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Goiânia

Sem Ana Paula, Bruno Peixoto é favorito para chegar ao 2º turno

Possível desistência de filha de Iris Rezende clareia caminho eleitoral para presidente da Assembleia Legislativa

A saída prematura de Ana Paula Rezende (MDB) do páreo da disputa pela Prefeitura de Goiânia traz desdobramentos na oposição ao prefeito Rogério Cruz (Republicanos) e Vanderlan Cardoso (PSD), antagonista de Cruz, e um dos favoritos da disputa que ocorrerá em 2024.

Oficialmente, o União Brasil apoia a gestão Cruz. Mas existe uma dissonância no passado recente que envolve o prefeito com o MDB, aliado maior do governador Ronaldo Caiado. Daí que o grupo tem grandes chances de lançar nome próprio em 2026 - ou ao menos testar possibilidades nas pesquisas.

Na base do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) sobram três caminhos sem Ana Paula: lançar o deputado Bruno Peixoto (União Brasil), apoiar Rogério Cruz ou esperar Gustavo Mendanha (MDB), uma improvável candidatura diante do posicionamento negativo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ‘prefeitos itinerantes’.

Não existe outro nome até agora para a base governista. Uma improvável aliança com Vanderlan seria pouco possível. O que seria muito exótica diante do comportamento negligente do pré-candidato do PSD em 2022, quando não retribuiu a Caiado o apoio que recebeu em 2020.

Em outras palavras, o grupo de Caiado se ressentiu com a forma pós-moderna e líquida de fazer política de Vanderlan. Um apoio do MDB e União Brasil só ocorreria em caso de inviabilidade das candidaturas que restam - Bruno Peixoto e Mendanha.

Política é disputa de poder e apoios sem contrapartidas desta divisão não existem. Foi o que motivou o rompimento da aliança do grupo de Daniel com Rogério Cruz, que almejou um quinhão maior da gestão de Goiânia e encontrou o MDB reticente em abrir mão do que conquistou - afinal, a vitória em 2020 ocorreu majoritariamente pelos esforços e imagem de Maguito Vilela (MDB).

Então, o que o MDB buscaria de Vanderlan e Cruz se caminhasse para este improvável apoio? Força para a disputa de 2026. Mas o que garantiria a palavra de Vanderlan? Tanto Ronaldo Caiado quanto Daniel têm demonstrado que seguem um modelo tradicional de política: pacta sunt servanda (respeito ao pactuado). Por sua vez, Cruz garantiria o peso da administração em 2026. E se mostrou absolutamente leal em 2022.

Daí que existe uma pedra enorme neste caminho para Vanderlan. Ele não tem fiador nesta negociação. E Cruz mostra pouco volume de votos na saída da pré-campanha. Por isso o grupo de UB e MDB deve testar mesmo Bruno Peixoto, que se mostrou primeiro um líder de governo eficiente na legislatura passada. Depois, conquistou os deputados para presidi-los.

Caminhos de Bruno

Bruno Peixoto, por sua vez, tem um longo caminho pela frente: pavimentar uma candidatura significa pontuar bem nas pesquisas. Ele tem meios para isso: gestão visível na Assembleia Legislativa, apoio da base do governador Ronaldo Caiado e vácuo deixado por Ana Paula. Soma-se ainda possível apoio de Mendanha, que tem reputação favorável em Goiânia. A conta é mera conjectura e projeção: 5% de cota pessoal, uns 7% do apoio da base caiadista, uns 5% do vácuo irista e o apoio de Mendanha - mais uns 4% na pior das hipóteses. Pela lógica, Bruno teria mais de 20% já na primeira sondagem, em outubro. Resta ao grupo escolher um alvo e trabalhar o nome e um conjunto de propostas para Goiânia.

A expectativa: Bruno aparecer nas primeiras pesquisas de opinião com dois dígitos - entre 10% e 16%. E no decorrer comunicar a pré-candidatura e chegar aos 25%. Estima-se que a partir de outubro as pesquisas devem começar a ser divulgadas.

Caso a pré-campanha de Cruz não consiga deslanchar (ter mais de dois dígitos), é possível que ele também apoie Bruno. Neste caso, a campanha em Goiânia teria três nomes competitivos: Vanderlan, Bruno e uma candidatura do PT, que sempre aparece bem na disputa.

PT

Caso o nome do PT seja Adriana Accorsi a disputa terá o melhor nome da legenda. A deputada federal teve 13,39% em 2020. Vanderlan pontuou 24,67% e Maguito, 36,02%. No segundo turno, Vanderlan obteve 47,40% frente a 52,60% de Maguito. O resultado mostra que os votos do PT - em 2020 - migraram a maior parte para o MDB.

Talvez seja por isso que Vanderlan vem tentando se distanciar da figura de Jair Bolsonaro (PL), uma vez que o ex-presidente não apresentou impacto nas urnas goianienses em 2020 e deve repetir o mesmo desempenho em 2024.

O esforço de Vanderlan é não morrer na praia: virar para o segundo turno na liderança e não sangrar com as estocadas da base aliada ao governador e Daniel Vilela.

Bruno, por sua vez, precisa bater o número próximo da virada do primeiro para o segundo turno - Vanderlan teve, por exemplo, 24,67%. Sem esta pontuação, Bruno avançará sem musculatura para enfrentar Vanderlan no segundo turno.

Já Accorsi enfrenta dificuldades diversas para chegar na fase final da disputa: capilaridade frágil ( PT não avança sozinho desde Pedro Wilson, 2000), não tem obras significativas no município e a presença de Lula na Capital é nula. Também não atrai conservadores - força que tende a desovar votos em candidaturas de centro. Apesar de uma projeção bastante positiva de sua imagem, ela tem ainda outra contrariedade: exerce mandato federal, mais distante dos bairros.

Ana Paula

Após a divulgação de que Ana Paula não seria candidata teve início a especulação de que se trata de uma estratégia de marketing (usada inclusive por Iris Rezende) cujo resultado seria a união em torno de seu nome.

Ou seja: a “saída” seria - de fato - uma entrada na pré-campanha. Mas a veracidade do ensaio do MDB só seria comprovado diante de grande movimentação. Em 2020, Iris Rezende realmente declinou da candidatura para reeleição. Tinha todo artefato para campanha: a começar da popularidade. Mas a saúde foi determinante.

Ana Paula não teria esta conjectura, uma vez que não é política. Outro fator: a necessidade de cuidar da herança patrimonial dos pais, o que toma tempo considerável. Daí que a tese de desistência ser realmente a mais válida até agora. Uma possível candidatura para a Câmara Municipal não tomaria tempo. E serviria de preparo para outros lances futuros.

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