Às vésperas de prisão, PT goiano presta solidariedade a Delúbio
Diário da Manhã
Publicado em 18 de maio de 2018 às 02:10 | Atualizado há 4 meses
Aos gritos de “Delúbio guerreiro do povo brasileiro”, o ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares foi recepcionado no auditório do diretório municipal do PT em Goiânia, que ficou lotado para homenagear o dirigente partidário. Ele participou de um debate com a militância para discutir a conjuntura política nacional, o movimento Lula Livre e os aspectos de uma nova condenação na Justiça a que está submetido.
Delúbio fez uma ampla explanaçãosobreomomentopolíticodo Brasil. Avalia que o momento é de trabalhar a união partidária e a unidade dos partidos e movimentos progressistas, nacionalistas e populares para fazer frente ao projeto de desmonte do País e retirada de direitos dos trabalhadores iniciados com o impechment da presidente Dilma Rousseff. Ele considera que a população brasileira está aos poucos compreendendo o caráter facista do golpe que colocou na prisão o ex-presidente Lula. Sua avaliação é que as pesquisas que colocam Lula na liderança e apontam desconfiança da população com os rumos do País demonstram que há espírito crítico para fazer a oposição, e principalmente Lula, vencerem as eleições no dia 7 de outubro.
A contribuição de Delúbio para construção do PT e do movimento sindical foi lembrada por vários dos dirigentes presentes, entre eles a ex-deputada federal Neyde Aparecida, a presidente do Sintego, Bia de Lima, e a presidente do PT em Goiás, Kátia Maria. A deputada estadual Adriana Accorsi, que também é delegada de polícia, disse que Delúbio sofreu injustiça jurídica, pois foi condenado sem provas, uma tendência que tem tomado conta dos tribunais lavajatistas.
Tarzan de Castro, ex-deputado federal e ex-preso político, diz que as prisões sem provas contra Delúbio Soares, José Dirceu e Lula correspondem ao método de reação semelhante ao que foi utilizado pela ditadura em 1964. “Na ditadura usaram as armas para calar os opositores do regime, como ficou mais uma vez mostrado, a partir da revelação de documentos sigilosos da CIA de que os generais-ditadores autorizavam assassinatos de opositores. Nos dias de hoje, setores do Judiciário são seduzidos para perseguir o PT e seus dirigentes como inimigos dos interesses do grande capital internacional”, posiciona.
Olavo Noleto, ex-auxiliar da presidente Dilma Rousseff, considera que Delúbio Soares dá um exemplo de dignidade, com sua tranquilidade frente a mais uma condenação sem provas. O advogado José do Carmo, pré-candidato a deputado federal, avalia que a direita política, através de um consórcio com setores da grande mídia, do Judiciário e do Ministério Público, ataca os direitos fundamentais e rasga a Constituição, ao utilizar da Justiça como instrumento de cassação de adversários políticos. O estudante de Ciências Sociais Matheus Ferreira, pré-candidato a deputado estadual, considera que Delúbio, Dirceu e Lula mantêm vivas a qualidade de luta que sempre marcou a história dos partidos de esquerda no Brasil e no mundo.
DEFESA
O advogado Pedro Paulo Medeiros, que faz a defesa de Delúbio Soares, explica que o ex-dirigente petista foi condenado pela Teoria do Domínio do fato na Ação 470, ou julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e foi novamente condenado pela mesma teoria pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Criminal de Curitiba TRF4 (Tribunal Federal da Quarta Região..
A acusação é que Delúbio Soares esteve presente numa sala de reuniões em 2004, onde supostamente teria dito ao dono do banco Schain, Sandro Tordin, que o PT precisava de dinheiro, de R$ 12 milhões, mas como o partido não tinha crédito suficiente, o empresário José Carlos Bumlai teria assumido o empréstimo.
Nas suas oitivas à Justiç,a, o dono do banco Schain, Sandro Tordin, em sua oitiva foi categórico ao dizer que Delúbio nunca solicitou o referido empréstimo seja para o PT ou para Bumlai. Em seus depoimentos, Ronan Maria Pinto , que também é envolvido no caso, declarou que não conhecia o ex-dirigente petista.
Pedro Paulo de Mendeiros observa que na sua sentença, o juiz Sérgio Moro, disse que Delúbio tinha que ser condenado por prática similiar à do Mensalão. Nos argumentos do TRF-4 a tese é de que o sentenciado deveria saber do ocorrido, e como sabendo não evitou que ocorresse, anuiu com a sua ocorrência, e por isto aplicou-se a Teoria do Domínio do Fato. “Nos julgamentos da Lava Jato, os operadores do Direito invertem o ônus da prova e ao contrário do pressuposto constitucional da presunção da inocência, declaram presunção de culpa”, registra. O TRF-4 deve analisar os embargos finais da defesa nesta semana, e o ex-tesoureiro pode voltar a cumprir pena em regime fechado.
Delúbio Soares de Castro é um dos fundadores do PT em Goiás e no Brasil e nas campanhas de 1989, 1998 e 2002 foi o tesoureiro das campanhas de Lula à presidência. Um dos fundadores nacionais e estaduais da CUT , do Sintego e da CNTE.
Nos julgamentos da Lava Jato, os operadores do Direito invertem o ônus da prova e ao contrário do pressuposto constitucional da presunção da inocência, declaram presunção de culpa”
Pedro Paulo de Mendeiros