Política

“A sociedade não quer discutir aborto”

Diário da Manhã

Publicado em 22 de setembro de 2018 às 03:23 | Atualizado há 7 anos

Militante classista e feminista, a professora Magda Borges (PCB) disse que os governantes devem ter compromisso com as mulheres. Em entrevista exclusiva ao Diário da Manhã na Faculdade de Edu­cação da Universidade Federal de Goiás (UFG), a candidata ao Se­nado pelo Partido Comunista do Brasil destacou que é preciso ter políticas públicas eficientes que tenham como objetivo atender a população feminina. “A sociedade não quer discutir aborto porque há uma onda crescente de moralismo e conservadorismo”, afirma.

Borges ressaltou que só a pu­nição não será suficiente para so­lucionar os casos de feminicídio– Goiás figura no topo do ranking dentre os Estados em que há mais casos desse tipo de crime. “A políti­ca punitivista funciona para os ca­sos confirmados em que a gente já sabe quem é o autor da violência”, diz ela, que leciona Filosofia. Ela pontuou que uma educação cuja preocupação é tratar as questões de gêneros nas escolas com viés hu­mano possui papel primordial no combate à violência contra a mu­lher. “A educação precisa ser volta­da para a violência de gênero. É pre­ciso atacar nesse problema na raiz”.

Contou ainda que foi duramen­te reprimida pelo aparato policial durante os protestos movidos pelos secundaristas em 2016. “Estive pre­sente nas ocupações contra as Orga­nizações Sociais que tinha como ob­jetivo lutar contra a privatização do ensino público. Naquela época pro­fessores chegaram a ser processos por estarem lutando por uma edu­cação de qualidade”, relata a profes­sora. “Jogaram água suja, de esgoto, que fedia. Éramos professores e alu­nos que não concordávamos com as medidas de terceirizar um ser­viço que é obrigatoriedade do Es­tado, que é a educação”, explana a mestranda em psicologia pela UFG.

A comunista declarou que vê com receio a militarização do ensi­no público em Goiás. Para ela, a clas­se trabalhadora terá acesso à educa­ção que tem como função formar “mão de obra barata e desqualifi­cada” para o mercado de trabalho. “A militarização exclui os alunos, jo­gando-os para outras regiões, mais periféricas, e reprime um modelo educação emancipatório”, comen­ta. “Esse sistema de avaliação por meio de número, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Bá­sica (Ideb), que o atual governo ado­ra citar para justificar os colégios mi­litares, é uma forma de conceder um modelo educacional mercantilista”.

Questionada sobre a demo­cratização dos meios de comu­nicação, a professora disse que “precisamos chegar onde a gran­de mídia não chega”. “Por exem­plo, é importante discutirmos a questão da Reforma Trabalhis­ta, que precarizou as relações de trabalho no Brasil e estabeleceu uma espécie de ‘uberização do trabalho’” onde não o trabalhador não tem direito a previdência, não tem recursos em caso de aciden­te”, argumenta. “É preciso chegar aonde a grande mídia não chega”.

FEMINISMO

Magda revelou que vem de fa­mília que contava apenas um homem e garantiu que esse fator foi determi­nante em sua for­ma de enxergar a vida. “Sempre me peguei ques­tionando deter­minadas situações, como meu pai che­gando em casa mais tarde e outras coi­sas do tipo”, admi­te a candidata. Mas a consciência social formou-se quando teve contato com o movimento secun­darista. Lá, diz ela, percebeu as con­tradições do mun­do. “Foi quando co­meço a perceber que injustiças sociais”, conta.


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