Alckmin recebeu dinheiro vivo, diz Odebrecht
Diário da Manhã
Publicado em 10 de dezembro de 2016 às 01:40 | Atualizado há 8 anosO governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), recebeu dinheiro oriundo de corrupção em suas campanhas ao governo em 2010 e 2014, contaram os executivos da Odebrecht à Força Tarefa da Operação Lava Jato. A narrativa que executivos da empresa prestaram à Justiça Federal indica que o tucano teve repasses em espécie nas duas campanhas e que a procedência do dinheiro era de origem obscura ou de contratos superfaturados.
Os executivos da Odebrech que firmaram o acordo de delação premiada com a Justiça estão prestando depoimentos cada um em separado para aos Procuradores da República que compõem a força-tarefa da Lava Jato. Em três depoimentos distintos os altos funcionários da empreiteira baiana narraram que Geraldo Alckmin recebeu recursos oriundos de corrupção em suas campanhas e que os repasses foram feitos para pessoas ligadas ao governador.
Um desses emissários de Alckmin para receber a mala de dinheiro da Odebrecht foi o empresário Adhemar Ribeiro, irmão da primeira-dama de São Paulo, Lu Alckmin e que o escritório do empresário na capital paulista foi o endereço para a entrega do numerário. A notícia do recebimento de dinheiro escuso para as campanhas de Geraldo Alckmin foi dada pelo jornal Folha de São Paulo e a riqueza de detalhes prestada pelos funcionários da Odebrech confere maior veracidade ao fato. São 77 altos servidores da empreiteira que foram incluídos no grupo de delatores e que prestarão depoimento para o MPF.
Um dos principais delatores a relatar os repasses para Alckmin foi o ex-diretor da empresa em São Paulo, Carlos Armando Paschoal, apelidado de CAP. A ele cabia a responsabilidade de negociar doações e repasses para o alto comissariado político dos partidos de diferentes cores ideológicas. Paschoal já havia provocado um terremoto no terreno tucano quando fez referência a uma doação de R$ 23 milhões também de Caixa 2 para a campanha presidencial de José Serra, de 2010, quando o tucano perdeu para a presidente Dilma Rousseff.
Contas
Apesar dos funcionários da Odebrecht afirmarem que alguns milhões foram para a campanha de Alckmin sua coordenação de campanha prestou contas para a Justiça Eleitoral de parcos R$ 100 mil em 2010 e outros R$ 200 mil em 2014, oriundos da Braskem, subsidiária da Odebrecht que opera no ramo de petroquímica.
A Odebrecht prestou serviços para o governo paulista em obras importantes como a linha 4 – Linha Amarela – do metrô de São Paulo e a duplicação da Rodovia Mogi Guaçu – Via Dutra, que consumiram vultosas somas de recursos. Na questão do metrô os tucanos já são amplamente investigados pelo Ministério Público estadual por corrupção milionária com empresas diversas.
Geraldo Alckmin foi candidato a presidente em 2006 e perdeu para o ex-presidente Lula, que foi reeleito. Com uma curiosidade: Alckmin teve no segundo turno menos votos do que no primeiro, ou seja, perdeu para ele mesmo.