Política

A difícil arte de defender governo

Redacão

Publicado em 18 de janeiro de 2016 às 23:48 | Atualizado há 4 meses

O deputado estadual Santana Gomes (PSL) é um dos escudeiros do governador Marconi Perillo (PSDB) na Assembléia Legislativa. É o parlamentar escalado para defender os interesses do Palácio das Esmeraldas  em diversas instâncias de poder – seja na própria Assembléia ou mesmo na Câmara Municipal, onde desempenhou o papel de vereador e tem livre trâmite.

É na Assembléia, contudo, que age da melhor forma. Atua como um ator, ora segue marcações determinadas no tablado e se alonga nos discursos improvisados em defesa das medidas nem sempre populares do governador goiano ora ataca e fustiga a oposição, acusada por ele de de não ter ideias e ser representante de um discurso frágil.

Santana representa para o governo o mesmo papel do ex-deputado Túlio Isac, não reeleito em 2014.

O trabalho de Santana tem chamado atenção pela capacidade de perceber os movimentos da oposição, pela lealdade ao governador e sua análise do cenário político goiano. Em entrevista ao DM, elogia três homens da política regional. Como não poderia deixar de ser, mostra lealdade ao falar do governador Marconi Perillo. Surpreende ao elogiar Iris Rezende como político que tem o que mostrar em seu portfólio. E confirma o que tem sido dito por outros políticos experientes: José Eliton, vice-governador e titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SED), é uma das maiores revelações da política goiana nas últimas décadas.

Com olhar no nacional, diz que a classe política perdeu a chance de fazer o impeachment de Dilma Rousseff.  Na entrevista que segue, o deputado estadual revela os mecanismos de atuação, suas dificuldades na Assembléia e a opinião que tem sobre os principais nomes da política goiana.

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DM – Deputado, como o senhor vê a questão do impeachment da presidente Dilma Roussef?

Santana Gomes – O Brasil perdeu o momento para o impeachment. Ela sangrou, mas acabou que a situação do presidente da Câmara Federal, o Eduardo Cunha, dificultou qualquer espécie de ação de afastamento da presidente. Resta agora ela terminar seu mandato, realizar uma coalizão e implantar as políticas públicas necessárias.  A Dilma é – para mim – uma pessoal séria. Ela não chegou com seu grupo, mas ganhou um grupo que já estava aí no poder. Além disso, acredito que com a crise, todos perdem. O melhor agora é o país seguir adiante, se reconstruir e deixar que ela termine o mandato. Pra mim, política não deve ter terceiro turno.

 

DM – Deputado, muitos começam a dizer que o tempo novo chegou ao fim. Teria chegado ou é crítica de oposição?

Santana Gomes – Não acredito que tenha chegado ao fim. O governador Marconi Perillo é ainda exemplo para muitos, com suas ações inovadoras. Ele se sobressai mesmo com a crise política, que depois se tornou institucional e social. É uma crise que não é nossa. Hoje, sinceramente, acho difícil encontrar no Brasil cinco políticos da qualidade do Marconi no Brasil.

DM – O senhor tem dificuldades em defender as ações do governador Marconi Perillo na Assembléia? Essa tarefa parece recair apenas em seus ombros.

Santana Gomes – É que a política atual vive um momento muito agressivo. E o político tem que tomar atitudes muitas vezes não compreendidas pela sociedade. E alguns políticos não conseguem compreender isso. Vou dar um exemplo: o prefeito de Goiânia não tomou as atitudes necessárias, não teve coragem, e acabou sofrendo suas conseqüências. Então, muitas vezes o político tem que tomar partido através de ações pouco populares, mas necessárias. E o pessoal da Assembléia não percebe mas está coeso na defesa dos propósitos do governo. Acredito muito no Marconi. Vejo em Goiás três nomes na história da política: Pedro Ludovico, por motivos óbvios. Depois, Iris Rezende, pelo que fez no passado.  Admito muito o ex-prefeito e ex-governador por tudo que ele fez. Mas até na política existe um prazo de validade das coisas. E admiro também nosso governador no presente, claro.

 

DM – Mas como enxerga a oposição?

Santana Gomes – Ela leva muito para o lado pessoal. E quando faz isso acaba me despertando.  Me preparo para este debate, que nem sempre é fácil, mas necessário.

 

DM – Senhor acredita que o PSDB nacional vai abrir espaço para Marconi ser candidato à presidente e deixar de ser um político regional?

Santana Gomes – O grande azar do governador Marconi foi ter nascido em um estado sem capilaridade eleitoral. Mas acho difícil o PSDB nacional realizar essa discussão sobre disputa presidencial sem lembrar e tocar no nome do governador de Goiás.

 

DM – E a base já enxerga o cenário de 2018?

Santana Gomes – Sim, com certeza. E já temos candidato. O meu candidato é José Eliton. Já é político, inclusive experiente, tem sido preparado para isso com suas várias gestões. É o mais preparado, com grande capacidade administrativa. É honesto e madrugador.

 

DM – Na Câmara Municipal de Goiânia costuma-se dizer que o senhor é mais freqüente do que boa parte dos vereadores.

Santana Gomes – Vou muito à Câmara, pois fui vereador, tenho relações sociais e políticas e eventualmente preciso articular com os demais integrantes da base. Sinto-me bem ali, conheço os detalhes, atuei com bastante convicção naquela casa.

 

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