- Médico marxista chegou ao poder pelo voto popular, em 1970, com uma plataforma socialista e que surtou os EUA e as classes médias fascistas
- Tarzan de Castro, Maria Cristina Uzlenghi Rizzi de Castro, Joaquim Jaime, Juarez Ferraz Maia, Dagmar Pereira e Fenando Safatle viveram o golpe de 1973
- Número de mortos e desaparecidos no Chile pós-Augusto Pinochet ultrapassa quatro mil. Ditadura civil e militar durou exatos 17 anos e cindiu País
- Assim como Athos Magno Costa e Silva, Athos Pereira da Silva, José Duarte dos Santos, Daniel Aarão Reis Filho e Samuel Aarão Reis: tempos sombrios
11 de setembro. Não o de 2001. Das Torres Gêmeas. O do Chile. Em 1973. Palácio Presidencial, o La Moneda, espaço para despachos do presidente da República, Salvador Allende, um senador e médico marxista eleito pelo voto popular, em 1970, com uma plataforma republicana, não patrimonialista, socialista, de ‘izquierda’, é bombardeado. Destruído. General do Exército, Augusto Pinochet Baugart rompe a legalidade. As direitas liberais deflagram um golpe. Com o suporte militar, financeiro, estratégico e institucional dos EUA. À época sob Henry Kissinger, no Conselho de Segurança Nacional, e Richard Nixon, investigado pelo escândalo de Watergate, na ‘White House’, a Casa Branca. A experiência, de transição do capitalismo tardio, atrasado e selvagem para o socialismo, morre com os óculos de armação preta soterrados sob escombros
O Estádio Nacional, em Santiago, capital do País, vira um ‘Gulag’. Campo de concentração. Da nova ditadura civil e militar. Com o apoio social das classes médias. Fascistas. As pioneiras na utilização do ‘panelaço’. Contra governos democráticos. Socialistas. De esquerda. Depois, a greve dos caminhoneiros. As primeiras em ‘Nuestra América’. Com o locaute dos empresários. A ordem dos ‘Think Thanks liberais’ era desabastecer as cidades. Para criar a insatisfação popular. O que deveria ser amplificado pelas notícias ‘editorializadas’ dos grandes conglomerados de comunicação. Rádios, TVs, jornais e revistas de suporte impresso. O velho script usado no Brasil, em 1964. Depois, o efeito dominó. República Dominicana, 1965. Memória: Paraguai, Bolívia e Nicarágua viviam em ‘regimes de exceção’. Já o Uruguai cai em 1973.
- A Argentina, em 1976.
MORTOS E DESAPARECIDOS
O modelo econômico adotado, inspirado em Milton Friedman, é o dos ‘Chicago Boys’. A Justiça de Transição no Chile, tardia e incompleta, aponta a existência de um volume ‘questionado’ de quatro mil mortos e desaparecidos. Sob os 17 anos de arbítrio. O número de responsáveis por violações de direitos humanos que foram a julgamento no País é reduzido. Em comparação com a Argentina. Um Plebiscito, com 55, 99%, derrota Augusto Pinochet, em 1988. As eleições ocorrem em 14 de dezembro de 1989. Afastado do Palácio Presidencial de La Moneda, o ditador vira senador. Vitalício. Pasmem! Por sentença do juiz espanhol Baltasar Garzón, é preso, em 16 de outubro de 1998, em Londres, Inglaterra. Nação de Margareth Thatcher. A ‘dama de ferro do neoliberalismo’. Depois, retorna a Santiago. Após a sua morte, ocorrida no ano de 2006, em 10 de dezembro, investigações descobrem a sua fortuna secreta escondida em paraísos fiscais e confiscada. Mais de 21 milhões de dólares. Além de ditador, um ladrão.
- [Dados do jornal O Estado de S. Paulo]. Genocida e corrupto. A justiça do Chile determinou à família Pinochet, em 2018, a devolução dos recursos milionários desviados do erário.
Para fugirem da repressão, antes do trágico 11 de setembro, que completa 45 anos em 2018, Tarzan de Castro e Maria Cristina Uzlenghi Rizzi de Castro foram para o Chile. Tarzan de Castro viu a morte de perto e escapou. José Duarte dos Santos refugiou-se na Bélgica e seguiu para Moçambique. Dagmar Pereira da Silva adotou o mesmo caminho: Bélgica. Lá nasceu Luisa Dias, hoje jornalista. Naqueles tempos, apátrida. Athos Magno Costa e Silva, México e Alemanha. Athos Pereira da Silva, Bélgica. O jornalista denunciava na Europa, Velho Mundo, as torturas, mortes e desaparecimentos de dissidentes no Brasil. Juarez Ferraz Maia, Bélgica e Moçambique. Joaquim Jaime, Alemanha Oriental [RDA], hoje extinta. Daniel Aarão Reis Filho, como Samuel Aarão Reis, refugiou-se na Embaixada do Panamá. Contra a vontade de Marco Aurélio Garcia. Vladimir Saflatle, filho de Fernando Safatle, nasceu no exílio: no Chile vermelho
Renato Dias, 51 anos de idade, é graduado em Ciências Sociais. Pela Universidade Federal de Goiás. Mais: pós-graduado em Políticas Públicas, pela mesma instituição de ensino superior, a UFG. Em tempo: com curso de Gestão da Qualidade, pela Fieg [Federação da Indústria do Estado de Goiás], Sebrae-GO e CNI [Confederação Nacional da Indústria] e Prefeitura Municipal de Goiânia, sob a gestão de Darci Accorsi [1993-1996]. Além de jornalista pela Faculdade Alves de Faria, a Alfa. O repórter especial do jornal Diário da Manhã e colaborador do www.brasil247.com é também mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento. Pela Pontifícia Universidade Católica, a PUC de Goiás. É autor de 15 livros-reportagem. Detalhe: premiado por obras investigativas e reportagens de direitos humanos.
CRONOLOGIA
1970 Salvador Allende é eleito
Percentual de votos
1973 Crise econômica e política
11 De setembro- 1973: golpe
17 Anos de ditadura no Chile
1986 Augusto Pinochet sofre atentado
1988 Plebiscito dá vitória ao Não
1990 Augusto Pinochet, senador
1998 Augusto Pinochet é preso
2006 Morre o ditador Augusto Pinochet
2018 Justiça bloqueia fortuna do clã
20 Milhões de dólares: corrupção
45 Anos sem Salvador Allende