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Ex-chefe da Aeronáutica diz que ex-comandante ameaçou prender Bolsonaro

Durante depoimento à Polícia Federal, Carlos Almeida Baptista Jr. alegou que ele e o chefe do Exército eram contra o golpe de estado

Marcelo Camargo/Agência Brasil Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Jr., afirmou em depoimento à Polícia Federal, que o ex-comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes ameaçou prender Jair Bolsonaro (PL), caso ele insistisse em um plano golpista.

Além disso, Baptista Jr., apresentou à PF uma minuta que "decretava a realização de novas eleições e a prisão de autoridades do judiciário". O documento teria sido apresentado em 7 de dezembro de 2023, no Palácio do Alvorada.

Baptista Jr. relatou à Polícia Federal que o comandante do Exército identificou ações de Bolsonaro que justificariam sua prisão por atentar contra a democracia. Além disso, o ex-chefe da Aeronáutica mencionou ter rejeitado qualquer participação em planos golpistas em outra reunião com Bolsonaro, e descartou a possibilidade de permanecer no cargo sob tais premissas.

"Em outra reunião de comandantes das Forças com o então presidente da República, o depoente deixou evidente a Jair Bolsonaro que não haveria qualquer hipótese do então presidente permanecer no poder após o término do seu mandato. Que deixou claro ao então presidente Jair Bolsonaro que não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional para mantê-lo no poder", afirmou em depoimento.

Após as eleições

Em 1º de novembro de 2022, lideranças militares reuniram-se com Bolsonaro para informar que não houve fraude nas eleições e destacar a importância de aceitar os resultados para "tranquilizar o país".

Estiveram presentes o comandante da Força Aérea, o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, os ex-comandantes do Exército, Freire Gomes e da Marinha, Almirante Garnier, e o ex-Advogado-Geral da União, Bruno Bianco.

Segundo o depoimento, Bolsonaro questionou Bruno Bianco sobre ações contra o resultado eleitoral, e recebeu uma resposta negativa. Carlos Baptista Jr. relatou que Bianco considerou o pleito legal, sem margem para contestação. Após isso, Bolsonaro, sem admitir a derrota, anunciou a transição de governo após reunir-se com políticos.

O ex-comandante da Aeronáutica considerou que "a situação estava estável, sem chances de reversão do resultado eleitoral."

O ex-comandante informou aos policiais que Bolsonaro "inicialmente aceitou o resultado eleitoral, mas após a divulgação de um estudo pelo IVL em 14/11/2022, ao indicar irregularidades, pareceu esperançoso em alterá-lo. Esse estudo foi desacreditado por autoridades, sendo descrito por Baptista Jr. como um argumento lógico que induz a conclusões falsas."

Desde novembro de 2022, o ex-comandante da Aeronáutica participou de encontros com o presidente daquele período e altos oficiais das Forças Armadas, onde Bolsonaro expôs documentos com ideias de intervenção. Baptista Jr. revelou que o ex-presidente sugeriu a ativação da GLO e a declaração do Estado de Defesa para abordar uma eventual "crise institucional".

No depoimento, o ex-comandante da Aeronáutica mencionou que Anderson Torres, então ministro da Justiça, participou de uma reunião, e forneceu suporte jurídico para medidas excepcionais. Ele e o comandante do Exército na época, general Freire Gomes, tentaram dissuadir Bolsonaro de adotar tais medidas, e enfatizaram a posição das Forças Armadas contra qualquer ruptura constitucional.

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