Após protestos, Planalto avalia que é preciso “quebrar clima de pessimismo”
Redação
Publicado em 17 de agosto de 2015 às 23:32 | Atualizado há 10 anosO governo adotou um tom cauteloso após asmanifestações contra Dilma Rousseff e o PT ocorridas no domingo (16). A palavra de ordem é “quebrar o clima de pessimismo”, sem menosprezar a dimensão dos atos como vem ocorrendo por parte de apoiadores do Planalto nas redes sociais.
A avaliação foi feita na reunião de coordenação política do governo, ocorrida ontem com a presença de Dilma, do vice-presidente Michel Temer (PMDB), 12 ministros e os líderes do governo no Congresso.
“Precisamos quebrar esse clima de pessimismo que existe no país. As medidas estão sendo tomadas para que esse ambiente seja superado em breve. Se temos as condições, cabe acreditarmos na força e potencial do nosso País. Temos que ter otimismo para superar as dificuldades”, disse o ministro Edinho Silva (Comunicação Social), escalado para falar após o encontro.
A ordem no Palácio do Planalto é não minimizar as manifestações que, segundo a Polícia Militar, levou cerca de 612 mil pessoas a pelo menos 169 cidades, incluindo todas as capitais. O número de pessoas nas ruas foi maior que o registrado em abril – 540 mil –, as menor que o dos protestos de março, que registrou 1,7 milhão de manifestantes.
“As manifestações foram importantes, não importa o número de pessoas que foram às ruas. O regime democrático pressupõe respeito às manifestações”, disse Edinho.
Preocupou especialmente o governo o fato de os protestos ainda estarem fortes e centrados nas figuras de Dilma, do ex-presidente Lula e do PT. A expectativa inicial do Planalto era de que as manifestações deste domingo fossem menores, inclusive, que as de abril.
O ministro, porém, negou preocupação com o foco dos protestos. “Se pegarmos as três mobilizações, você pode fazer uma diferenciação pequena, mas elas, no geral, trabalham a mesma pauta, a mesma agenda. É evidente que tivemos um recuo comparado à primeira mobilização, mas não deixa de ser importante”, declarou.
INTOLERÂNCIA
Edinho voltou à retórica dos petistas de que o clima atual é de “intolerância”, por outro lado. “Temos que combater esse ambiente que está sendo criado para que o Brasil volte àquilo que sempre foi sua tradição, conviver com as diferenças”.
Líder do governo no Congresso, o deputado José Pimentel (PT-CE), que também participou da reunião com Dilma, afirmou que o Senado vai priorizar esta semana a votação da desoneração da folha de pagamento e do projeto que permite que o país repatrie dinheiro depositado por brasileiros no exterior que não foi declarado à Receita Federal.
Os dois itens eram propostas do governo e constam também da Agenda Brasil, pacote de reformas proposto ao Planalto pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).