Política

Ameaças de delação de Cunha e de Paulo Preto abalam PMDB e PSDB

Diário da Manhã

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 23:49 | Atualizado há 4 meses

As cúpulas do PMDB e do PSDB estão em estado de alerta, pois dois dos seus “homens-bomba” estão dispostos a utilizar da delação premiada para se livrarem de um longo período de cadeia, em troca, eles podem comprometer figurões da política de seus partidos. Trata-se do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na  última semana pela Polícia Federal, na Operação Lava Jato, e do tesoureiro informal do PSDB, o engenheiro Paulo Vieira de Souza. Conhecido como Paulo Preto, ele foi presidente da Dersa, empresa do governo de São Paulo responsável pelas obras do Rodoanel nos governos de José Serra (2007-2010) e Geraldo Alckmin (2011-2014), ambos do PSDB.

Eduardo Cunha teme pela prisão de sua mulher e filhos, após o STF (Supremo Tribunal Federal)  decidir que sua família será investigada pelo juiz  Sérgio Moro. O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, afirma que a mulher  de Cunha, a jornalista Claudia Cruz, e sua a filha, Daniela Cunha, se beneficiaram de propina. Ambas são investigadas por irregularidades em contas mantidas na Suíça pelo ex-presidente da Câmara. Logo após a prisão, Cunha contratou em Curitiba o advogado Marlus Arns de Oliveira, que fez as delações premiadas dos executivos da Camargo Corrêa, Dalton Avancini e Eduardo Leite, e do empresário João Bernardini Filho. Antes da prisão, Eduardo Cunha já dava mostras de que estava insatisfeito com a cúpula do PMDB, quando deitou acusações contra Moreira Franco,  secretário-executivo da Presidência. Uma frase de Cunha tem tirado o sono do presidente interventor Michel Temer e de seu aliados: “serei conhecido como o homem que derrubou dois presidentes”.

Tucanos apreensivos

Paulo Preto, que foi abandonado à própria sorte, foi citado por empreiteiros como coletor de propinas e, em função disso, decidiu formalizar acordo de delação premiada, conforme revelou em sua coluna a jornalista Vera Magalhães, do jornal O Estado de S.Paulo:

“Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, começou a negociar com o Ministério Público para admitir sua atuação na arrecadação de propinas para o PSDB em boras importantes do governo de São Paulo nos últimos anos. O ex-diretor da Dersa foi tragado na Lava Jato no recall dos acordos de delação da Camargo Corrêa, depois de ter sido citado por executivos da Odebrecht. O clima no PSDB paulista é de tensão total”, informa a colunista.

Paulo Preto foi denunciado por Luiz Nascimento, dono da Camargo Corrêa, e antes disso já havia sido denunciado por fraude nas obras do Rodoanel em ação do Ministério Público do Estado de São Paulo. Ele foi acusado de fraudar processos de reassentamento de moradores atingidos pelas obras do Trecho Sul do Rodoanel, para beneficiar três babás, duas empregadas domésticas e um funcionário que trabalhava para a sua família, causando, segundo o MP, um prejuízo de R$ 374,9 mil.

Outro delator que incomoda a cúpula do PSDB é o prefeito afastado de Ferraz de Vasconcelos (SP), Acir Filó. Ele foi expulso do PSDB após se tornar alvo de investigações sobre fraudes e corrupção.  Acir Filó protocolou junto ao MP-SP pedido de delação premiada em que promete detalhar um suposto esquema no governo de Geraldo Alckmin. Dizendo-se abandonado pela cúpula tucana, Filó afirma que Alckmin “não bota um centavo no bolso, mas é omisso com a corrupção”.

Eduardo Cunha diz que vai derrubar dois presidentes, Paulo Preto pode derrotar as candidaturas de dois presidenciáveis tucanos (José Serra e Geraldo Alckmin). Num momento em que a Operação Lava Jato é acusada de parcialidade e de somente pegar pesado contra o ex-presidente Lula e ex-ministros do PT, os pedidos de delação de dois dos principais arrecadadores do PMDB e do PSDB pode colocar à prova o papel do juiz Sérgio Moro, dos delegados da PF e dos procuradores de Curitiba no combate à corrupção.


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