD), Sabrina Garcêz (PSD), Gabriela Rodart (DC), Léia Klébia (PSC) e Aava Santiago (PSDB).
Em Aparecida de Goiânia, apenas duas mulheres se elegeram: Valéria Pettersen (MDB) e Camila Rosa (PSD). E, em Anápolis, dos 23 vereadores, apenas cinco são mulheres: Andreia Rezende (SD), Thaís Souza (PP), Seliane da SOS (MDB), Trícia Barreto (MDB) e Cleide Hilário (Republicanos).
A jornalista Lúcia Vânia também possui uma trajetória de quebra de paradigmas. Foi primeira-dama do Estado, elegeu-se cinco vezes para a Câmara Federal e conquistou dois mandatos consecutivos para o Senado da República. Ocupou também a secretaria nacional de Assistência Social do governo Fernando Henrique Cardoso. Em Goiás, ela foi secretária de Desenvolvimento Social do governo Ronaldo Caiado.