
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na manhã desta quarta-feira, 19, da leitura de sua carta aos evangélicos, em evento com lideranças religiosas, e reafirmou o compromisso, se eleito, com a liberdade de culto no País. O texto diz que os evangélicos são bem-vindos para participar do Executivo e fala de medidas do petista ao segmento enquanto foi presidente, como a sanção da Lei da Liberdade Religiosa e a criação do Dia da Marcha para Jesus. “Mantenho o mesmo respeito e compromisso”, diz Lula na carta. O ex-presidente também diz que seu eventual governo “não adotará quaisquer atitudes que firam a liberdade de culto” e lamenta o “triste escândalo do uso da fé para fins eleitorais”.
A carta, assinada por Lula, foi lida diante do petista, pelo ex-ministro Gilberto Carvalho. A leitura foi feita em evento com pastores em um hotel em São Paulo. Participaram do encontro os deputados federais eleitos Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Marina Silva (Rede-AP), além de lideranças petistas. “Posso lhes assegurar, portanto, que meu governo não adotará quaisquer atitudes que firam a liberdade de culto e de pregação ou criem obstáculos ao livre funcionamento dos templos”, afirma o documento. “É bem-vinda a participação de evangélicos nas diversas formas de participação social no governo, como conselhos setoriais e conferências públicas”, acrescenta.
Sem uso político
No texto, Lula se compromete a jamais usar os símbolos da fé para fins políticos-eleitorais, em uma crítica indireta ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), e ainda reitera ter a família como um valor central na sua vida. “Lar e a orientação dos pais são fundamentais na educação de seus filhos”, afirma o petista. “Para mim, a vida é sagrada, obra das mãos do criador”, afirma.
Lula é católico, assim como muitos petistas do seu entorno. A última pesquisa Datafolha mostrou que a opção política de evangélicos e católicos foi acentuada no segundo turno. Bolsonaro é o preferido de 65% dos evangélicos, enquanto Lula tem a aprovação de 57% dos católicos. O petista tem buscado melhorar a avaliação que tem entre os evangélicos.
Uma das principais responsáveis por convencer a equipe de Lula a divulgar a carta de compromisso aos evangélicos, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que, com o ato de hoje e a divulgação da carta, Lula reafirma o compromisso com os evangélicos e combate às fake news. “É um momento de reflexão e de avaliação porque estamos tratando de um povo que tem diferenças (…) e que hoje, nas mais variadas avaliações, estão entre 70 e 80 milhões de brasileiros”, avaliou. “Qualquer família tem um evangélico”, disse a senadora.
Desinformação
Após a leitura da carta, Lula fez discurso no qual voltou a contestar a informação de que ele, se eleito, obrigaria crianças a usar banheiros comuns para meninos e meninas. “Gente, eu tenho família, tenho filha, netas, bisnetas, só pode ter saído da cabeça de satanás a história de banheiro unissex”, disse.
Lula lembrou que o PT já divulgou outras mensagens aos evangélicos em processos eleitorais. “Toda eleição há uma quantidade de mentiras neste país que precisamos fazer carta, ora para a Igreja Católica, ora para a igreja evangélica, ora para outros setores da sociedade”, disse o ex-presidente, que disse ter publicado a carta “por respeito” aos religiosos.
Ele também criticou a quantidade de mentiras nas eleições direcionadas a ele. “Eles têm uma fábrica monstruosa de produzir mentira e a gente não pode ganhar uma eleição produzindo mentira”, disse Lula. A campanha petista já teve de desmentir que Lula pretende fechar igrejas e que ele tem um pacto com o diabo. Lula chamou Bolsonaro de “psicopata e mentiroso compulsivo”.