As quedas do poder na História
Redação DM
Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 01:00 | Atualizado há 8 meses
- Getúlio Vargas fica 15 anos, após a Revolução de 1930, cai, volta pelas urnas, em 1950, e suicida-se em 24 de agosto de 1954, às 8h30, no Palácio do Catete
- Ditadura civil e militar, apesar dos protestos no Brasil e no exterior, dura uma noite com exatos 21 anos e termina com a ascensão da Nova República
- Tempo Velho, com o PMDB, tornou-se hegemônico no poder político no Estado de Goiás por 16 anos, de 1983 a 1999, e perde as eleições para o Tempo Novo
- Oligarquia Caiado saiu de cena em 1930, voltou em 1970, pode retornar em 2018. Vilmar Rocha vê esgotamento da base aliada. O que vem depois de 2018?
Ciclos parecem rondar, como um fantasma, o cenário político no Brasil e no Estado de Goiás. A Oligarquia Caiado obteve hegemonia de poder de 1909 a 1930. Pedro Ludovico Teixeira ascendeu ao leme do Estado. A sua queda ocorreu em 26 de novembro de 1964. Mesmo tendo Mauro Borges Teixeira, seu filho, abençoado o golpe de Estado civil e militar de 31 de março e primeiro de abril de 1964. A ditadura civil e militar no Cerrado durou de 1965 a 1982. Cassado em 17 de outubro de 1969, Iris Rezende Machado inaugurou uma nova etapa, em 1983.
De 15 de março de 1983, quando deixa o Palácio das Esmeraldas o governador biônico Ary Ribeiro Valadão, à época no PDS, a 31 de dezembro de 1998, o PMDB mandou e desmandou na Casa Verde. Com Iris Rezende Machado, Onofre Quinan, Henrique Santillo, Iris Rezende Machado, Agenor Rezende , Maguito Vilela, Naphthali Alves e Helenês Cândido. O último a apagar a luz do Tempo Velho. É que o chamado Tempo Novo, com o jovem tucano Marconi Ferreira Perillo Júnior, de apenas 36 anos, derrotara, nas urnas de 1998, Iris Rezende Machado.
O moço da camisa azul Marconi Perillo reelegeu-se em 2002. Na corrida eleitoral de 2006 fez o seu sucessor: o médico e ex-prefeito de Santa Helena Alcides Rodrigues. O ciclo do grupo político de Alcides Rodrigues durou exatos quatro anos. Marconi Perillo voltou pelas portas da frente ao Palácio das Esmeraldas. Em uma eleição direta contra o velho Iris Rezende Machado. Quatro anos depois, novo duelo. De um lado, Marconi Perillo. Com a base aliada. De outro, Iris Rezende Machado. Com o suporte de Ronaldo Caiado, democrata que elegeu-se senador.
Com a nova derrota, a terceira, Iris Rezende Machado desiste do projeto de ocupar o Governo de Goiás. De virar “inquilino da Casa Verde”. Ronaldo Caiado, sobrevivente no cenário da oligarquia do início do século XX, lidera, hoje, as pesquisas de opinião pública. Presidente estadual do PSD, um homem de Estado, como se autodefine, Vilmar Rocha vê sinais de esgotamento do Tempo Novo. De fadiga da base aliada no exercício de poder. O ex-titular da Secima, que afastou-se do cargo em dezembro de 2017, não quer José Eliton [PSDB] candidato.
À direta e à esquerda, as crises se avolumam. O PT, fundado no Colégio Sion, São Paulo, em 10 de fevereiro de 1980, chegou ao Palácio do Planalto em 2002. O ex-operário metalúrgico, um torneiro mecânico, Luiz Inácio Lula da Silva elegeu-se e foi reeleito. Depois, elegeu e reelegeu a sua sucessora. A ex-guerrilheira da Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares, economista Dilma Rousseff, presa e torturada à época da ditadura civil e militar [1964-1985]. Um consórcio montado entre PMDB, PSDB, PP, PTB e PR promoveu um golpe frio, líquido, parlamentar, com os suportes do Aparato Jurídico do Estado e dos conglomerados de comunicação.
CRISES SE REPETEM
Sem ter cometido crime de responsabilidade, nem escondido R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador, Bahia, muito menos carregado uma mala com R$ 500 mil, dinheiro vivo e sujo, enlameado pela JBS, para comprar apoio político e parlamentar, Dilma Rousseff sofre impeachment. A história do tempo presente se repete, como em Honduras, em 2009 e 2017, Paraguai, 2012, e ameaça a Venezuela, com tiros e pauladas e bloqueios econômicos. As veias da América Latina parecem estar abertas. Crises cíclicas causam turbulências na economia. É o que aponta o velho barbudo Karl Marx [1818-1883]. O cenário político segue tal sina histórica.
A História do Brasil é rica em exemplos de ciclos. Gaúcho de São Borja, o fazendeiro Getúlio Vargas permaneceu, depois da Revolução de 1930, 15 anos no poder. Caiu após a segunda guerra mundial. Voltou pelas urnas, em 1950, e suicidou-se em 24 de agosto de 1954, às 8h30, no Palácio do Catete, Rio de Janeiro, em seus aposentos presidenciais. A ditadura civil e militar teria sido uma noite trágica que durou exatos 21 anos. A Nova República, com José Sarney, apenas cinco anos. Anos Fernando Henrique Cardoso, o da Privataria Tucana, como diz Elio Gaspari, oito anos. O PT, em Brasília, 14 anos. O que vem por aí pós-2018? É só esperar.