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POLÍTICA

Todos contra a corrupção

Milhares protestam em Goiânia cobrando punição para culpados e pedem deposição do governo Dilma. Protesto começou na Praça Tamandaré e terminou na porta da Polícia Federal

Hélmiton Prateado Da editoria de Política&Justiça

A manifestação ocorrida ontem em Goiânia, a exemplo de outras cidades no País, reuniu mais de 60 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, enquanto os organizadores estimaram um número superior a 120 mil manifestantes. Organizada por grupos distintos, mas com predominância do Movimento Brasil Livre, a reunião dos manifestantes foi na Praça Tamandaré.
Desde as 13 horas começaram a chegar à praça, que teve o tráfego interrompido em todos os sentidos para evitar tumultos. Respondendo de forma favorável ao pedido dos organizadores, os manifestantes vestiam principalmente verde e amarelo, as principais cores da Bandeira Nacional, e reeditaram pinturas nos rostos lembrando os caras-pintadas que tomaram as ruas em 1992 pedindo o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, deposto naquele ano.
A tônica principal da manifestação era contra a corrupção e a impunidade, mas o foco foi ampliado e ganhou contornos de combate explícito ao Partido dos Trabalhadores, ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma Rousseff.
Os escândalos de corrupção investigados nos últimos meses, principalmente a Operação Lava Jato e as delações de corrupção na Petrobras, forneceram o combustível necessário para que os manifestantes gritassem palavras de ordem contra a presidente Dilma, exigindo sua deposição. Frases de efeito como “Fora Dilma”, “Lula cachaceiro, devolve o meu dinheiro” e “O povo na rua, Dilma a culpa é sua” eram intercaladas com o Hino Nacional tocado nos carros de som que era cantado pelos manifestantes.
Na Praça Tamandaré, cravada no Setor Oeste, um dos endereços mais caros da capital, os manifestantes exprimiam seu descontentamento com a corrupção e pediam o fim do ciclo do PT no governo. Os organizadores repetiam a cada momento que não seriam aceitas manifestações de qualquer partido político no movimento e que se trata de uma ação essencialmente suprapartidária.
Um detalhe lembrado pelos locutores em suas falas é que mesmo depondo a presidente Dilma Rousseff, não querem que a linha institucional seja agredida. A abertura de um processo de impeachment de Dilma teria como linha sucessória a posse do vice-presidente, Michel Temer, que caso esteja também envolvido em algum ato de corrupção deverá ser impedido de governar, e será empossado o presidente do Congresso com a incumbência de convocar novas eleições.
O médico Sílvio Fernandes explicou que o Movimento Brasil Livre prega a abertura das investigações contra a presidente Dilma e o “absoluto respeito à legalidade e às instituições”.

Passeata
Após aguardar a reunião dos manifestantes, os organizadores colocaram o cortejo na rua em direção à sede da Polícia Federal com os carros de som puxando as palavras de ordem, revezadas com o Hino Nacional.
Subindo a Avenida República do Líbano, duas mulheres vestidas com as cores da manifestação e participando das palavras de ordem contra a presidenta Dilma, contra o PT e o ex-presidente Lula, foram notadas: eram a médica Adriana e a advogada Ana Paula, filhas do candidato derrotado do PMDB ao governo nas eleições do ano passado, Iris Rezende.
A manifestação seguiu pacífica até o Parque Areião, com os manifestantes se reunindo na porta da Superintendência da Polícia Federal em Goiás. Foi feita uma encenação da prisão da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula com grades e gritos de “cadeia”. Por volta das 17h30, os participantes começaram a se dispersar.

Protestos em todas as regiões do País

Da agência Brasil
As manifestações contra a corrupção e contra o governo da presidente Dilma Rousseff ocorreram em todas as regiões do País e reuniram milhares de pessoas. Não houve registro de confrontos e os protestos foram pacíficos.
Em Campinas (SP), 5 mil pessoas se reuniram pela manhã e mais de 10 mil na parte da tarde para os protestos. Os manifestantes também já se dispersaram sem que episódios de violência ou enfrentamento fossem registrados pela polícia.
Na capital paulista, a Polícia Militar informa que pelo menos 1 milhão de pessoas se reuniram na Avenida Paulista. Segundo o Datafolha – instituto de pesquisa e opinião do Grupo Folha –, a manifestação reuniu 210 mil pessoas.
Na Região Norte manifestantes também foram para as ruas. Em Manaus, 22 mil pessoas se juntaram aos protestos, de acordo com a PM estadual. A passeata começou na Praça do Congresso e seguiu pelas principais avenidas do centro da capital amazonense. Em Belém, os manifestantes caminharam pelo centro da cidade até o Theatro da Paz, um dos símbolos da capital paraense, também vestidos de verde e amarelo e levando faixas com críticas ao governo Dilma e pedidos de impeachment da presidenta.
Em Porto Alegre, houve dois pontos principais de concentração de manifestantes, o Parcão, no bairro Moinhos de Vento, e o Parque da Redenção. De acordo com a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, até as 17h, cerca de 100 mil pessoas haviam participado dos protestos na capital gaúcha. A polícia não registrou incidentes. Ainda na Região Sul, 80 mil pessoas se reuniram na Praça Santa Andrade, em Curitiba, e seguiram para o Centro Cívico, onde o protesto deve se encerrar. Assim como nas outras cidades, a manifestação não tem registro de violência.
No Nordeste, foram registrados protestos no Recife, em Salvador, em Aracaju e em outras capitais. Em Fortaleza, a manifestação se concentrou na Praça Portugal, na Aldeota, bairro nobre da capital. A PM contabilizou 15 mil pessoas no protesto. Já a organização do ato estimou em 20 mil pessoas. Assim como em outros locais do País, a maioria dos participantes vestia roupas com as cores da bandeira brasileira e levantava faixas com frases de rejeição ao PT e à presidente Dilma. O ato seguiu pela Avenida Beira Mar, na Praia de Iracema, e terminou no Jardim Japonês, na Avenida Beira-Mar, onde os participantes cantaram o Hino Nacional e trechos da música “Pra dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, considerada símbolo da resistência contra a ditadura militar.
No Rio de Janeiro, a primeira grande manifestação do dia ocorreu na orla da Praia de Copacabana. A polícia não informou os números oficiais, mas, segundo estimativa de organizadores, 15 mil pessoas participaram do ato. As duas pistas da Avenida Atlântica chegaram a ser fechadas no meio da manhã e a passeata recebeu apoio de moradores dos prédios da orla.
Acompanhados por carros de som, os manifestantes criticavam o governo e a corrupção. Também havia grupos que defendem a volta dos militares ao poder e marchavam cantando hinos do Exército Brasileiro.
Em parte do País, as manifestações ocorreram pela manhã, como em Brasília, onde o protesto juntou 45 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, segundo estimativa oficial. Com faixas pedindo desde o fim da corrupção ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, os manifestantes caminharam pela avenida e se posicionaram em frente ao Congresso Nacional. Uma enorme bandeira do Brasil foi estendida e os manifestantes cantaram o Hino Nacional. Algumas pessoas chegaram a entrar no espelho d'água do prédio.
Em Belo Horizonte cerca de 24 mil pessoas se reuniram na Praça da Liberdade. A manifestação seguiu até por volta das 13h, quando os manifestantes se dispersaram sem ocorrências que merecessem registro da Polícia Militar.

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